Revista Leituras Cristãs

Conteúdo cristão para edificação

"Estudos sobre a palavra de Deus” - Hebreus 7 e 8

“ESTUDOS SOBRE A PALAVRA DE DEUS”

Tradução de “Synopsis of the Books of the Bible – John Nelson Darby

 

EPÍSTOLA AOS HEBREUS – CAPÍTULO 7

A Epístola, voltando ao assunto de Melquizedeque, considera a dignidade da sua pessoa e a importância do seu sacerdócio, porque do sacerdócio, como meio de se aproximar de Deus, dependia todo o sistema.

Melquizedeque, personagem típica e característica, como o emprego do seu nome no Salmo 110 o demostra, era, pois, rei de Salem, quer dizer rei de paz, e, pelo seu nome, rei de justiça. A justiça e a paz caracterizam o seu reino. Mas ele era, primeiro que tudo, sacerdote do Deus Altíssimo. Este nome é o nome de Deus como supremo governador de tudo, possuidor e Senhor, como é dito em Gênesis, dos céus e da Terra. É sob este caráter que Nabucodonosor- poder terrestre humilhado-O reconhece; é assim que Ele Se revela a Abraão, quando Melquizedeque abençoa o patriarca após ter alcançado a vitória sobre os seus inimigos. Tratando-se do caminho da fé, para Abraão, o nome de Deus era o do "Todo-Poderoso"j mas aqui, Abraão, vitorioso sobre os reis da terra, é abençoado por Melquizedeque, pelo rei de Justiça, em conexão com o Deus possuidor e senhor dos céus e da Terra, porém, esse tempo ainda não chegou. Será cumprido no Milênio, em relação preferencial com a parte terrestre. Abraão dá o dizimo a Melquizedeque; mas a realeza não é tudo acerca deste último, porque o Salmo 110 o designa muito claramente como Sacerdote, e gozando de um Sacerdócio durável e não interrompido. Ele não tinha nenhuma parentela sacerdotal, de onde tirasse o seu sacerdócio; como sacerdote, não tem pai nem mãe. Ao contrário dos filhos de Aarão, ele não tem genealogia (comparar Esdras 2:62); não há termo assinalado para o seu sacerdócio, como sucede para os filhos de Aarão (Números 4:3). Ele foi constituído, na forma do seu sacerdócio, semelhante ao Filho de Deus; mas, agora, Este está nos Céus!

O fato de Melquizedeque receber de Abraão o dízimo e de abençoá-lo mostra a elevada e proeminente dignidade deste personagem, aliás, desconhecido e misterioso. O único testemunho que temos dele - sem que pai ou mãe sejam nomeados, sem a intervenção de princípio de vida ou de morte - é que ele vivia! ... A dignidade da sua pessoa era maior do que a de Abraão depositário das promessas; a dignidade do seu sacerdócio era superior à de Aarão, porque Abraão lhe deu o dízimo que, por seu lado, Levi recebe de seus irmãos!

O sacerdócio é, pois, mudado, e, com ele, todo o sistema que dele depende. O Salmo 110, interpretado pela fé em Cristo ­porque a Epistola, escusado será dizê-lo, é dirigida aos Cristãos - é sempre o ponto de partida do raciocínio. A primeira prova de que tudo tinha mudado era, pois, que o Senhor Jesus, o Messias (Sacerdote segundo a ordem de Melquizedeque) vinha, como era evidente, de outra tribo, e não da tribo sacerdotal, a saber, da tribo de Judá. Que Jesus era o Messias bem o acreditavam aqueles a quem a Epistola era dirigida; mas, segundo as Escrituras judaicas, o Messias era tal como é apresentado nesta passagem, e, neste caso, o sacerdócio era mudado, e, com ele, todo o sistema. Ora, esta mudança do sacerdócio não era somente uma conseqüência do fato de o Messias ser da tribo de Judá, e, apesar disso, sacerdote; mas também de haver um outro Sacerdote diferente dos da família de Aarão, um Sacerdote à semelhança de Melquizedeque, que seria Sacerdote, não segundo a lei de um mandamento que já não tinha mais força do que a carne, à qual ele se aplicava, - mas segundo o poder de uma vida imperecível. O testemunho do Salmo positivo:

"Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquizedeque" (Salmo 110:4). Porque há, com efeito, abolição do mandamento que tinha existido precedentemente por causa da sua inutilidade (a lei não conduzia a nenhuma perfeição); e há a introdução de uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.

