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Revista Leituras Cristãs

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O Cristão no Mundo...

O Cristão no Mundo...

…ou: algumas perspectivas bíblicas acerca do tema "política"

Neste ano haverá eleições em várias partes do mundo. Também os votos dos cristãos são angariados dos mais diversos lados e com uma variedade de argumentos. Nós não consideramos a nossa tarefa de entrar em detalhes, mas só gostaríamos de apontar para algumas perspectivas bíblicas acerca do tema "política". 

Conta-se do príncipe Leopoldo I de Anhalt-Dessau – o "Velho Dessauano" – que, antes da batalha de Kesselsdorf, durante a Segunda Guerra Silesiana (15/12/1745), fez a seguinte oração publica: "Ó Senhor Deus, seja gracioso comigo, não me deixe ser humilhado em minha idade avançada. Se não queres ajudar-me, não ajude também esses canalhas, e deixe-nos resolver isso nós mesmos".

Talvez riamos disso. Mas que ideias realmente temos da influência de Deus e das pessoas nos acontecimentos políticos? Essas ideias são baseadas na Bíblia? Esta é uma consideração certamente necessária neste ano de eleições. Mas até mesmo algumas declarações do lado cristão – talvez inconscientemente – atribuem a Deus um papel de estadista semelhante ao do "Velho Dessauano"! Além disso, todo crente deveria tomar as eleições como motivação para refletir novamente acerca das suas responsabilidades, que a Palavra de Deus lhe atribui, diante deste mundo e dos seus concidadãos. 

A Problemática

Durante o interrogatório, o Senhor Jesus disse a Pilatos:

"O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos" (Jo 18:36).

Assim, o Seu reino e o mundo se diferenciam claramente em seu caráter e métodos. Evidentemente "mundo" aqui não é o mesmo que "humanidade"; então o que é?

Um pouco mais tarde Pilatos se gloria dos seus poderes. O Senhor os reconhece como legítimos, mas ao mesmo tempo lhe diz:

"Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem" (Jo 19:11),

lembrando-o assim da fonte de toda autoridade e do fato de que o uso arbitrário do poder do governo é pecado. Percebemos aqui princípios extremamente importantes em relação ao tema "autoridade", com os quais devemos nos ocupar mais detalhadamente. 

Pouco depois, este juiz injusto ordena para que seja cometido o assassinato judicial do Senhor, que Ele seja crucificado. Algum tempo depois, Pedro, guiado pelo Espírito Santo, fala acerca desse processo: "Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado; que o Cristo havia de padecer" (At 3:18). A onipotência de Deus permite o abuso de poder humano, sim, até mesmo o utiliza para Seus planos! Mais adiante voltaremos a falar acera dos caminhos do governo de Deus.

 

Que é o “Mundo”?

O termo "mundo" (em grego, Cosmos) tem significados diferentes no NT. Às vezes refere-se ao Universo, outras à Terra como o âmbito onde o ser humano habita e como o palco da história mundial (por ex. Jo 1:10; At 17:24; 1 Co 4:9), em outras passagens, toda a humanidade (por ex. Jo 3:16). 

No entanto, na linguagem cotidiana, "mundo" pode significar um âmbito específico, como, por exemplo, o mundo das artes ou das finanças; cada um destes mundos tem seus próprios padrões e leis de desenvolvimento. O NT também usa "mundo" neste sentido, ou seja, para designar o âmbito governado por Satanás, em que a existência humana se desenvolve separada de Deus e em rebelião contra ele. Filhos de Deus, redimidos, não fazem mais parte deste sistema iníquo "mundo"; eles foram tirados por Deus "da potestade das trevas, e... [transportados] para o reino do Filho do seu amor", como lemos em Colossenses 1:13. 

