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Revista Leituras Cristãs

Conteúdo cristão para edificação

A família segundo o planos de Deus

A FAMÍLIA SEGUNDO O PLANO DE DEUS

 

8 - JÓ E SUA FAMÍLIA

 Jó provavelmente pertencia a um povo cuja linhagem era aparentada com os edomitas. Impressiona-nos, quando lemos a sua história, o vasto conhecimento que ele tinha de Deus; o mesmo pode-se dizer dos amigos, que são citados pelo nome e também procediam de povos pagãos. Observemos que testemunho Deus dá de Jó, inclusive a Satanás: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1:8).

Satanás, o acusador dos irmãos (veja Apocalipse 12:10), havia observado Jó bem de perto. E ele também tinha uma explicação para a conduta irrepreensível desse justo, mas que era ao mesmo tempo uma acusação. Segundo Satanás, Jó se comportava daquela maneira somente porque a sua situação privilegiada lhe era favorável. Em outras palavras, a motivação para Jó temer a Deus era egoísta. Ele afirmou que Jó se afastaria de Deus, se todas as suas posses lhe fossem tiradas. Deus então permitiu a Satanás tocar em tudo que Jó possuía, inclusive em sua família. Conseqüentemente, os sabeus invadiram o país, tomaram os bois de Jó e mataram os criados que os guardavam. Além disso, caiu fogo do céu e consumiu as suas ovelhas e os pastores que as vigiavam. Em seguida, vieram os caldeus e tomaram os camelos, matando os criados que cuidavam deles. Por fim, um mensageiro veio anunciar que uma tempestade derrubara a casa do filho mais velho, onde os demais irmãos estavam reunidos, matando todos os filhos de Jó.

Contudo, Satanás não alcançou o seu objetivo. Jó declarou: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1:21-22).

Satanás recebeu então permissão para tocar o corpo de Jó, sob a condição de lhe poupar a vida. “Feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça” (2:7). Porém nisso também os seus planos fracassaram. Nenhuma queixa saiu dos lábios de Jó. Os amigos vieram consolá-lo. Vinte oito capítulos relatam-nos os diálogos dos quatro homens a respeito do mistério do sofrimento. Depois, nos capítulos de 32 a 37, temos o longo discurso do quarto amigo, Eliú. Os últimos capítulos (38—42) contém as respostas de Deus, dirigidas a Jó e a seus amigos.

Jó e a esposa tinham uma grande família: sete filhos e três filhas. Claramente, no começo deste livro, percebemos que os filhos homens já estavam todos casados, haviam deixado o lar paterno e moravam cada um em sua própria residência. É assim que deve ser, pelo menos é o mais aconselhável. Quando os filhos se casam e continuam vivendo na casa dos pais, ou junto a eles, isso tem lá as suas inconveniências.

As filhas de Jó eram adultas, mas aparentemente ainda eram solteiras e viviam na casa dos pais. Isso é um fato normal e positivo em uma família, até mesmo nos dias de hoje. Nada nos é comunicado sobre a juventude dos filhos nem sobre eventuais problemas de educação, ainda que por certo ocorreram, como é comum. Esses pais também devem ter tido grande satisfação em ver os filhos encontrarem o próprio caminho, embora essa experiência também seja um pouco dolorosa. Um conhecido pedagogo disse certa vez que o alvo da educação é encaminhar o educando para o ponto em que este não precisa mais do educador. Estou de acordo, apesar de isso não ser totalmente verdadeiro.

Os pais jamais se tornam totalmente desnecessários. Sempre se preocuparão com os filhos, com interesse e oração. Claro que esse interesse nunca deve descambar para a mania de intromissão em tudo — o que às vezes parece difícil, sobretudo para as mães. (Prova disso são os inúmeros gracejos que se fazem sobre as sogras.)

Os filhos de Jó reuniam-se regularmente para festas que aconteciam alternadamente em uma de suas casas. Os laços familiares permaneceram, mesmo depois do casamento dos filhos. É uma bênção quando isso acontece — pois nem sempre é o caso. Mas parece que os pais não compareciam às festas. Não teriam sido convidados? Será que os filhos preferiam reunir-se apenas “entre si”? Sentiam-se mais livres assim? Teríamos aqui sintomas do “conflito de gerações”? A expressão é moderna, mas o fenômeno é tão antigo quanto o mundo. Sempre houve gerações!

