“Ora, para que vós também possais saber dos meus negócios, e o que eu faço, Tíquico, irmão amado, e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo. O qual vos enviei para o mesmo fim, para que saibais do nosso estado, e ele console os vossos corações” (Ef 6:21-22).

“Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades. Porquanto tinha muitas saudades de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E de fato esteve doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozo, e tende-o em honra; Porque pela obra de Cristo chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida para suprir para comigo a falta do vosso serviço” (Fp 2:25-30).

“Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus. Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis” (Cl 4:12-13).

Algumas vezes, pessoas de baixa estatura são ridicularizadas e são alvo de gracejos e piadas. Alguns deles o levam “na esportiva” e riem com os demais, mas outros ficam completamente desconcertados, até ofendidos porque se sentem degradados e inferiores.

Alguns cristãos têm um “complexo de gente pequena” ou de inferioridade – não por causa de sua estatura, mas por causa de suas capacidades espirituais. Estes cristãos se sentem inferiores e degradados, porque eles se consideram abaixo da média, no que diz respeito ao seu talento natural ou seu dom espiritual. A Bíblia claramente nos assegura que não existem cristãos inferiores ou insignificantes. Todo cristão tem uma responsabilidade no reino de Deus e uma função no corpo de Cristo. No entanto, existe para o cristão em crescimento – que não é dotado com um talento natural surpreendente ou com uma personalidade excepcional ou com um dom espiritual evidente – sempre a tendência de se sentir “pequeno”. Algumas vezes você se sente inferior e insignificante? Às vezes passa pela tua mente: onde estava eu, quando o Senhor distribuiu os dons e talentos? Bem, anime-se, a Bíblia mostra que “pequenos” cristãos são muito importantes e muito necessários para o bom funcionamento de cada ministério cristão.

Nas passagens citadas acima, temos três “pequenos” cristãos que estavam associados com o apóstolo Paulo: Tíquico, Epafrodito e Epafras. Paulo era um líder dinâmico e foi o foco de atenção. Ele foi um grande mestre, pregador e missionário. Ele era o dom excepcional, que o Cristo ressurreto e ascendido ao céu deu à Sua Igreja. Mas muitos servos do Senhor estavam associados ao grande apóstolo que, comparados com Paulo, mais pareciam “gente pequena”. Seus nomes aparecem de forma muito breve nas páginas das Escrituras, mas é dito o suficiente acerca deles para nos mostrar que eles foram uma parte muito importante e necessária do serviço. Tíquico, Epafrodito e Epafras são três destes “pequenos” cristãos que o Senhor usou para um serviço especial e significativo. 

Tíquico

Tíquico era um “irmão amado” (Ef 6:21). Ele era do tipo de cristão que gostamos de ter em nossa volta, alguém com boa atitude, disposto a ajudar, fácil de amar. Nem todos os cristãos espalham uma atmosfera de amor. Precisamos de mais amados irmãos e irmãs, como Tíquico. Eles são o “óleo”, extremamente importante e necessário no mecanismo do serviço cristão. Você é um “irmão amado”, ou outros cristãos ficam felizes quando você vai embora novamente?

Também lemos que Tíquico era um “servo fiel”. Ele era fidedigno e confiável. Podia se ter certeza de que ele iria fazer o seu trabalho. Não é de se admirar que Paulo o escolhera para entregar a carta aos Efésios e aos Colossenses (Cl 4:7-8). Tíquico provavelmente não estava consciente que desempenhava um importante papel no plano de Deus, ao levar essas cartas e assim contribuir para completar as Sagradas Escrituras. Talvez as coisas insignificantes às quais o Senhor te chamou, são muito mais importantes do que você alguma vez imaginou. Em 2 Timóteo 4:12, vemos que Tíquico foi fiel até o fim. O apóstolo Paulo escreveu a segunda carta a Timóteo estando na prisão em Roma, poucos meses antes de morrer martirizado. Naquele tempo, muitos dos cristãos por um motivo ou outro haviam deixado Paulo (cf 2 Timóteo 1:15 e 4:10), mas Tíquico permaneceu fiel. Confiabilidade e fidedignidade no serviço cristão – hoje são mais necessárias do que nunca. Às vezes a “grama é mais verde” em outros lugares ou é mais estimulante proclamar a Palavra diante de um público maior do que em uma pequena assembleia ou onde Deus colocou você para O servir. Mas este poderia ser exatamente o serviço e o lugar onde o Senhor espera que você seja fiel, semana após semana. 

