Revista Leituras Cristãs
Conteúdo cristão para edificação
A segurança da Salvação
A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
A verdade concernente à segurança de nossa salvação é vital.
Primeiramente porque esta faz parte da obra de Cristo; e, a seguir, por afetar o bem-estar dos filhos de Deus. Muitos crentes vivem na dúvida e na ansiedade, temerosos de dar algum passo em falso. Foram ensinados que poderiam perder sua salvação. Desejo auxiliar tais crentes a entenderem, pela Palavra de Deus, que um crente verdadeiro não pode perder sua salvação. Examinarei alguns versículos frequentemente utilizados para negar a segurança eterna bem como aqueles versículos que, especificamente, nos ensinam sobre a certeza da segurança, e recomendo que o leitor leia este artigo com sua Bíblia aberta à mão.
Um crente verdadeiro não pode perder sua salvação
Primeiramente, devemos entender que toda doutrina da Bíblia gira ao redor da Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Qualquer doutrina não conectada a Ele é deficiente; não passa de um mero artigo de fé desprovido de vitalidade. Portanto, devemos relacionar toda doutrina da Palavra de Deus à Pessoa do Senhor Jesus - inclusive a doutrina da salvação.
Caso nós nos considerarmos ao centro da doutrina da salvação, estaremos envolvidos com nossas limitações, incertezas e derrotas. Mas, se Cristo for a fonte, o objeto e o centro de nossa salvação, experimentaremos segurança, paz e alegria. A Palavra demonstra, claramente, que nossa salvação depende dEle e não de nós próprios.
Passagens-chaves para se ter em mente:
"Por Isso também pode salvar totalmente (lit.: eternamente) os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hebreus 7:25).
"As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz; Eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da Minha mão. Aquilo que Meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar" (João 10:27-29).
Note, particularmente, os seguintes pontos: (1) É Cristo Quem conhece Suas ovelhas, e Ele lhes dá vida eterna; (2) Elas "jamais perecerão." Esta frase pode ser traduzida literalmente do grego como: "de maneira alguma perecerão", ou: "e não se perdem eternamente".
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e Isto não vem de vós, é dom de Deus...” (Efésios 2:5-8).
Este versículo não faz qualquer referência a necessidade de perseverança ou esforço pessoal de nossa parte para à manutenção da salvação que recebemos. Ao contrário, ensina que nossa salvação, de maneira nenhuma, depende de nós; é obra de Deus do começo ao fim. Não é chamada nas Escrituras de "a salvação de Deus?" (Lucas 3:6; Atos 28:28).
"Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).
O crente está "em Cristo Jesus." Esta é sua posição - uma posição tão segura quanto Cristo. Para roubar-nos nossa salvação, alguém teria que, primeiramente, destituir a Pessoa de Cristo no céu!
"Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (João 3:3-7).
Esta passagem, tão bem conhecida, não ensina que devemos nascer de novo várias vezes. A Escritura nunca sugere que um crente possa, após ter experimentado o novo nascimento, tornar a "morrer", e voltar a nascer de novo de modo repetitivo. Esta é uma dedução ilógica e não Bíblica. .
"Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Fl1ho não verá a vida" (João 3:36).
Não existe nenhuma condição para se receber a vida eterna além da fé no Filho de Deus. Observe que esta vida é eterna - a vida comunicada ao crente perdurará por toda a eternidade. Alguns tentam fazer-nos crer que se desobedecermos (demasiadamente) perderemos esta vida eterna. Este versículo, definitivamente, não diz isso! Não o leiamos como se dissesse: "O que desobedece perderá a vida eterna."
"E aos que justificou, a esses também glorificou" (Romanos 8:16-30).
O que poderíamos comentar sobre esta maravilhosa passagem? Como descrever tal preciso resumo do propósito de Deus para com Seus filhos (w. 16-21), Seus santos (v. 27) e Seus chamados (v. 28)?Gentileza notar a expressão citada acima: o crente é visto como se já tivesse sido glorificado. O verbo encontra-se no tempo passado e indica um fato concluído.
