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Revista Leituras Cristãs

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Aos Pais de Meus Netos - Análise de Famílias da Biblia - Elimeleque e Noemi; Davi; e Itai

“AOS PAIS DE MEUS NETOS” Cartas de um avô aos pais de seus netos – G. C. Willis ANÁLISE DE FAMÍLIAS DA BÍBLIA Elimeleque e Noemi É triste a história de Elimeleque (nome que significa: "meu Deus é Rei"), quando o vemos abandonar os campos de Belém (" casa do pão"), na terra de Israel, indo para Moabe. Triste é, na verdade, ver alguém do povo de Deus, deixar o lugar em que Deus julga, para procurar amparo sob um domínio estranho (Rt 1:1). Contudo o versículo anterior a Rute1: 1, diz: "Naqueles dias não havia rei em Israel e cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos". E parece que Elimeleque, não obstante o seu nome, tenha seguido o costume dos demais, isto é, fazia o que parecia reto aos seus olhos. Chegar ao ponto de um passo tão grave, como deixar a sua pátria, parece nos dizer que não foi a primeira vez, que ele fez o que parecia reto aos seus olhos. Os nome dos seus filhos: Malom (que significa: "grande fraqueza") e Quiliom ("definhar, desvanecer ou esgotar-se"), nos mostram que o fruto dos caminhos próprios acabou trazendo necessidade e preocupação a sua família. Os seus filhos fraquinhos e a fome na terra, deveriam ter sido motivo para que ele ponderasse o seu caminho. Mas não foi. E assim aconteceu que Elimeleque deixou a terra, da qual pelo menos se podia presumir que Deus ali reinasse ou julgasse. Foi para aquela terra em que Balaque outrora reinou e onde o profeta Balaão tentara amaldiçoar a Israel. Um lugar estranho para o portador de um nome que significa: "meu Deus é Rei". A que tipos de lugares não somos nós capazes de ir, quando queremos fazer o que parece reto aos nossos olhos? Elimeleque deveria ter lembrado, que não fazia muito tempo, que as filhas de Moabe foram a causa de uma tremenda queda e uma terrível destruição entre o povo de Deus. Seria coerente esperar que ele hesitasse em levar seus filhos a um lugar em que teriam contato com as filhas de Moabe. Mas quando estamos decididos a fazer o que parece reto aos nossos olhos, então facilmente deixamos de lado os abençoados testemunhos e a advertência da Palavra de Deus. Atrevidamente andamos o caminho de nossa escolha. Resultado: ambos os filhos de Elimeleque escolheram suas esposas dentre as filhas de Moabe. A Lei em Israel era clara: era proibido aos moabitas entrar na terra de Israel, nem mesmo na 10ª geração (Dt 23:3). Mas a Palavra de Deus havia perdido a influência sobre os corações deles. Elimeleque esquecera que Deus era o seu Rei. A sua única cogitação era, fazer o que parecia reto aos seus próprios olhos.  Então chegou a morte. Se menosprezamos a Sua "voz mansa e suave", Deus então tem outros meios para nos falar, e então somos obrigados a escutar. Que Deus conceda, meus queridos, que este terrível mensageiro (a morte) não se faça necessário para que ouçamos a voz do Onipotente. Elimeleque e seus dois filhos foram tomados pelo rei dos terrores, e Noemi ficou sozinha, de coração quebrantado. Ela contudo, não ficou só, porque ficaram com ela suas duas noras. Não se sabe ao certo quanto tempo elas haviam vivido juntas. Certamente alguns anos, pois a família já estava em Moabe, ao menos por dez anos. O que sabemos é que durante esses anos elas aprenderam a estimar sua sogra, que era uma estrangeira na terra delas. Sua conduta singela e virtuosa havia conquistado os corações das noras (1 Pe 3: 1). Quando Noemi sai de Moabe, para voltar à sua terra, as duas jovens viúvas a acompanham. Que amável recompensa