Que preciosa diferença! Um mandamento feito para o homem pecador, afastado de Deus, é substituído por uma esperança, por uma confiança fundada sobre a graça e sobre a promessa divinas pelas quais podemos entrar na presença de Deus.

A lei, sem dúvida, era boa; mas, com ela, a separação subsistia sempre entre o homem a Deus. A lei nenhuma coisa aperfeiçoou (v.19). Deus é perfeito e exigia a perfeição humana. Tudo devia ser de harmonia com a perfeição divina - perfeição esta exigia do homem. Ora, estando lá o pecado, a lei ficava sem força, a não ser para ordenar. As suas cerimonias e as suas ordenanças não eram senão figuras, ou então um pesado jogo. Mesmo aquilo que aliviava temporariamente a consciência recordava o pecado e não tornava nunca o homem perfeito perante Deus. O homem estava sempre longe de Deus. A graça, pelo contrário, conduz a alma a um Deus conhecido pelo Seu amor e segundo uma justiça é em nosso favor.

O caráter do novo sacerdócio trazia as suas linhas a marca da sua superioridade sobre o sacer­dócio que existia sob o regime da lei - e com o qual todo o sistema da lei caía ou ficava de pé.

A aliança que se ligava ao novo sacerdócio respondia também à superioridade que este mesmo sacerdócio tinha sobre aquele que o tinha procedido.

O sacerdócio de Jesus era estabelecido com juramento, não se dando o mesmo com o de Aarão. O sacerdócio de Aarão passava de uma pessoa a outra, porque a morte punha fim ao seu exercício pelos indivíduos que em tal tinham sido investidos; mas Jesus permanece o mesmo para sempre. Jesus tem um sacerdócio que não se transmite. Assim, Ele salva completa a perfeitamente todos aqueles que se aproximam de Deus por Seu intermédio. Jesus vive sempre interceder por eles (v.20-25). Convinha-nos, portanto, "um tal Sumo sacerdote". Que glorioso pensamento! Chamados para estarmos na presença de Deus, sempre em relação com Ele na glória celeste, para nos aproximarmos d'Ele lá no Céu, aonde cada imundo pode entrar, nós devíamos ter ali um Sumo Sacerdote, ali, cujo acesso nos está aberto {tal como aos judeus no templo terrestre} - e um Sumo Sacerdote tal como a glória e a pureza do Céu o exigiam. Que sublime demonstração do fato de que nós pertencemos ao Céu, e da elevação das nossas relações com Deus! Com efeito, convinha­-nos um tal Sacerdote: Santo, Inocente, Imaculado, separado dos pecadores, e elevado mais alto do que os céus - porque, quanto à nossa posição, nós somos tais, tendo de tratar com Deus - um Sacerdote que não tem necessidade de renovar os sacrifícios, como se algo restasse ainda por fazer, para tirar o pecado, ou como se os pecados pudessem ainda ser imputados aos crentes - porque então ser-lhes-ia impossível permanecer no santuário celeste. Tendo acabado a Sua obra, para tirar o pecado do mundo, o nosso Sumo Sacerdote ofereceu um sacrifício uma vez por todas, quando Se ofereceu a Si mesmo.

A lei estabelecida sumos sacerdotes com as mesmas fraquezas dos homens, porque­ eles próprios eram homens. O juramento de Deus, vindo após a lei, constitui o Filho, quando é consumado para a eternidade, consagrado no Céu a Deus.

Vemos aqui que, embora houvesse analogia e figuras das coisas celestes, a Epístola faz sobressair de preferência o contraste dessas coisas, em vez da sua comparação. Os sacerdotes legais tinham as mesmas fraquezas que os outros homens; Jesus tem um Sacerdócio glorificado, de harmonia com o poder de uma vida imperecível.

A introdução deste novo sacerdócio, exercido no Céu, implica uma mudança nos sacrifícios e na aliança. É o que o escritor inspirado desenvolve aqui, expondo o valor do sacrifício de Cristo e a nova aliança há longo tempo prometida. A conexão direta desta passagem é feita com os sacrifícios, mas o autor discorre um momento para falar das suas alianças, assunto de suprema importância e de imenso alcance para os Judeus cristãos, que tinham estado sob a primeira.

O capítulo que aborda esta questão é simples e claro. Somente os últimos versos exigem algumas observações.