Muitos pais reagem mal quando percebem que os filhos se tornam independentes. Têm dificuldades em assimilar esse fato. Conheço casos em que os pais persistiam em ler a correspondência dos filhos. É grave, porém muito comum, pais que demonstram desconfiança injustificada perderem a estima dos filhos. E se essa desconfiança persiste mesmo depois do casamento destes, a intromissão é considerada desagradável ingerência. Cada nova geração de crentes tem diante de si o desafio de buscar, de forma independente, a solução para os problemas de sua família. Para tal, hão de aplicar as imutáveis normas bíblicas, nas quais as gerações anteriores também se basearam. Mas isso não implica a obrigação de seguir o mesmo modelo de conduta em todos os detalhes.

Quem pensa que os critérios de Deus são antigos e podem ser colocados de lado irá necessariamente expor o casamento e a vida familiar ao fracasso. Cada geração deve ler a Palavra de Deus com oração e depois colocar em prática os princípios imutáveis. Sempre se apresentarão novas circunstâncias e problemas para os quais devemos buscar resposta. Não podemos esperar que a nova geração siga rigorosamente e sem questionar o modelo da precedente e tome decisões idênticas. Isso é impossível na esfera social e no mundo dos negócios e também nos problemas da vida familiar. É preciso aceitar que há diferenças de juízo e, resultantes disso, maneiras de agir diferenciadas. Não é necessário que essa realidade cause alienação entre as gerações, embora possa vir a causá-la.

É notável que o conflito de gerações seja justamente evidenciado no último versículo do Antigo Testamento. Mas também se apresenta ali a solução, ao mesmo tempo em que é manifestada a raiz do conflito. Não se trata de juízos ou de opiniões diferentes. O texto refere-se ao abismo que se formou entre os corações. Isso ainda representa grave perigo em nossos dias, não só no âmbito da família, mas também na esfera da igreja.

Nada tenho contra as reuniões de jovens ou conferências que tratam de temas de seu interesse. Contudo, isso não pode desandar ao ponto de se separarem da geração mais velha, “que nada entende dos problemas da gente”. Isso resultaria na perda do respeito e da consideração que Deus deseja tenhamos para com os mais velhos e também na privação de suas experiências. Além do mais, essa afirmação superficial nem sempre é verdadeira. Os “mais velhos”, em sua época, passaram pela mesma crise. De modo que, também nesse aspecto, “nada há, pois, novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1:9).

Também não me oponho quando cristãos mais experientes advertem dos perigos do espírito da época moderna, ao qual os jovens estão particularmente expostos e por causa do qual alguns, infelizmente, se distanciaram do caminho. Mas isso também não pode desandar em áspera e generalizada condenação a todas as suas atividades, classificando-as como “carnais”. Tal generalização tampouco é verdadeira — especialmente no que diz respeito ao empenho dos jovens no campo evangelístico, pois nos agrada pensar que é o amor por Cristo que os impulsiona a trabalhar.

A prudência e a ponderação dos mais velhos e o entusiasmo dos mais jovens são qualidades que devem andar juntas. Isso resultará, no serviço para Deus, em equilíbrio saudável e em unidade de pensamento. Em Malaquias 4:5-6, lemos que Deus enviou o Seu profeta a curar as gerações do abismo que se formou entre elas: “Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais”. Quando, por meio da obra divina realizada pelo ministério do profeta, os corações são levados à unidade, as demais diferenças também podem ser aplainadas. Para isso, Deus não começa operando no coração dos filhos, mas no dos pais. Não teríamos aqui a solução para os inúmeros problemas no círculo familiar e na parentela? Quando enfatizamos somente os erros, propagando-os e atribuindo-os ao outro com parcialidade, conseguimos apenas distanciar ainda mais os corações. E, o que ainda é mais grave, distanciam-se também do Senhor. Mas, pela operação da Palavra e do Espírito de Deus, os corações serão conduzidos ao Senhor e, por conseguinte, uns aos outros. Somente então será possível resolver as dificuldades, com o sentimento de graça e de amor.