 

O Caráter do Mundo

Com a queda no pecado começou o consciente afastamento da humanidade do seu Criador, e com isso começou o desenvolvimento de um processo danoso, durante o qual o âmbito de domínio terreno de Satanás, o "mundo", foi tomando forma cada vez mais claramente. A atitude e o comportamento da maioria das pessoas ficaram cada vez mais em contraste gritante com os pensamentos de Deus, e cada vez mais sob a forte influência de Satanás – violência, idolatria e declínio moral foram as consequências.

Ao enviar Seu Filho, Deus colocou então o mundo diante da decisão final – e o mundo se decidiu contra Deus e assassinou o Seu Filho. "Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai" (Jo 15:24). Desde o Gólgota, o verdadeiro caráter do mundo não deixa dúvida alguma: 

  • Satanás é o príncipe (Jo 12:31; 16:11) e deus deste mundo (2 Co 4:4).
  • O mundo inteiro jaz no maligno (1 Jo 5:19).
  • O mundo inteiro está sujeito ao julgamento de Deus (Rm 3:19).

Portanto, para o mundo como um todo, só lhe resta aguardar o juízo. Por isso, a nossa missão não é pôr o mundo novamente em ordem (isso o Senhor reservou para o Seu reino de paz), mas para alertar as pessoas acerca deste juízo. O evangelho é destinado exclusivamente para indivíduos, a fim de chamá-los para fora do mundo. (A palavra grega para Igreja, "ekklesia" significa literalmente “os chamados para fora”).

 

O Cristão no Mundo

Assim que alguém aceita Cristo – a Quem o mundo rejeitou e lançou fora – como seu Senhor e O seguir lealmente, automaticamente se torna um estrangeiro e um corpo estranho para o seu entorno. Talvez essa pessoa ainda se encontra entre os mesmos parentes, vizinhos e colegas de trabalho, mas ambos os lados percebem cada vez mais que ela interiormente não faz mais parte deles. Na medida em que um remido, lendo a Bíblia, compreende os pensamentos de Deus e percebe o caráter do mundo, ele irá se afastar, em sua atitude e seu comportamento, cada vez mais deste sistema. Isso muitas vezes gera zombaria ou ódio:

"Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia" (Jo 15:19).

1. Estou seguindo a Jesus Cristo,
deste caminho eu não desisto!
Estou seguindo a Jesus Cristo,
atrás não volto, não volto mais!

2. Se me deixarem os pais e amigos,
se me cercarem muitos perigos.
Se me deixarem os pais e amigos,
atrás não volto, não volto mais!

3. Atrás o mundo, Jesus na frente,
Jesus o guia onipotente.
Atrás o mundo, Jesus na frente,
atrás não volto, não volto mais!

4. Depois da luta ganho a coroa,
a recompensa é certa e boa.
Depois da luta ganho a coroa,
atrás não volto, não volto mais!

 

Conduta Bíblica Frente ao Mundo 

Portanto está claro: os cristãos não devem ter mais nada em comum com o mundo, no que diz respeito aos princípios que baseiam seus pontos de vista, ações e aspirações. Mas isto não significa de modo algum que não teriam tarefas em relação às pessoas do mundo – às quais Deus ama (Jo 3:16). A Palavra de Deus lhes indica dois deveres:

  • Resplandecer como astros no mundo, no meio de uma geração corrompida e perversa, (Fp 2:15), evitar o mal e tomar posição contra ele: "E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as" (Ef 5:11).
  • O ministério da reconciliação, isto é, convidar aos homens, como enviados de Deus: "Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus" (2Co 5:18 e 20).

Ambos os deveres só poderemos realizar na medida em que nos desfizermos das características ímpias e das condutas do mundo. 

 

O que significa "autoridade"?

A palavra traduzida como “potestade, autoridade” em Romanos 13, entre outros, (no grego exousia) muitas vezes também é traduzida como “poder” (não no sentido de coerção). "Autoridade" designa mais o detentor do poder de governo ou autoridade pública (autoridades ou indivíduos), "poder", no entanto, diz respeito à capacidade ou autoridade para fazer algo ou dar ordens, bem como o âmbito de domínio. Como uma tarefa normal das autoridades poderíamos apontar: a organização, a manutenção, a proteção e (se necessário) a imposição da ordem na convivência humana.