para uma vida correta! Deus não é injusto para esquecer tal conduta, mesmo que em terra alheia. Tampouco Deus se desvia de alguém que chega a Ele em fé, mesmo que seja uma moabita. Vocês conhecem tão bem como eu a história de Rute, assim que não preciso contá-Ia, por mais que eu goste dela. Eu gostaria de, pelo menos, mencionar a nobre .resposta que Rute deu à sua sogra, quando esta lhe pediu que retomasse ao seu povo e aos seus deuses como o fizera arfa. 6h Noemi, como você pode dizer tais palavras! Como você pode tentar, e você se esforçou, mandar embora a alguém que estava disposta a lhe seguir para a terra onde reina o Deus verdadeiro! Mas Rute não se deixou intimidar. Os laços de amor que a ligavam com a sogra eram fortes demais. Muitos corações têm sido tocados pela sua magnífica resposta: "Não e instes para que te deixe, e me afaste de ao pé de ti. Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que eu pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada; faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti!" Magníficas palavras! Uma rica recompensa por uma vida correta, o resultado de uma "conduta decente". Como deve jubilar o Espírito de Deus ao nos transmitir uma frase tão bela. Da boca de uma pagã! Que conforto para o coração de Noemi! como deve ter vibrado este coração abatido, ao ouvir essas palavras: "O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus". Pelo que parece, até então não houve essa decisão no coração de Rute, mas agora os deuses moabitas ficariam para sempre atrás, e o Deus de Israel seria até ao fim o Deus dela. Quanto esta história conforta os corações de pais, que com tristeza presenciam o namoro do filho ou da filha, com alguém, de quem eles sabem, com certeza, que não será o cônjuge apropriado. Quão incapazes e indefesos estão os pais numa situação destas. Deus é, então, o nosso único refúgio. Que consolo e que benefício, poder apresentar a Deus toda esta situação, em oração. Isso tem aplicação também quando o passo errado do filho, é resultante da falha e do pecado dos pais. Que consolo, poder abrir as páginas da Escritura, e ler uma história como essa, e apropriar-se do conteúdo dela. Veja nessa história, como o nosso misericordioso, amoroso, sempre longânimo e poderoso Deus, mais uma vez fez redundar a falha de Elimeleque em Sua glorificação, digo, na glorificação de Deus. Mais uma vez Ele fez sair comida do comedor e doçura do forte (Jz 14:14). Realmente, em casos como este, da nossa· história, a consciência pode nos acusar fortemente. A conseqüência serão amargas preocupações. Noemi, já de idade, pede que seu nome ("a amável") seja mudado para Mara ("amargura"). Será que numa situação assim há algum socorro? Sim. A história de Rute representa, para pais abatidos, tanto confiança, quanto esperança. A graça coroa o desfecho da história. A graça dá a essa jovem viúva um outro marido: Boaz ("força"), em lugar de Malom ("grande fraqueza"). Um marido cuja mãe também era uma pagã. Este, como nenhum outro, sabia compreender e penetrar os mais íntimos pensamentos do coração dela. Foi esta mesma graça que concede um filho àquela que, até pouco antes, era pobre e não tivera filhos. É ainda a mesma graça que consola o coração triste e amargurado de Noemi. Esse filho de Rute viria a ser o avô de Davi, este que talvez tenha sido o mais brilhante ornamento da história judaica, até aparecer "o grande filho de Davi" - o Cristo.   Davi Os primeiros indícios de que na vida familiar de Davi alguma coisa estivesse errada talvez fosse o possuir ele diversas mulheres. Conforme vocês.devem lembrar, Davi comprara sua primeira mulher, Mical, filha de Saul, pela vida de duzentos inimigos do rei. Em I Sm 25 lê-se, contudo, que Davi tomou como primeira mulher a Abigail, a viúva de Nabal, o carmelita, da família de Calebe, e depois Ainoã de Jezreel.  