Jó e a esposa não impunham a sua presença nas festas dos filhos, evitavam o pretexto de exercer boa influência e prevenir eventuais “desencaminhamentos”. Tampouco se sentiam frustrados ou irritados por não comparecer. Ao contrário: “Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente” (Jó 1:5).

Hoje, os pais não podem fazer exatamente o que Jó fazia, visto que não existe mais a prática dos holocaustos. Porém nós, os pais de hoje, podemos aprender muito com a atitude de Jó. À semelhança do patriarca e de sua esposa, devemos aceitar o fato de que os filhos, quando se casam, deixam a casa paterna e, juntamente com o cônjuge, formam uma nova unidade, independente, assumindo responsabilidades próprias. Mas nem por isso os pais se tornam inúteis, como se não lhes restasse mais nada a fazer. Sempre persistirá uma obrigação: seguir com amoroso cuidado a evolução da nova família e às vezes assisti-la no que for possível. Quando os pais constatam certos problemas ou quando estes confiam a eles suas dificuldades, poderão sempre recorrer à oração. Tiago recomenda: “Orai uns pelos outros [...] Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5:16). E aponta-nos para a oração de Elias; uma oração que homem nenhum ouviu. Contudo, subiu até ao céu e influenciou os acontecimentos sobre a terra. A intercessão de Jó foi sem dúvida de grande valor para a sua família. É uma atividade, um privilégio ainda hoje reservado aos pais cristãos. Constantemente. Conforme o exemplo de Jó.

Como Jó e sua esposa reagiram diante do indizível sofrimento que repentinamente sobreveio a eles? No início deste estudo, fiz uma enumeração desses episódios. Leiamos mais uma vez os capítulos 1 e 2 do livro de Jó. Profundamente afligido, ele “lançou-se em terra” (v. 20). Contudo, não se rebelou contra Deus. Reconheceu que tudo que possuíam era um dom de Deus, era mera graça: “O Senhor o deu”. Mas acrescentou: “... e o Senhor o tomou”. Poderia ter atribuído a causa da morte dos filhos aos fenômenos da natureza. Poderia ter acusado, e com razão, os sabeus e os caldeus de assassinato e roubo. Mas então não haveria restado em seu coração mais que dor e amargura. Não teria visto a mão de Deus nos sofrimentos. Nem teria podido acrescentar: “O Senhor o tomou”. E jamais teria chegado à terceira afirmação: “Bendito seja o nome do Senhor!”. Sua vida de fé atinge um ponto culminante no momento de seu sofrimento mais profundo no capítulo 19: “Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus” (v. 25-26).

Escutamos essa declaração com assombro e admiração. Constatamos quão distantes estamos dos crentes do passado quando atravessamos algum período de prova em nossa vida de fé! Contudo, não queremos admirar esse homem, e sim a graça de Deus que produziu tal fé no coração de um de Seus filhos. E esse Deus até agora não mudou em Sua graça para com os Seus.

Conheci um pai que perdeu o filho mais velho na guerra. O jovem fora trabalhar e um povoado na Holanda no qual as tropas de ocupação, por represália, aprisionaram todos os homens que puderam encontrar e levaram-nos para a Alemanha. O filho dele estava entre os cativos. Nenhum deles voltou, tampouco o jovem. Meses mais tarde, os pais receberam a notificação de que seu filho havia morrido de “pneumonia”. Um amigo tentou consolar aquele pai, dizendo que, apesar de tudo, o Senhor o havia permitido. Aquele homem respondeu: “Esse pensamento não me consola nem um pouco. Não posso compreender. Mas sei que Deus quis acolher dessa maneira o meu filho à Sua casa ”.

Jamais esqueci essas palavras. Elas me fazem pensar no que disse Jó: “O Senhor o tomou”. Que bênção também para nós, no caminho de sofrimento, reconhecer a mão do Senhor e esquecer a dos homens!