Outros versículos sugeridos para seu cuidadoso exame pessoal incluem: João 1:12-13; João 5:24; Atos 10:43; Atos 16:31; 2 Coríntios 5: 17 -18; e Hebreus 10:11-14. Um estudo detalhado destas passagens estabelecerá, acima de qualquer dúvida, que somos salvos pela graça e não por nossos próprios méritos. Não existe a menor sugestão de que nossa sa1vação dependa de nossa perseverança e que, conseqüentemente, possa ser perdida. Tal doutrina ataca o fundamento essencial da obra de Cristo e produz amargura e temor nos corações dos crentes.
A outra face da questão
Por outro lado, é verdade que aqueles que são salvos devem viver como crentes verdadeiros. Jamais deveríamos usar nossa segurança como maneira de justificar a desobediência. A grande característica de um crente verdadeiro é seu desejo real de obedecer à Palavra de Deus.
Faz-se extremamente importante distinguir entre dois grupos: (1) aqueles que fizeram uma "profissão de fé", mas que nunca, realmente, receberam a vida; e (2) aqueles que verdadeiramente nasceram de Deus. Aqueles que abandonam o Evangelho e retomam ao pecado demonstram, claramente, que nunca conheceram o Salvador nem a salvação que Ele concede.
A Bíblia também faz distinção entre um crente verdadeiro que vem a "cair" temporariamente em sua vida espiritual, e o apóstata que nunca chegou a receber a vida eterna. Por exemplo, o apóstolo Pedro negou seu Mestre por três vezes, mas foi, posteriormente, restaurado. Contraste-o com Judas que seguiu o Senhor por três anos, tomando parte nos milagres, etc.
Tornando-se um traidor ele provou que nunca tivera um relacionamento vivo com o Salvador.
Mas, e quanto a alguns daqueles versículos frequentemente utilizados pelos perversores da doutrina da salvação pela graça?
É importar considerar:
Mateus 24:13 - Este capítulo todo relaciona-se diretamente ao remanescente judeu nos últimos dias. Seus eventos ocorrerão após o arrebatamento da igreja. Quando o versículo 13 diz que "aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo" está referindo-se aos eleitos judeus dos versículos 22-31. Este versículo não se refere aos crentes da presente dispensação. Entretanto, se o aplicarmos a eles (o que temos o direito de fazer), ainda assim o versículo não ensina que um crente verdadeiro pode perder sua salvação. Na verdade, somente o crente verdadeiro tem capacidade de permanecer firme até o fim. Tal poder reside no Espírito Santo que habita em todo crente.
1 Coríntios 15:2 Exatamente como Colossenses 1:23 e Hebreus 3:12-14, este versículo contém a conjunção "se". Na Bíblia, o "se" nunca é usado quando o propósito de Deusestá sendo enfocado. Por exemplo, Efésios 1:1-13 não ensina que Deus nos escolheu em Cristo desde antes da fundação do mundo "se" formos fieis até o fim. Deus usa a condicional "se" quando Ele coloca nossa profissão sob teste. Tais "ses" não causam temor ao crente, mas desafiam, unicamente, àqueles que apenas rendem serviço a Deus "da boca para fora".
Deste modo, o apóstolo Paulo usa esta pequenina palavra "se" com os coríntios, com os colossenses e com os hebreus devido a afastamento da verdade em cada um destes casos. Os coríntios haviam se afastado da vida cristã no seu cotidiano, enquanto que os colossenses e os hebreus estavam em perigo de afastarem-se da sã doutrina. Eram eles verdadeiros filhos de Deus ou simples imitadores? Indubitavelmente, haviam exemplares de ambos os grupos. Este" se" coloca sua profissão em teste, mas, certamente, não sugere que um crente verdadeiro possa perder sua salvação.
É óbvio que uma pessoa possuidora de vida divina e cuja posição é "em Cristo" guardará fielmente a palavra do Evangelho. Mas uma pessoa que deixa o caminho do Evangelho e abandona as verdades Bíblicas apenas demonstra que nunca possuiu a vida de Deus.