A súmula da doutrina que temos considerado resume-se nisto: Temos um Sumo Sacerdote, assentado no trono da majestade nos Céus, Ministro do Santuário Celestial, que não é feito por mãos humanas. Portanto, uma vez que Ele é Sacerdote, é necessário que tenha algo para oferecer. Quando Jesus estiver na Terra, não será Sacerdote. Havia sacerdotes na Terra, segundo a lei, onde tudo era apenas figuras das coisas celestiais - como tinha sido dito a Moisés, para fazer todas as coisas segundo o modelo que lhe tinha sido indicado na montanha (v.5). Ora, o Ministério de Jesus é mais excelente porque Ele é mediador de uma aliança melhor, já mencionada no capitulo 31 de Jeremias e agora citada aqui ­prova clara e simples de que a primeira não devia durar!

Encontramos aqui novamente o desenvolvimento particular da verdade a que dá lugar o caráter daqueles a quem a Epístola é dirigida.

 

EPÍSTOLA AOS HEBREUS – CAPÍTULO 8

A primeira aliança era feita com Israel; a segunda deve sê-lo com esse mesmo povo, segundo a profecia de Jeremias. Todavia, a Epístola, na passagem que agora estudamos, não menciona o fato de que deve haver uma segunda,. aliança senão com o fim de demostrar que a primeira já não deve durar: A primeira aliança é antiga e deve desaparecer. A passagem refere os termos da nova aliança de que em seguida é feito uso. No que se segue, os serviços pertencentes à primeira aliança são postos em contraste com a obra perfeita sobre a qual o Cristianismo é fundado. Deste modo, são introduzidos o alcance e o valor da obra de Cristo. Embora não exista aqui qualquer dificuldade, é importante estarmos bem elucidados acerca das duas alianças, porque há quem tenha idéias muito vagas acerca deste ponto, e muitas almas, colocando-se a si mes­mas sob alianças, quer dizer, em relação com Deus sob condi­ções em que Ele próprio as não colocou, perdem a sua simpli­cidade, não retendo firmes a graça e a plenitude da obra de Cristo, assim como a posição que Ele adquiriu por meio delas no Céu.

Uma aliança é um princípio de relação com Deus sobre a terra, condições que Deus pôs, mediante as quais o homem deve viver com Ele. Poder-se-ia empregar a palavra "aliança" em sentido figurado, ou por comodidade. Neste caso ela é aplicada aos pormenores das relações de Deus com Israel. O mesmo se deu com Abraão (Génesis 15) e em casos semelhantes, mas, em rigor, não há senão duas alianças pelas quais Deus tem tratado ou tratará com o homem sobre a Terra: a Antiga e a Nova. A antiga foi estabelecida no Sinai; a Nova é feita com as duas casas de Israel (1).

O Evangelho não é uma aliança, mas sim a revelação da salvação de Deus: Ele anuncia a grande salvação! Nós, Cristãos, gozamos de todos os privilégios essenciais da Nova Aliança, tendo Deus por Seu lado, posto o funda­mento dela sobre o sangue de Cristo, - mas é em espírito que dela gozamos, e não segundo a letra.

A Nova Aliança será estabelecida formalmente com Israel no Milênio. Entretanto, a Antiga Aliança é julgada pelo fato de haver uma Nova Aliança.

Notas:

1 Temos também, no fim da Epístola, esta expressão "O sangue da eterna aliança". A palavra" aliança" é empregada, estou certo, assim como a palavra "lei" o é também, porque se serviam dela comumente para exprimir o estado de revelação com Deus; e a palavra" eterno" é característica da Epístola aos Hebreus. Sempre houve e haverá alianças no que é denominado" o tempo" e para a Terra; mas nós, Cristãos, nós temos condições eternas de relação com Deus, das quais o sangue de Cristo é a expressão e a garantia, estando posto o fundamento, em graça eterna, e em justiça do mesmo modo que em graça, por esse sangue precioso em que todo o caráter de Deus e todo o Seu propósito forma magnificados e glorificados, ao mesmo tempo que os nossos pecados foram tirados.

 

'Você deseja progredir?

É o sincero desejo de sua alma progredir na graça e na santificação?

Então cuide para não se ocupar, nem mesmo por apenas uma hora, com coisas que sujem as suas mãos, que pesem sobre a consciência, que entristeçam o Espírito Santo e que tornem impossível a sua comunhão com Deus. Assuma o firme propósito, de todo o seu coração! Não hesite em abrir mão de tudo que é impuro, custe o que custar; qualquer que seja o prejuízo que você tenha que bancar: deixe isso!

Nenhum ganho aqui no mundo, nenhuma vantagem aqui na terra pode compensar o prejuízo da perda de uma consciência pura, de um coração em paz e do gozo de uma comunhão desimpedida com Deus, o Pai e o Filho.'

 

 A restauração de Pedro


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