Podemos supor que, até esse momento, a mulher de Jó estivera fielmente do lado dele e que compartilhavam tanto as alegrias quanto as tristezas. Pelo menos é assim que deveria ser. Marido e esposa, na ocasião do casamento, não fizeram a solene promessa de se amarem e, em fidelidade mútua, assistirem um ao outro tanto nos dias bons quanto nos maus, até que a morte os separe? É certo que nem Jó nem a esposa ouviram ou assinaram esses consagrados votos de casamento. Mas não tem sido essa, desde sempre, a intenção de Deus ao unir marido e esposa pelo laço do matrimônio? Quão facilmente isso é esquecido quando chegam os “dias maus”! Até mesmo os dias de bem-estar material podem ser “maus”, tal como os períodos de sofrimento e decepção. Quantas vezes vemos um dos cônjuges abandonar a fidelidade prometida. E isso leva à alienação do cônjuge culpado e, freqüentemente, ao divórcio. Contudo, essa jamais foi a intenção de Deus. Ele aborrece o divórcio.

Não tenho motivo algum para supor que Jó e a esposa chegaram a esse ponto. Mas fica claro que houve um princípio de esfriamento entre Jó os dois. Ela estava saturada de tudo aquilo. Havia perdido a confiança em Deus e aconselhou o marido a fazer o mesmo, com palavras de censura: “Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2:9). Que difícil deve ter sido para esse homem tão provado perder o apoio da esposa em tais circunstâncias! Contudo, inclusive nessa prova, ele não cedeu. Rejeitou resolutamente as palavras dela.

Alguém observou que ele não chamou a mulher de louca, mas disse: “Falas como qualquer doida” (2:10). Eis uma amostra de sua paciência. A expressão “paciência de Jó” (Tiago 5:11) foi incorporada ao nosso vocabulário e recorda-nos o que caracterizava esse homem. Ele disse à mulher: “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?”. Note que ele não disse “[eu] recebi”, e sim “[nós] temos recebido”. Na verdade, uma exortação à esposa, para que não se distanciasse dele.

Essas palavras também encerram uma grande instrução para nós. Estamos sempre dispostos a receber, com gratidão, o bem como proveniente de Deus. Mas temos a tendência de buscar outras causas para o mal. Um médico fez o seguinte desabafo a respeito de seus pacientes cristãos: “Quando você se empenha e é bem sucedido em recuperar o paciente, dizem: ‘Foi Deus quem me curou’. Se, apesar do esforço, você não têm sucesso, ousam dizer que o médico não fez o diagnóstico correto ou não receitou o remédio adequado. Essa classe de pessoas nunca nos tem consideração alguma”. Posso entender um pouco a argumentação desse médico.

Devemos ser prudentes com nossos pensamentos e palavras. O crente que vive segundo o espírito de Jó não chegará a fazer tais declarações.

Não lemos nada mais, na continuação, sobre a mulher de Jó. Satanás também, que tomara a palavra duas vezes, desaparece de cena. Contudo, o sofrimento de Jó continua.

Então, apareceram os amigos para consolá-lo. Mas os longos discursos demonstram que o consolo não logrou êxito. Os amigos partiram do princípio da majestade, da soberania e da justiça absolutas de Deus. No tocante a esses temas, demonstraram entendimento e expressaram idéias corretas. Equivocaram-se, no entanto, ao basear os seus argumentos no princípio de que o sofrimento humano consistia na justa retribuição divina ao pecado cometido.

Jó defendeu impassível e fervorosamente a sua condição de justo e continuou lutando contra um problema que não podia resolver por si mesmo. As suas respostas foram se tornando cada vez mais veementes, chegando a empregar palavras que não se podia aprovar. Mas as palavras dos amigos também foram se tornando cada vez mais duras. Acusaram Jó de hipocrisia e afirmaram que ele praticara ocultamente algum mal. Por fim, até mesmo afirmaram que ele havia pecado publicamente.

Partindo de falsos princípios e aplicando sem amor o que consideravam verdade, vieram a ser para Jó mais acusadores que consoladores. Era um diálogo entre surdos, e assim não lhes foi possível resolver o problema. Foi então que um amigo mais jovem, Eliú, tomou a palavra. Dirigindo-se tanto aos amigos de Jó quanto ao próprio patriarca, disse coisas dignas de consideração. Mas não chegou a refutar radicalmente os argumentos deles. Nem apresentou a solução cabal para o problema de Jó, tampouco uma resposta inteiramente satisfatória às suas perguntas.