2 coríntios 13:5 - Os coríntios eram o fruto dos labores de Paulo, mas alguns dentre eles duvidavam de seu ministério e apostolado. Buscavam provas de que Cristo realmente falara através de Paulo (v. 3). Conseqüentemente, ele os exorta a analisarem suas próprias profissões de fé para verificar se estão "na fé," e expressa seu desejo de que eles não se achem "reprovados. " Paulo desejava que os coríntios não fossem reprovados com relação à fé deles, mas que provassem ser crentes verdadeiros - aprovados em seu viver diário e na recepção de seu ministério apostólico.
Gálatas 5:4 - Os gálatas haviam voltado à lei como uma norma de vida. Porque haviam misturado a lei com a graça e judaísmo com cristianismo, Paulo foi obrigado a reprová-los severamente. Haviam professado ter recebido a salvação e o Espírito Santo na base da fé e da graça (Gálatas 3:5), mas, posteriormente, haviam retomado aos "rudimentos fracos e pobres" da lei (4:9) e, daquele modo, à escravidão espiritual.
Expressando seu temor, Paulo os adverte que, retomando à lei como norma de conduta na vida, estavam desprezando o princípio da graça no qual o Evangelho coloca aqueles que creem. Buscando a legalidade, ficariam "destituídos de todos os ganhos advindos de Cristo como se estivessem separados (dEle]" (Gl 5:4, JND). Como "decaídos da graça" privavam-se a si mesmo da alegria e da liberdade espiritual que a graça traz ao crente. Caso persistissem naquele curso, expor-se-iam como meros hipócritas que nunca haviam abraçado o Evangelho da graça de Deus.
2 Pedro 2:1 - "Haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras, até o ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou ... " Esta passagem não diz nada sobre conversão ou regeneração e, de modo algum, descreve os filhos de Deus. Ao contrário, descreve os falsos ensinadores que não possuem vida.
Em que sentido, então, o Senhor "os resgatou"? Devemos entender que o Senhor Jesus possui uma reivindicação dupla sobre todos os homens - como Criador e como Redentor. Embora Ele sempre detenha os direitos de Criador, estes falsos mestres não reconhecem Seus direitos adquiridos como Redentor, e, consequentemente, não se submetem à Sua autoridade. Recusando-se a dar valor ao grande preço que Ele pagou por eles, não aceitam Sua obra concluída na cruz e, por sua perversidade moral e doutrinária, negam Seus direitos como Redentor.
2 Pedro 2:20-22 - Esta passagem não pode ser aplicada às ovelhas de Cristo. Ao invés disso, refere-se àqueles que recebem o Evangelho "na cabeça, mas não no coração" (veja Romanos 2:18-24). Não sendo possuidores da verdadeira vida de Cristo, eles voltam a se emaranhar na imundícia do mundo e toma-se "o seu último estado pior que o primeiro" . Tais pessoas jamais foram ovelhas do Pastor. Sã9 apenas "cães reformados" ou "porcas lavadas" e, mais cedo ou mais tarde, exibirão sua verdadeira natureza. 1 João 2: 19 descreve uma classe similar de pessoas: "Eles saíram de nosso meio, entretanto não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. "
2 Pedro 3:17 - Esta exortação é dirigida aos crentes verdadeiros para que permaneçam firmes em sua profissão de fé e não permitam que sejam "arrastados pelos erros (dos] insubordinados" . Um cristão pode, ser influenciado pelo erro e chegar, até mesmo, a adotá-lo temporariamente, abandonando assim, na prática, a verdade. Ele pode, durante um certo tempo decair de sua posição de "firmeza" aqui na terra; mas sua posição segura em Cristo, nos céus, não depende de sua "própria firmeza", mas sim da grande salvação de Deus.
Conclusão
Querido amigo cristão, não se deixe perturbar por nenhuma das amargas sugestões de que um crente verdadeiro pode perder sua vida em Cristo. Embora seja verdade que um crente pode perder a alegria da vida eterna e até mesmo afastar-se de seu Senhor por algum tempo, nenhuma ovelha de Cristo jamais deixará de ser aquilo que é: uma ovelha de Cristo.
Que estas simples reflexões possam fortalecer sua convicção no tocante à segurança eterna do filho de Deus, e que o amigo possa continuar esperando e trabalhando para seu Senhor com toda paz e confiança.
André Lebrun
Paz com Deus