Ora, Deus havia sido explícito na Sua palavra, quando disse que o rei que Ele escolhesse não deveria multiplicar para si mulheres, para que o seu coração se não desviasse (veja Dt 17:15,17). Davi sabia muito bem que Deus o havia escolhido para ser Rei. Samuel o tinha ungido, quando era ainda moço. Mas em desobediência premeditada contra o expresso mandamento de Deus, que se aplicada especialmente a Ele, Davi começou a multiplicar para si mulheres. O nome do terceiro filho de Davi, Absalão, significa "Pai da Paz". Este nome dá a entender o quanto Davi, depois de longos anos de exaustiva guerra e de fuga, suspira por paz. Mas, vejamos quem era a mãe de Absalão: Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur. Isso era grave. Como se não bastasse que Davi multiplicava para si as mulheres, Ele vai até aos povos pagãos, à procura de mulheres de procedência nobre. Também isso é uma desobediência explícita e uma transgressão do reiterado mandamento de Deus, que previa que um israelita não devia unir-se a uma filha dos povos pagãos adjacentes a Israel. Como poderia Davi esperar que de uma união dessa ordem resultasse alguma bênção? De pouco aproveitava dar ao filho desta mulher um nome cujo significado fosse bonito, se o filho provinha de um matrimônio firmado sob premeditada desobediência à Palavra de Deus. Esse nome não eliminou os resultados de um erro cometido. Absalão era um homem extraordinariamente belo: "Não havia porém em todo o Israel homem tão belo e tão aprazível como Absalão; desde a planta do pé até à cabeça não havia nele defeito algum" (11 Sm 14:25). É fácil imaginar que este elogio (Pai da Paz) não tenha tido um bom efeito sobe o jovem tão belo. Em I Rs 1 :6 lê-se a respeito de Adonias, o Filho de Hagite e que nascera depois de Absalão. A Palavra de Deus registra algo lamentável, a respeito da disciplina dispensada a este filho: "E nunca seu pai o tinha contrariado, dizendo: Por que fizeste assim?" Que comprovante grave da veracidade das palavras que pouco mais tarde um dos meio-irmãos de Adonias, Salomão, escreveu: "O que retém a sua vara aborrece a seu filho, mas o que o ama a seu tempo o castiga!" (Pv 13:24). Quão diferente poderia ter sido a história de Davi, de Salomão e de todos os seus descendentes, se os filhos de Davi tivessem sido castigados sempre que necessário. Também Adonias "era muito belo; Hagite o concebera depois Absalão'" É bem provável que Absalão também não tenha recebido uma educação melhor do que seu irmão imediato. Que quadro triste fornecem esses dois irmãos, que ambos eram muito belos e se desenvolveram sem disciplina! Puderam fazer sua própria vontade e seguir seus próprios caminhos, o que levou a ambos a uma morte precoce e violenta. Em nossos dias, existem muitos pais tolos, que aprovam esse mesmo tipo de "auto-educação" dos filhos. O resultado desse método, que aqui o Espírito Santo nos mostra, deveria ser suficiente para nos advertir contra a adoção desse mesmo método na educação e disciplina dos nossos filhos. É recomendável adotarmos as medidas recomendadas na Bíblia. Mas vejamos mais alguns procedimentos de Davi. Em 2 Sm 11: 1, a palavra diz: "E aconteceu que tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem, enviou Davi a Joabe e a seus servos com ele e a toda a Israel, para que destruíssem os filhos de Amom e cercassem a Rabá; porém, Davi ficou em Jerusalém." Por que Davi ficou em casa, se era o "tempo em que os reis saem"? Era preguiça? Quase parece que sim. Joabe, seus servos e todos