Por fim, o próprio Deus tomou a palavra. A Jó, fez-lhe entender a Sua grandeza e majestade e a nulidade do patriarca. Convinha a ele, frívola criatura, criticar o Todo-Poderoso, acusando-O de suposta injustiça? Jó então se retrata. Ele não tem como responder a tais questões. Suas últimas palavras são: “Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia […] Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42:3-6).

Deus também falou aos amigos de Jó e dirigiu-lhes severas palavras. Eles haviam acusado Jó injustamente e, pior ainda, se referido a Deus de maneira inconveniente. Por isso tiveram de oferecer um holocausto e foram obrigados a pedir a Jó que orasse por eles. Deus aceitou a oração, de modo que não foram castigados pelo seu comportamento pecaminoso. Assim, Deus atingiu o Seu propósito para com Jó e agora podia reverter o estado dele. Também os amigos haviam aprendido a lição.

Todos, em nossa vida familiar, deparamos com o problema do sofrimento. Há alguns anos, a minha esposa e eu, juntamente com um casal de filhos nossos, assistimos ao enterro de um dos filhos deles. Um bom garoto de treze anos, com um futuro promissor, que já demonstrara amar o seu Salvador, fora subitamente tirado do meio deles. Circulando de bicicleta, fora atropelado por um ônibus que realizara uma manobra imprudente, morrendo na hora. O golpe foi terrível para os pais, para os irmãos e para nós, os avós. Penso que mais de um leitor já passou por circunstância semelhante. Às vezes, então, levanta-se a pergunta: “Por que isso tinha de acontecer?”. É nesse momento que Satanás atira as suas flechas, com o propósito de semear em nosso coração incredulidade e dúvidas no tocante ao amor de Deus.

Os nossos filhos ficaram profundamente entristecidos. O sofrimento era difícil de aceitar, mas eles não se rebelaram. Tampouco sentiram rancor contra o motorista que provocara o acidente. Pela graça de Deus, puderam ver a mão do Senhor no que lhes havia acontecido. Na folhinha de seu calendário devocional, exatamente naquele dia, havia o seguinte versículo: “O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois” (João 13:7). Essas palavras foram as que mais nos consolaram. Quem nelas crê também está habilitado a atestar a sua realidade.

Em casos assim, não devemos perguntar o porquê nem nos esforçar para encontrar uma causa em nós mesmos ou nos outros — isso produzirá muito mais rebelião do que paz. Importa mais tentar descobrir o que o Senhor deseja nos ensinar por meio dessas circunstâncias. Não seria “por quê?”, mas “para quê?”.

Uma das razões dessa prova logo nos foi dada. Pouco tempo depois, ocorreu um acidente semelhante na vizinhança. Os pais estavam desesperados e inconsoláveis. Foi então que os nossos filhos tinham palavras apropriadas para confortá-los com a consolação com que eles mesmos foram consolados por Deus (2 Coríntios 1:4). No caso de Jó, a Palavra de Deus apresenta uma das lições que Jó teve de aprender em seu difícil caminho de sofrimento: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28). Por isso, quando deparamos com um caminho de sofrimento ou de disciplina, mesmo em nossa família, devemos sempre buscar enxergar a mão amorosa do Senhor. Isso nos guardará de passarmos por ela de modo insensível — deixando de aprender alguma lição que ela nos tem a dar. Tampouco devemos nos deixar abater, mas aproveitar o momento para nos exercitarmos espiritualmente: “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hebreus 12:11). A verdade dessas palavras está confirmada na história de Jó.

 

Questões referentes à família nº 8

1) O que aprendemos sobre a atividade de Satanás na história de Jó? Procure outros versículos na Bíblia que falem da atividade de Satanás.

2) O que podemos aprender das atitudes de Jó como pai?

3) Em que aspecto Jó perdeu o apoio da esposa?

4) Procure no Novo Testamento outros versículos que tratem do propósito do sofrimento.

(Continua)

H. Wilts

 

A Bíblia em resumo


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