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Revista Leituras Cristãs

Conteúdo cristão para edificação

Noivado

Decisão Livre ou Predeterminada?

Em relação ao tema “eleição de cônjuge”, gostaria de expressar primeiramente alguns pensamentos acerca de uma opinião, que às vezes se ouve, que “em todo o mundo há apenas um cônjuge que Deus predestinou e atribuiu a nós, e o problema reside somente em encontrá-lo”. Se fosse assim, então o parceiro seria, por assim dizer, “pré-programado”.

Caso se casasse com outra pessoa — seja por falta de conhecimento ou até falta de fé — que grande cadeia de decisões erradas não haveria!

Os planos de Deus com o indivíduo seriam então completamente confundidos, dificilmente haveria então casamentos felizes e abençoados por Deus.

Naturalmente devemos conduzir nossas vidas em concordância com a vontade de Deus. Mas isso não significa que Deus nos comunica, em nossa conversão, um “plano” pormenorizado para nossas vidas, no qual todos os detalhes são predeterminados. Em vez disso, Deus dá luz para cada passo. Em cada decisão, podemos indagar pela “boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).

Se, porém, em algum ponto tivermos tomado uma decisão contra a vontade de Deus, e talvez estejamos sofrendo muito e há muito tempo com as consequências, então, depois de uma confissão diante do Senhor, podemos suportar estas consequências com Ele, e viver de acordo com Sua vontade.

Amor e liberdade andam juntos

O cristão foi libertado da escravidão do pecado, para servir a Deus (Romanos 6:15-23). Para isso, ele recebeu uma nova natureza mediante o novo nascimento, que não faz a vontade de Deus por obrigação, mas voluntariamente e com prazer.

Esta nova natureza e sua voluntariedade se manifesta também em relação ao amor: o crente ama a Deus e os irmãos na fé. Isso também não ocorre de maneira forçada, mas voluntariamente, porque o amor é uma característica da nova natureza (1 João 3:14; 4:7; 4:19; 5:1).

Liberdade de decisão dentro dos limites divinos

Com essa liberdade cristã, que nos foi outorgada, nós os crentes, naturalmente nos movemos somente dentro dos limites estabelecidos por Deus em Sua Palavra. Em relação ao casamento, isto significa que esse “limite”, se podemos dizer assim, é determinado pelos princípios que Deus estabeleceu em Sua Palavra com vistas à escolha do cônjuge.

“Livre para se casar, só no Senhor”

Portanto, dentro desses limites tanto o irmão como a irmã tem a liberdade para decidir conforme uma afeição dada por Deus. O apóstolo Paulo resume esses limites em 1 Coríntios 7:39 com as seguintes palavras: “fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor”. (Apesar de que esse versículo se aplica em primeiro plano às viúvas, podemos aplicá-lo como princípio para qualquer casamento.)

“Contanto [ou somente] que seja no Senhor” exclui, portanto, tudo o que não corresponde aos padrões divinos, mas, por outro lado, dá liberdade para deixar o Senhor lhe mostrar o parceiro dentro destes limites.

O exemplo de Rebeca

Nós também vemos isso claramente em Gênesis 24. O servo de Abraão tinha a firme convicção de que Rebeca era a mulher para seu senhor. Ele tinha orado por clareza, e Deus a tinha dado. E, embora Labão estivesse de acordo, tudo dependia da livre decisão de Rebeca. A donzela precisou ser consultada, e depois de sua voluntária e inequívoca decisão “Irei” (vv. 57-58), ela tornou-se noiva de Isaque.

Naturalmente permanece o fato de que Deus, em última instância, está acima de tudo e aplainou o caminho de forma milagrosa.

Mas agora estamos nos ocupando com o lado da responsabilidade humana. E é muito lindo ver que Eliezer dá tempo para todos os envolvidos, a fim de reconhecer igualmente a direção de Deus nessa questão. Embora Rebeca cumprisse todas as condições prescritas por Abraão, ele estava pronto para retornar sem ela se a família ou ela dissesse não (v. 49).

A liberdade cristã também significa poder dizer NÃO

É necessário, portanto, para um casamento, que ambos os lados cheguem a esta convicção, na liberdade cristã e no exame pessoal diante da face do Senhor.

Por esse motivo, um irmão, ao cortejar uma irmã, nunca deveria confrontá-la com o que para ele é a suposta “vontade de Deus claramente reconhecida”, usando frases como “eu estou firmemente convicto de que é vontade de Deus que você se torne minha esposa”. Com isso, ele pressionaria a irmã, visto que nessa questão ela também deseja agir de acordo com a vontade de Deus. Então, sob tais circunstâncias, ela dificilmente poderia tomar uma decisão livre diante do Senhor.