de Israel estão lá no campo de batalha, e Davi, o rei, fica ocioso no seu palácio! "O ócio é o princípio de todos os maus costumes." Que contraste entre essa atitude e a de tempos anterior e posterior a ela! A essa altura não é de se admirar que Satanás armasse uma cilada a Davi, na qual ele caiu prontamente. Veja: "E aconteceu à hora da tarde em que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real. .. " Vê-se aqui a sua sensualidade e a sua preguiça. Lá fora, no campo de batalha, estavam Joabe, seus servos e toda a Israel, guerreando as guerras do Rei! "... E viu do terraço a uma mulher que se estava lavando: E era mulher mui formosa à vista." Por que então Davi não desviou dela o seu olhar? Por haver já cedido ao seu desejo, e por isso aquela consciência, outrora sensível, e de alto valor, tinha sido endurecida. E ele, em vez de desviar o olhar de sobre ela, cobiçou-a, e não se contentou antes de ter conseguido o objeto do seu desejo. Qualquer um de nós, na mesma situação, teria caído igualmente. Muitos dentre nós não são suficientemente cautelosos para manter tenra e pura a sua consciência, desviando rapidamente o olhar quando vêem alguma coisa aprazível ou fascinante. Assim também não temos o direito de condenar a Davi. A continuação da lamentável história de Davi, tanto suas mentiras, quanto o homicídio que cometeu, poderia bem ser a biografia do escritor desta brochura, ou a do leitor, se Deus nos não houvesse guardado na Sua graça. Vemos ao mesmo tempo que até um pecador desta ordem recebe perdão, quando da confissão de um coração quebrantado: "Pequei contra o Senhor! "A resposta de Deus foi: "Também o Senhor traspassou o teu pecado." Acontece contudo que uma sementeira dessa espécie produz o fruto correspondente. Essa verdade vemos confirmada, quando reparamos nas tribulações que sobrevieram a Davi. A criança, que era o fruto daquele adultério, morre, e Davi se humilha debaixo dos açoites da disciplina de Deus. Mas as atitudes de Davi teriam mais outras conseqüências: o que Davi fizera com Bateseba, mulher de Urias, agora Amom, seu filho primogênito, o faz com Tamar, a bela filha de Davi. Quanta tristeza nesta história! Não é de se admirar que Davi ficasse muito irado, quando ouviu tal notícia (11 Sm 13:21). Mas será que Davi conscientizou-se de que ele mesmo dera o exemplo que levou seu filho a cometer este erro tão grave de que Davi tanto se irava, e que era tão humilhante para ele? Apesar de tudo isso as conseqüências dos seus atos ainda não estão no fim: Tamar era irmã de Absalão. Este, tanto se encheu de ódio contra Amom, por causa do ato praticado contra Tamar, que não descansou antes de tê-lo morto. Davi, assim, continua colhendo dissabores de uma sementeira que tinha feito há anos. Absalão, para escapar do castigo, fugiu para Talmai, o rei de Gesur, que era seu avô por parte de mãe, e que o acolheu. Ali ele pensava estar seguro do castigo, que segundo a lei de Deus, devê-lo-ia ter alcançado. Vocês conhecem a triste história do seu exílio temporário, e do seu retorno, quando foi recebido pelo seu pai outrora irado, sem que se ouça uma palavra sequer, que deixe transparecer um sentimento de culpa, ou arrependimento, como no caso do filho pródigo: "Pai, pequei contra o céu e perante ti, já não sou digno de ser chamado teu filho." Como continuação dos seus maus atos, Absalão procura ganhar a simpatia dos homens de Israel (veja II Sm 15:6). Absalão planeja uma conspiração contra o rei; quando esta atinge o seu ponto culminante, ele manda trazer a Aitofel, o gilonita (v.12). "E era o conselho de Aitofel, que aconselhava naqueles dias, como se a palavra de Deus se consultara (II Sm 16:23). Como