 

É uma instituição divina

Desde que o pecado entrou no mundo, o egoísmo, a violência e opressão destruíram cada vez mais a convivência humana:

"A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência" (Gn 6:11).

 Visto que até então Deus tinha reservado para Si a pena de morte (o sangue de Abel clamou a Ele), Ele respondeu com o dilúvio. Mas a natureza humana manteve-se inalterada. Portanto, Deus tomou medidas para limitar os excessos da maldade humana, especialmente para proteger a vida das pessoas. (A avalanche de violência começou com o assassinato de Abel.) Deus concedeu primeiramente a Noé e seus filhos (mas não limitado a eles) a autorização e o dever de executar a pena de morte em caso de assassinato:

"Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem" (Gn 9:6).

Com esta disposição, a autoridade é introduzida como um meio divino e exatamente delimitada. Deus nunca revogou essa ordem. Por isso Paulo escreveu aos Romanos:

"Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação" (Rm 13:1-2).

 

O cristão e as autoridades

Atentando para os versículos acima, e para passagens semelhantes como Tito 3:1-2 e 1 Pedro 2:13-17, fica bastante simples para um cristão perceber com deve ser o seu correto relacionamento com as autoridades: Não existe autoridade que não seja instituída por Deus; o cristão não tem outra obrigação além de prestar obediência a ela, ou ao seu representante. Ele não o faz por medo da punição, mas pelo Senhor (1 Pe 2:13) e por motivo de consciência (Rm 13:5). Pois respeitando as autoridades respeita a Deus, que as instituiu. 

Com isso chegamos à única exceção: um cristão deve negar a obediência à autoridade, caso esta lhe exigisse a violação de um mandamento divino. Neste caso ele deve obedecer mais a Deus que aos homens (At 5:29), assim como Daniel e seus três amigos fizeram. Isso muitas vezes pode significar desvantagens, sofrimentos e em casos extremos a morte.

 

Somente as autoridades boas são de Deus?

Uma tentação especial, para negarmos a obediência devida, está no abuso de poder das autoridades. Uma vez que todos os governantes terrestres são pecadores, existe sempre o risco de haver abuso ou mau uso do poder governamental ou de outra autoridade legal. A Bíblia e a História relatam inúmeros casos. Não obstante, a Escritura não nos permite negar obediência às autoridades injustas (enquanto não for o caso da única exceção citada acima, cf. 1 Pe 2:18-19). Elas não devem dar contas a nós, mas a Deus que lhe deu a autoridade. Já nos lembramos quão injustamente o Senhor foi tratado no final de Sua vida; acerca dEle lemos:

"O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente" (1 Pe 2:23).

Assim também nós devemos deixar por conta de Deus, a quem Ele coloca sobre nós, para executar os Seus planos, e por quanto tempo. Isso nos leva à consideração dos caminhos do governo de Deus.

 

Quem determina o curso da História?

Aparentemente atuam homens – conquistam, fazem revoluções ou votam; deles falam os livros de História. Para o leitor da Bíblia, contudo, não há nenhuma dúvida: Deus tem todas os fios em Sua mão. "O Senhor tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo". "Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou” (Sl 103:19; 115: 3). Somente Ele dirige a História, e conforme a um plano preestabelecido. Ele fala de Si em Isaías 46:10-11: "Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. Que chamo a ave de rapina desde o oriente, e de uma terra remota o homem do meu conselho; porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei".

