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Revista Leituras Cristãs

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O que é o novo nascimento? (Parte 1)

O que é o novo nascimento? (Parte 1) Por C. H. Mackintosh "A isto respondeu Jesus: ... Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... Em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito, é espírito. Não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo" (João 3:3-7). INTRODUÇÃO São poucos os assuntos espirituais que têm causado maior dificuldade e perplexidade que o da regeneração, ou seja, o novo nascimento. Muitíssimos crentes - objetos do novo nascimento ­ignoram seu significado e, mais ainda, duvidam de que aconteceu com eles mesmos. Muitos, se fossem expressar os seus pensamentos, diriam: - "Oh, se eu soubesse com certeza que tenho passado da morte para a vida! ... se somente soubesse que tenho nascido de novo! que feliz seria!" E assim permanecem, acabrunhados por dúvidas e temores, dia após dia, ano após  ano. Às vezes, cheios de esperança, crêem que a grande mudança se realizou neles; mas, de repente, algo surge em sua alma ou em sua vida que lhes induz a pensar que a dita esperança era ilusória, o que ocorre é que julgam o assunto por seus próprios sentimentos e experiência, em vez de fazê-lo através do puro e simples ensino da Palavra de Deus. Temo que a causa principal da incompreensão a este respeito provém do costume de pregar a regeneração e os seus frutos no lugar de anunciar a Cristo; de colocar o efeito antes da causa, que provocará sempre muita confusão. Consideramos, pois:
  1. o que é a regeneração?
  2. Como se produz o novo nascimento?
  3. Quais são os seus resultados?
  1. O QUE É REGENERAÇÃO?
Muitos acreditam que é uma mudança radical da velha natureza, operada pelo Espírito Santo, até que esta fique exterminada. Isso já implica em dois erros: a) No tocante à verdadeira condição da velha natureza e b) quanto à personalidade do Espírito Santo. Em outras palavras, é negar que a natureza humana é irremediavelmente arruinada e considerar o Espírito Santo mais como uma influência que como uma Pessoa. O Testemunho da Palavra de Deus Vejamos o que diz a Palavra de Deus com referência à natureza do ser humano: "Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração", ou seja, que todos os seus pensamentos e desejos sempre, e tão somente, tendiam ao mal (Gênesis 6:5). As palavras "todo" e "continuamente" excluem por completo qualquer idéia de emenda, a saber, de que pudesse haver algum princípio redentor na condição humana diante de Deus. E mais adiante, lemos ainda: "Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam: não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (Salmo 14:2-3). Aqui novamente as expressões "todos", "juntamente" e "não há nem um sequer" excluem a menor idéia de melhoramento na condição do ser humano, tal como é julgada na presença de Deus. Havendo obtido uma prova dos escritos de Moisés e outra dos Salmos, tomaremos agora umas quantas mais dos Profetas: "Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda cabeça está doente e todo o coração enfermo. Desde a planta do até à cabeça não há nele cousa sã...” (Isaías 1:5, 6). "Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne a erva, e toda a sua glória como a flor da erva" que pronto murcha (Isaías 40:6). "Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto" (literalmente: "incurável", "desenganado") (Jeremias 17:9). Bastam essas citações do Antigo Testamento; vejamos agora alguns textos do Novo: "Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana" (João 2:24-­25). "O que é nascido da carne, é carne"(João3:6). Leia também o vívido testemunho de Romanos 3:9-19: “... temos nós qualquer vantagem? não, de forma nenhuma; pois temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda, não há quem busque a Deus... nem um sequer... Ora, sabemos que tudo o que a lei diz aos que vivem na lei o diz, para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus". "Porque o pendor da carne* dá para a morte... Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto os que estão na carne ** não podem agradar a Deus" (Romanos 8:6­8). E o apóstolo Paulo recordava aos Efésios que: "naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo" (cap. 2:12). Poderíamos multiplicar as citações, mas não é preciso. Estas provam claramente que a natureza humana é "corrupta", como "chaga podre", "inútil", "sem esperança" e completamente "desenganada". Como, pois, estando em semelhante condição diante Deus, poderia ela reformar­-se e menos ainda transformar-se? "Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?" (Jeremias 13:23). "Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular" (Eclesiastes 1:15). * (Isto é: o sentir, a mente da 'carne' ou do 'homem natural') ** (em sua condição natural de ser não regenerado, não nascido de novo) O Método Divino Quanto mais detidamente examinarmos a Palavra de Deus, tanto melhor veremos que o método divino não consiste em reformar uma coisa arruinada, senão em criar algo inteiramente novo. A finalidade do Evangelho não é a de melhorar ao homem - como se lhe colocasse um remendo em seu vestido velho, esfarrapado e gasto - mas sim em prover-lhe um novo vestido. A Lei e os Mandamentos (que o homem não cumpriu) não surtiram efeito algum; aquela esperava algo do homem, mas nunca o recebeu, e estes foram promulgados, mas o homem se valeu dos mesmos para excluir a Deus. O Evangelho, pelo contrário, nos mostra a Cristo glorificando a Lei e fazendo-a honorável; nos revela a Cristo morrendo na cruz e cravando ali as ordenanças que nos eram contrárias; apresenta a Cristo levantado da sepultura e ocupando o Seu lugar - como Conquistador - à destra da Majestade nas alturas; e, finalmente, declara que todos quantos crêem em Seu nome são participantes de Sua própria vida e tornam-se um só com o Senhor ressuscitado. Lede cuidadosamente as seguintes passagens: "Estes, porém, foram registados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e paro que, crendo tenhais vida em seu nome" (João 20:31). "Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e por meio dele todo o que crê é justificado de todas as cousas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés" (Atos 13:38­39). "Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído (eliminado, abolido), e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu, justificado está do pecado.... Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus" (vide Romanos 6:4-11). "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora... Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (Efésios 2: 1-6). No capítulo 3: 14­19 da mesma epístola, acrescenta o apóstolo: "Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai,... (rogando) que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem, interior; e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos (ou seja, os crentes), qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus ". Não deixe de ler Colossenses 2:9-15. É de suma importância conhecer claramente tão vital assunto, porque se cremos que aos poucos se produzirá uma mudança em nossa velha natureza, permaneceremos, naturalmente, em contínua ansiedade, com dúvidas e temores, até comprovar - desiludidos - que a "carne" segue sendo "carne" (João 3:6); ou seja, que a velha natureza nunca deixará de ser até o fim. Nenhuma influência ou operação do Espírito Santo pode transformar a "carne" em algo espiritual. As Sagradas Escrituras a apresentam, não como algo que tem que ser melhorado, mas sim como algo que Deus considera como "morto”, e somos chamados a "mortificá-la"*** em todos os seus desejos e obras. É na cruz do Senhor Jesus Crist0 onde vemos o fim de nossa velha natureza: "E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências" (Gálatas 5:24). Não diz aqui que os que são de Cristo tratam de melhorar e reformar a sua "carne", senão que "crucificaram a carne". E como podem levar isso acabo? Pelo poder do Espírito Santo atuando, não sobre a velha natureza, mas sim sobre a nova, capacitando-os para deportar o velho homem para onde a cruz o tem colocado: no lugar da morte. ***(mantê-la morta, subjugá-la, negá-la) Deus Não Espera Nada da Velha Natureza Deus não espera nada da "carne" e a considera como morta; nós devemos, fazer o mesmo. Ele colocou-a fora de Sua vista, e ali é onde temos de mantê-la também. Não deveríamos permitir a menor manifestação da velha natureza, porquanto Deus não permite. É bem verdade que ela está em nós, mas Deus nos concede o precioso privilégio de considerá-la e de tratá-la como morta. E a exortação que o Senhor nos dirige é: "Assim também vós consi­derai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus" (Romanos 6:11). Isso produz um imenso alívio no coração que tem lutado desesperadamente durante anos para melhorar a sua natureza. Constitui também um poderoso conselho para a consciência que intencionou fundamentar a sua paz sobre uma reforma gradual de algo que não tem a menor possibilidade de melhoramento. Finalmente, é um imenso descanso para a alma que - anos após anos - tem desejado a santidade, mas que tem considerado essa como o melhoramento da "carne", a qual odeia a santidade e ama o pecado. Para todas e cada uma dessas coisas, acaba sendo muitíssimo valioso e de suma importância entender a verdadeira natureza ou condição do novo nascimento. Ninguém que não o tenha experimentado pode conceber a intensidade da angústia e a amarga desilusão que sente a alma que - esperando em vão alguma melhora em sua natureza - dá-se conta, após anos de luta, de que ela segue sempre sendo a mesma. E, na medida de sua angústia e de sua desilusão, será o seu gozo descobrir que Deus não espera melhora alguma na velha natureza, mas sim que a considera como morta, e a nós como vivos em Cristo, unidos a Ele e aceitos n'Ele para sempre. O Que É a Regeneração? A regeneração é, pois, um novo nascimento - o dom, a comunicação de uma vida -, a implantação de uma nova natureza; a formação de um novo homem. A velha natureza permanece com todas as suas características, mas a nova é introduzida também com todas as suas qualidades, tendências e efeitos, mas esses são espirituais, celestiais e divinos. Todos os seus desejos e afãs se dirigem para o alto, suspira para a fonte celestial de onde brotou. E assim como na natureza a água sempre busca alcançar o seu nível, do mesmo modo no âmbito da graça a nova (e divina) natureza aponta sempre para o céu, de onde procedeu. A regeneração é, pois, para a alma o que o nascimento de Isaque foi para a casa de Abraão (Gênesis 21). Ismael seguiu sendo o mesmo Ismael, mas apareceu Isaque; do mesmo modo, a velha natureza segue sendo a mesma, porém a nova é introduzida na vida do crente: "o que é nascido do Espírito, é espírito". Assim como a criança participa da natureza de seus pais, os crentes são feitos "co-participantes da natureza divina" (2 Pedro 1:4). "Pois, segundo o seu querer, ele (Deus) nos gerou" (Tiago 1:18). Por fim, a regeneração é somente obra de Deus, desde o princípio até o fim. Ele é que opera, o homem é o feliz e privilegiado objeto dessa ação. Não se busca a sua colaboração numa obra que levará sempre o selo de uma só mão todo­ poderosa. Deus operou sozinho na criação, sozinho na redenção; de igual maneira, deve executar sozinho a gloriosa obra da regeneração. "Não por obras de justiça praticadas por nós. mas segundo sua misericórdia. ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo. que ele derramou sobre nós ricamente. por meio de Jesus Cristo nosso Salvador" (Tito 3:5-6). Continua em O que é o novo nascimento? (Parte 2)

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