era possível um tal atrevimento por parte de Absalão, de mandar trazer o conselheiro confidente de Davi? Também foi um fruto de uma sementeira má. Parece-me que Aitofel era o avô de Bateseba; é fácil entender que ele nunca perdoará a Davi aquilo que fez à sua neta. (Compare II Sm 11:3 e 23:34). Contudo, esse quadro lamentável e sombrio cede alternadamente o lugar a um quadro luminoso, quando, por exemplo, vemos a devoção de um Itaí, de Gate e de outros mais, velhos e novos, procedentes de Israel e também de outros povos, pois todos eram fiéis adeptos e súditos de um rei rejeitado, como o foi Davi. O quadro, como um todo, ou de um modo geral, fica cada vez mais tenebroso, até a ponto de encontrarmos o nobre rei Davi, martirizado pelo desgosto, chorando a morte de seu filho Absalão. É uma das cenas mais tristes, que  Deus, na sua sabedoria, nos comunica na Sua Palavra. Não posso imaginar um grito mais triste do que o de Davi a respeito de Seu filho: "Meu filho Absalão! meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão meu filho, meu filho!" Só pais podem entender as profundezas da aflição e da dor contidas nesses gritos. Quando da morte da filha de Bateseba, Davi esteve bem diferente (lI Sm 12). Naquela ocasião Davi pôde dizer: "Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim". Davi sabia muito bem que a separação entre ele e seu filho Absalão era de caráter eterno. Nada é tão triste, quanto morrer sem a esperança da vida eterna. A morte, o rei dos terrores, e depois disso o invariável juízo, cuja sentença é o castigo eterno! Que nenhum pai ou mãe tenha de sofrer a tortura de uma separação tão lacerante! Apesar de todos os acontecimentos lamentáveis que já temos visto na família de Davi, ainda resta mais: Quando Natã, o profeta, veio a Davi, depois que este havia cometido aquele terrível pecado, e contou-lhe a história do rico que tomou a única cordeira do seu vizinho pobre, Davi, na sua indignação, condenou o rico a ter de restituir o quadruplicado pela cordeira (Sm 12:6). O profeta, naquela ocasião, respondeu a Davi: "Tu és este homem". Ora, Deus permitiu que a sentença que Davi pronunciou naquele tempo contra o "vizinho rico" caísse agora sobre Davi: Até agora foi visto que três "cordeiros" já lhe foram tomados (Amom, Absalão e a filha de Bateseba). Mais tarde, em I Rs 1 e 2 (principalmente 2:24.25), ficou registrada a lamentável morte de Adonias. Com efeito, o "Homem rico" teve de restituir quadruplicado. Isso foi um fruto indizivelmente amargo, cuja sementeira iniciou­-se quando o primeiro passo foi dado no caminho da desobediência à Palavra de Deus. Que Deus nos guarde de caminhos próprios!   Itai Por entre todos os desgostos e dissabores na vida de Davi brilham a fidelidade e o amor de Itai, o geteu. Conforme vocês devem lembrar, Golias, o gigante, era também de Gate. Itai e Golias procedem, portanto, do mesmo lugar. Talvez tenham sido amigos. Pode não ter sido assim, mas gosto de imaginar que Itai tenha se simpatizado por Davi, quando este matou o grande, aquele guerreiro valente, em que Itai, talvez até então, tenha confiado. Mais tarde Davi fugiu de Saul e foi a Aquis, Rei de Gate (veja I Sm 21), levando consigo a espada de Golias. Não é de se admirar que não foi bem recebido pelos filisteus, a ponto de ter de fingir­-se de demente, para não ser morto. Também nessa situação pouco louvável, Itaí teve oportunidade de ver a Davi, seu futuro líder, ou, pelo menos, de ouvir a seu respeito. Parece que no último tempo das peregrinações de Davi, quando da fuga diante de Saul, a sua fé e paciência falharam, visto que mais uma vez fugiu para Gate. Desta vez é acolhido pelo rei, e este lhe dá uma