E se a irmã conhece esse jovem como sendo um irmão sério e sincero, ela pode presumir que anteriormente orou muito tempo por essa causa. Mas, apesar disso, ela não sente afeição (ou talvez tenha outro homem no coração), e então pode, por tais formulações, ser levada a um grande conflito de consciência. (É claro que o irmão deve ter essa convicção para si mesmo, mas ele não deve tentar influenciar com isso a decisão da irmã. A ciência da possibilidade de autoengano e do fato da falibilidade humana, deve tornar todos os jovens muito cautelosos nessa área tão sensível, dando ao partido oposto a oportunidade de tomar uma decisão pessoal perante o Senhor em paz.)

Plena certeza após a decisão

Mas, após uma decisão livre, ambos podem certamente dizer que sua união corresponde inteiramente à vontade de Deus. Deus aprova a decisão feita de acordo com os padrões bíblicos e os abençoa.

Ambos podem aceitar-se mutuamente da mão do Senhor. O irmão agora pode dizer: “Esta é a moça que o Senhor me designou para esposa”. E a irmã também tem plena certeza de ter recebido o marido “certo”. A vontade de Deus se cumpre então em ambos.

Uma decisão para toda a vida

No entanto, essa decisão também é vinculativa para toda a vida. Pois amor sem uma determinação disposta a resistir — mesmo quando surgir alguma tempestade — não é amor verdadeiro.

O verdadeiro amor é sempre vinculativo, o que significa também “compromisso”. Os dois estão agora comprometidos um com o outro, e o belo tempo, cheio de responsabilidades, do noivado começa.

Neste tempo de amor desabrochando, e de crescente união de corações, ambos agora têm a responsabilidade de lançar as bases para o seu futuro casamento, para a “casa da sua vida”.

Gostaria de apresentar ainda alguns pontos:

1.Noivado segundo os ensinamentos bíblicos:

Os noivados mencionados na Bíblia contêm características que, de acordo com os pensamentos de Deus, não estão sujeitas a mudanças com o passar do tempo, nem podem ser completamente suprimidas.

No mundo de hoje, já não se atribui muita importância a um compromisso oficial, e muito menos aos princípios divinos relacionados a ele.

No entanto, segundo os pensamentos de Deus, é absolutamente necessário que ambos também anunciem publicamente sua intenção de seguir o caminho juntos de agora em diante.

Um noivado não é uma “amizade descompromissada”, mas um compromisso, com a promessa de se casar.

Portanto, em um caso normal, o noivado termina numa união matrimonial para a vida toda. Por isso deve se tornar público que ambos não estão mais “livres”.

Com “não estar mais livre” quero dizer que os dois “se prometeram mutuamente” e que nenhum terceiro pode entrar neste relacionamento.

2. O noivado, uma figura do relacionamento de Deus com os Seus:

Duas passagens bíblicas nos mostram especialmente quais princípios divinos estão relacionados com um noivado.

Deus usa a figura do noivado para expressar o Seu relacionamento com o Seu povo terrestre, bem como a relação de Cristo com a Igreja. Com vistas a Israel, lemos em Oséias 2:19-20:

“E desposar-te-ei comigo para sempre” e “desposar-te-ei comigo em fidelidade”.

Para a igreja em Corinto, Paulo diz em 2 Coríntios 11:2:

“porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo”.

Certamente um noivado não tem o mesmo nível de comprometimento como o casamento. É um período de transição em que ambos passam a se conhecer melhor.

Os dois versículos, no entanto, deixam claro que o compromisso de um casal de noivos é, desde o início, um relacionamento com o propósito de longa duração. (O fato de que há casos em que a dissolução de um noivado é perfeitamente justificável ou mesmo aconselhável, não é o assunto deste artigo.)

Portanto, de acordo com o pensamento de Deus, o noivado:

  • deve ser o início de uma união para toda a vida
  • deve ser caracterizado pela fidelidade mútua
  • deve ser um compromisso entre um homem e uma mulher
  • deve ser caracterizado pela pureza (isso significa que duas pessoas se guardam um para o outro, para entrarem no casamento intocados sexualmente).

3. Noivado, o tempo de conhecer-se mutuamente:

Com o noivado público, ambos também deixam claro que eles agora assumem certa responsabilidade um com o outro.

Agora começa o tempo de se conhecerem mutuamente. Passo a passo, faz-se descobertas acerca do caráter e dos hábitos do outro, se conhece seus modos de pensar, descobre-se coisas em comum, mas também diferenças.

E então ambos devem aprender a tratar de forma responsável um com o outro. Já nesse tempo, ambos podem exercitar virtudes tão necessárias para o futuro casamento, como: consideração mútua, compreensão mútua e reciprocidade.

4. Noivado, o tempo de preparação para o casamento:

É um grande engano pensar que o relacionamento vai dar certo “de alguma maneira”, e que o casamento automaticamente irá trazer a grande ventura, porque “afinal nos amamos”.

Os muitos casamentos infelizes e quebrados — que, lamentavelmente também existem entre crentes, onde na melhor das hipóteses se vive um ao lado do outro — revelam de forma cruel como é falsa e tola esta suposição.