Caso contrário, qualquer tipo de profecia bíblica seria impensável. Pensemos somente nas predições precisas acerca da vida e morte de nosso Senhor, que foram escritas séculos antes do Seu nascimento! Compilando-as dariam um pequeno livro. A propósito, não seria possível afirmar de que toda autoridade é de Deus, se Deus não fosse absolutamente ilimitado em Suas ações na História. Portanto, nenhum acontecimento, nenhum desfecho de algum evento, toma desprevenido a Deus; Ele não precisa esperar pelos resultados das eleições do ano eleitoral – Ele os definiu. Sem a Sua vontade, nem um pardal cai do telhado nem um cabelo de nossa cabeça. A respeito dos poderosos de todas as classes, Jó disse a Deus: "Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que o faz errar. Aos conselheiros leva despojados, e aos juízes faz desvairar. Solta a autoridade dos reis, e ata o cinto aos seus lombos. Aos sacerdotes leva despojados, aos poderosos transtorna... Multiplica as nações e as faz perecer... Tira o entendimento aos chefes dos povos da terra, e os faz vaguear pelos desertos, sem caminho" (Jó 12:16-24). Não temos visto exatamente isso nos últimos tempos?

 

O outro poder na História

Apesar do que acabamos de dizer, na história do mundo não notamos somente os planos e desígnios de Deus. Podemos facilmente comprovar que desde os primórdios da história dois poderes espirituais, com objetivos opostos, operaram e continuam ativos: O Poder de Deus e "os príncipes das trevas", "as hostes espirituais da maldade" (Ef 6:10-12). Constatamos antes que o homem já bem cedo deixou de lado a obediência a Deus, e deu ouvidos aos sussurros de Satanás, "o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Ef 2:2). A questão decisiva é: estes poderes podem atrapalhar ou mesmo frustrar os planos de Deus com esta terra? Podemos afirmar: não! Pois tanto o sedutor como os seduzidos são criaturas; Deus os usa como instrumentos, até o momento de os julgar. Isso fica muito claro na morte de nosso Senhor, quando homens maus e poderes das trevas se uniram: "Esta é a vossa hora e o poder das trevas" (Lc 22:53). A aparente maior vitória do inimigo, foi sua derrota definitiva: "Para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo" (Hb 2:14). José disse a seus irmãos: "Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem... para conservar muita gente com vida" (Gn 50:20). Nos tremendos acontecimentos finais no Apocalipse se confirmará por última vez: "Pois até a ira humana há de louvar-te; e do resíduo das iras te cinges" (Sl 76:10 ARA), isto é, também atividades hostis a Deus colaboram involuntariamente para o cumprimento de Seus planos, e com isso para a Sua honra.

 

Como Deus escreve a História?

Portanto, todas as coisas e todos os seres estão ilimitadamente à disposição de Deus. Ele age por meio dos anjos (Sl 103:20-21; Hb 1:14), por meio de guerras, epidemias, fomes ou catástrofes naturais, como enchentes, terremotos etc. "Eu... faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas" (Is 45:7). Ele dirige igualmente a História, colocando e tirando governantes ou governos:

"Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis" (Dn 2:21).

"Dei-te um rei na minha ira, e tirei-o no meu furor" (Os 13:11).

Além disso, Deus influencia as correntes e conceitos da política: "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor, que o inclina a todo o seu querer" (Pv 21:1). Outros versículos mostram isso muito claramente: "Virou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tratassem astutamente aos seus servos" e “Assim, também fez com que deles tivessem misericórdia os que os levaram cativos” (Sl 105:25; 106:46).

 

A ação de Deus e a responsabilidade de quem está no poder

Se Deus usa os governantes como instrumentos para a execução dos Seus planos, então eles nem sequer podem ser responsabilizados por suas ações? Acerca disso não há dúvida alguma. As ações irrestritas de Deus não isentam ninguém da responsabilidade pessoal pela sua conduta (Ec 12:13-14; Ap 20:12). Isso fica muito claro, por exemplo, no contexto da crucificação do Senhor: "E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes. Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado; que o Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados" (At 3:17-19; em relação aos "pecados", compare At 5:30; 7:52). Continua valendo: "Tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6:7).

 

Como podemos influenciar as ações de Deus?