cidade, Ziclague, para morar, com o seu pequeno exército. Aquis chegou a propor a Davi fazê-lo "sua guarda pessoal" para sempre. (Veja I Sm 28:2). Talvez tenha sido durante esse mesmo tempo de desterro e fuga de Davi, que Itai tenha chegado a conhecê-lo, e a estimá-lo. Embora não o saibamos, acho não ser errado admitirmos essa hipótese. Itai tomou tudo quanto tinha, seus filhos, seus servos etc, e passou para Israel, não porque gostasse desta terra, mas porque estimava o rei que era Davi. Não se sabe, por quanto tempo Itai pôde alegrar-se da prosperidade de Israel até que Davi lhe disse: "Ontem vieste...” (2 Sm 15:20). Agora Davi se encontrava em iminência de mais uma fuga, desta vez ameaçado por seu próprio filho, Absalão (Veja 11 Sm 15), e mais uma vez sente o que é ser rejeitado. A maioria do povo estava a favor de Absalão, o subversivo; Itaí, porém, não hesitou um instante sequer a decidir-se ao lado de Davi. Itaí deixa com todos os seus a terra adotiva, para seguir ao rei rejeitado, aonde quer que este vá. Davi perguntou a Itaí: "Por que irias tu também conosco? Volta e fica-te com o rei, porque és estrangeiro e desterrado de sua pátria. Chegaste ontem e já te levaria eu hoje conosco a vaguear, quando eu mesmo não sei para onde vou? Volta, pois, e faze voltar a teus irmãos contigo. E contigo sejam misericórdia e fidelidade." Mas como é comovente a resposta de ltai: "tão certo como vive o Senhor, e como vive o rei meu senhor, no lugar em que estiver o rei meu senhor, seja para morte seja para vida, lá estará também o teu servo." Esse fato lembra a resposta que Rute deu à Noemi. Também Rute era estrangeira. O grande amor que sentia por Noemi tomou conta do seu coração, a ponto de esquecer sua terra natal e seus parentes. Tanto Rute quanto Itai haviam compreendido muito bem o significado das palavras proferidas, mais tarde, pelo Senhor: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz, e vem após mim, não é digno de mim" (Mt 10:37-38). Podemos imaginar quanto não significavam para Davi as palavras de Itai! Não foram muitas palavras com que Davi lhe respondeu: "Vai, e passa adiante." Nada de agradecimentos ou de reconhecimento. Por que será? Acredito que o coração de Davi transbordava de gratidão, a ponto de não poder falar muito; Itaí, no entanto, o entendia. Há situações em, que dois corações reciprocamente se entendem, quando, então, o silêncio é beneficente. Assim Itaí passou para o outro lado, para Israel, com todos os seus servos e filhos com ele. É fácil imaginar que naquela noite não houve nenhum aconchego e nenhum conforto a espera das famílias; porém, expostos à inclemência do tempo, vagueavam nas encostas do Jordão, em cujas águas frias e escuras tiveram de passar em meio à escuridão da noite. Que cena comovente não deve ter sido! Até parece que se ouvem as tenras vozes das crianças perguntando: Pai aonde vai? Itaí talvez tenha respondido: "Estamos seguindo ao rei". Eu, particularmente, acredito que essas palavras, caso ele as tenha dito, devem ter sustentado nos pequeninos uma afeição duradoura para com esse rei. Meus amados, vamos procurar despertar nos corações dos filhinhos o amor ao seu rei. Façamos com que ele seja o alvo das suas inclinações, enquanto ainda forem pequenos! Será que aquelas crianças que acompanha­vam toda aquela multidão que seguia ao rei Davi, através das campinas, no meio das dificuldades, guiados por seus pais, sentiam falta do conforto e do luxo que ficara para trás? Creio que até as crianças já entendiam que valia a pena deixar tudo isso para trás, para seguir após o rei. "Estudos sobre a palavra de Deus” - Hebreus 2

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