Não, um casamento feliz e realizado, uma vida familiar harmônica, um lar que Deus pode abençoar não acontece automaticamente.

Ambos os cônjuges deverão trabalhar a vida inteira nisso, precisam edificar em conjunto a “casa” da sua vida, por assim dizer, “do fundamento ao teto” e zelar, fazer a “manutenção” constantemente.

W. K.

Existem algumas passagens na Palavra de Deus que, de forma muito resumida, nos dão algumas indicações essenciais acerca do tema: escolha de cônjuge/noivado. Desejo salientar Provérbios 30:18-19:

“Estas... coisas me maravilham... o caminho do homem com [ou para] uma virgem”.

Talvez seja útil examinar este versículo por meio de uma ênfase diferenciada em algumas declarações.

I. “o caminho do homem”:

Através de toda a Bíblia fica evidente que a parte masculina de um futuro casal, precisa percorrer um determinado caminho.

Pensemos em Adão, o primeiro homem (Gênesis 2:15-25), que antes do seu casamento precisou:

  1. Trabalhar
    (v. 15; comp. Provérbios 24:27).
  2. Obedecer (v. 16): O Senhor sempre precisa ter o primeiro lugar, se alguém deseja casar-se “no Senhor” (1 Coríntios 7:39).
  3. Mostrar discernimento (vv. 18-20): Adão foi sábio ao dar nomes aos animais. Para nós, a Bíblia, e a ocupação com ela, é uma fonte de sabedoria (2 Timóteo 3:15).

II. “o caminho do homem”:

Já resulta claro a partir da exposição acima, que Deus dá uma mulher a um homem, não uma menina a um menino. Mesmo que entre os incrédulos seja “normal” ter um “amigo”, uma “amiga” adolescente, não encontramos nada disso na Bíblia. Veja também Gênesis 2:24:

“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe”.

III. “O Caminho do [um] homem com [para] uma virgem”:

No plano de Deus, Ele dá a um homem uma determinada mulher. O Senhor Jesus os chama de “os dois” (Marcos 10:7-8). Isso exclui quaisquer “testes, experimentos”.

Para um jovem crente, não deve haver um leviano “andar junto” e depois “terminar”! Quão necessário é realmente dar todos os passos em oração, esperando no Senhor.

IV. “o caminho de um homem com uma virgem”:

Lendo assim, esta é a descrição do tempo de noivado, entre o “irei” e o “trazer para a tenda” (Gênesis 24:58,67), i.e., entre a promessa de casamento e o casamento. É um tempo maravilhoso para aproximar-se um do outro, conhecer-se melhor, especialmente para compartilhar experiências espirituais.

Uma coisa não pode acontecer neste tempo, do ponto de vista bíblico: as relações sexuais que, de acordo com o pensamento de Deus, são reservadas para o casamento. Se os sentimentos que Deus deu ao homem são desperdiçados de maneira ímpia, então haverá posteriormente um insípido vazio.

Por outro lado, nunca poderemos estimar o suficiente a bênção que está sobre o caminho segundo o pensamento de Deus. É “muito maravilhoso”.

M. R.

Depois que comecei a pedir ao Senhor para me mostrar em Seu tempo se, quando e com quem casar, os primeiros versículos do Salmo 37 tornaram-se muito importantes para mim:

  • “Confia no Senhor”
    A confiança fundamental a respeito da remissão de pecados e salvação, eu tenho.

    Mas confio nEle também nos assuntos cotidianos?

  • “e faze o bem”

Que e para quem posso fazer o bem hoje? O Novo Testamento fala tanto de boas obras, que somos responsáveis de fazer (por exemplo, a carta a Tito).

  • “habitarás na terra”

A “terra da Bíblia” = a Palavra de Deus, é o meu lar, para onde sempre retorno, para me alimentar, descansar e abastecer de força?

  • “alimenta-te da verdade (ARA) [ou fidelidade]”

Alegro-me na fidelidade do Senhor, e estou disposto a servir-Lhe fielmente nas pequenas coisas?

  • “Deleita-te também no Senhor”

É Ele a minha alegria?

Esforço-me para conhecê-Lo mais e melhor em Suas belezas, para me alegrar nEle?

  • “e te concederá os desejos do teu coração”

Acaso Ele não prometeu conceder o desejo do meu coração, se eu tiver definido corretamente as prioridades na minha vida e tiver cumprido os pré-requisitos acima mencionados?

  • “Entrega o teu caminho ao Senhor”

Apresento diante do Senhor as súplicas do meu coração, e coloco nas Suas mãos o caminho da minha vida, especialmente nessa importante questão da escolha do cônjuge?

  • “e confia nele”

E se tiver feito isso, então também quero confiar, que Ele é fiel e cumpre Sua palavra, e que irá conduzir tudo da forma que é melhor para mim.

  • “e ele o fará”

E foi exatamente isso que eu pude experimentar e admirar, de que ainda hoje é possível fazer as mesmas experiências como Isaque e Rebeca.

G. E.


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