Quando examinamos as Escrituras a esse respeito, constatamos que, contrariamente a todos os tipos de ideias, existem apenas duas maneiras reais de fazer isso: oração ou intercessão e arrependimento. Na verdade, depois de tudo que vimos anteriormente, isso é completamente lógico. Por ocasião da inauguração do templo, Salomão pede explicitamente a Deus, para que Ele sempre atente para o arrependimento e a oração, e Deus o promete. 

"A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5:16).

Como prova disso, é citado Elias, na época da ditadura de Acabe. Poderíamos citar outros exemplos, mas isso iria além do escopo deste artigo. No entanto, cada leitor da Bíblia certamente poderia citar dezenas deles, de como Deus interveio de maneira surpreendente na História, respondendo à oração e ao arrependimento. Arrependimento e oração também estão à disposição dos incrédulos, como comprovam, por exemplo, os relatos acerca do rei e o povo de Nínive em Jonas 3 ou o rei Manassés (2 Cr 33:12-13). 

Mas quando a paciência de Deus se esgota depois de muitos chamados para o arrependimento e o juízo está determinado de forma irrevogável, Ele diz:

"Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque eu não te ouvirei" (Jr 7:16).

Para Jeremias foi difícil aceitar isso. Por isso lhe é dito mais uma vez, muito claramente:

"Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, meu coração não se inclinaria para este povo" (Jr 15:1 ARA). 

Como os crentes podiam e podem pedir o correto, com vistas aos propósitos de Deus? Afinal, Ele diz:

"Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos" (Is 55:9).

A resposta está em Amós 3:7, onde lemos que Ele não "fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas". Também aos cristãos Deus transmitiu informações confiáveis no Novo Testamento, acerca do que virá sobre o mundo e o indivíduo perdido. Eles conhecem o terror do Senhor, mas também suas intenções de salvação; assim eles podem orar especificamente, e empregar suas forças para alertar. 

 

Considerações finais

Como devemos nos comportar e agir em um mundo ameaçado pelo juízo? Primeiramente, com certeza, temos que fazer jus à nossa tarefa como "sal da terra" e "luz do mundo". A seguir, nosso Senhor espera que, como Ele, sejamos sensíveis diante das necessidades e do sofrimento dos nossos irmãos e nossos próximos (1 Pe 2:12; Gl 6:10; Ef 2:10; Cl 1:10; Tt 2:14 e outros). Mas acima de tudo, somos embaixadores de Cristo (2 Co 5:20). A criação e manutenção de condições para que a atividade do embaixador seja sem perturbações, é assunto do governo, e não do embaixador. Isso também se aplica a nós, cristãos (At 4:23-31). Nós não devemos nos envolver ativamente nos assuntos deste mundo. 

Aos exilados na Babilônia Deus mandou dizer: "Procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro" – e de que forma? – "orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz" (Jr 29:7). Nós, cristãos, somos admoestados "antes de tudo" – isso tange a nossa mais importante tarefa terrena – "que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2:1-4). Por meio da graça, temos livre acesso ao nosso Pai Celestial. Não menosprezemos ou negligenciemos essa oportunidade única de "fazer política". Em nosso tempo não há nada mais necessário do que a oração. 

Isso ainda não basta para você? Então seja admoestado pela história de Ló. Sodoma estava na iminência de ser julgada. Ainda assim, Ló pensava que devia estar sentado na porta da cidade (onde os assuntos públicos eram tratados) para que pelo menos um homem justo exercesse influência positiva na política da cidade. O mundo percebia o inadequado desse comportamento (Gn 19:9), ele infelizmente não. Praticamente "no último minuto" os dois anjos o obrigaram a realizar a sua verdadeira tarefa – levar o Evangelho aos seus próximos. Estes, ao ouvirem isso de sua boca, apenas o consideraram como zombaria, e pereceram. Pobre Ló! Ele mesmo foi salvo, mas somente porque Deus se lembrou de Abraão, que havia orado (Gn 19:12-14; 29).

H-J K


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