Aprendemos ainda algo mais a respeito de Tíquico em Efésios 6:22, a saber, que ele era capacitado para levar consolo e encorajamento para irmãos e irmãs. Ele não apenas levava as cartas e transmitia informações. Ele foi um consolador. O irmão Tíquico tinha exatamente a personalidade certa e o comportamento certo e as palavras certas para confortar outros cristãos. Talvez você seja como Tíquico. Muitos cristãos cujas dons e talentos são mais visíveis em público, fracassam quando se trata de confortar e consolar irmãos em tempos de tristeza ou stress. Talvez o Senhor lhe tenha dado a capacidade única de consolar aquele amigo crente cujo pai acabou de falecer, ou encorajar aquele crente que se tornou vacilante na fé! 

Epafrodito

Em Filipenses 2:25-30 lemos de outro “pequeno” cristão que estava associado com o apóstolo Paulo. Seu nome era Epafrodito. A igreja em Filipos o enviou a Paulo para levar um donativo para o seu serviço. Mal Epafrodito havia chegado a Roma, ele adoeceu gravemente e quase morreu (v. 27). Agora Epafrodito estava triste porque pensava que a assembleia de Filipos estaria preocupada por causa dele. Tinham-lhe confiado uma missão simples, e ele não pôde permanecer saudável o tempo suficiente para fazer a viagem de regresso! Epafrodito estava muito desanimado e confuso acerca desta questão (v. 26). Afinal, para o que ele era realmente útil no serviço cristão? Alguma vez você já se sentiu como Epafrodito? Qualquer um parece ser capaz de fazer um trabalho normal para Cristo, mas você sempre fracassa de uma forma ou de outra – você até mesmo adoece no momento mais inoportuno!

Mas, calma! Antes de jogar a toalha definitivamente, dê uma olhada no comentário divino acerca de Epafrodito, nos versículos 29 e 30. Este “pequeno” cristão deveria ser honrado. Ao regressar para casa, ele deveria ser recebido como herói. Por quê? Porque ele arriscou sua vida em favor da obra de Cristo. Epafrodito não foi traspassado por uma espada na esquina de uma rua em Roma por haver pregado o evangelho, também não foi lançado aos leões na arena por causa da sua fé. Não, ele simplesmente ficou muito doente no exercício do serviço cristão. 

A maneira como Deus considera Epafrodito deveria ser um verdadeiro incentivo e encorajamento para nós. Epafrodito estava triste por haver inquietado os outros, mas a Palavra de Deus o honra como alguém que seguiu o caminho de um mártir por amor de Cristo. Que bênção quando cristãos em crescimento reconhecem isso! Claro que devemos cuidar do nosso corpo que o Senhor nos deu de modo sensato, mas se no serviço para o Senhor nos deparamos com perigos ou doenças, podemos ter certeza de que Deus o considera como sofrimentos por Ele. A experiência de despender, se desgastar por Cristo, é recomendável! 

Epafras

Outro “pequeno” cristão, que trabalhou com o grande apóstolo Paulo, foi Epafras. Embora os colossenses houvessem conhecido a “graça de Deus em verdade” por meio de Epafras (Cl 1:6-7), no capítulo 4, Paulo não coloca em primeiro plano seu ministério de proclamação da Palavra, mas as suas orações. Epafras foi um homem de muita oração. Colossenses 4:12-13 nos diz que ele combateu em oração por seus irmãos. Quantas vezes rogamos, combatemos em oração por irmãos na fé? Devemos confessar que muitas vezes nossas orações são egocêntricas – nossos problemas, nossas necessidades, nossos desejos. Quando foi a última vez que nossas orações pessoais foram abrangentes ao ponto de orarmos pelo crescimento espiritual dos irmãos e irmãs que conhecemos? Alguma vez “lutamos” em orações por outros crentes – talvez até com lágrimas? Lutar em oração pelos outros é uma parte muito importante do serviço cristão, e é algo que todos podemos fazer, independentemente de nossos talentos naturais ou dons espirituais.

Epafras também é mencionado em Filemom, no v. 23. Aqui Paulo o chama de “meu companheiro de prisão”. Isso é muito interessante. Quando Paulo escreveu a carta a Filemom, (bem como as suas cartas aos Efésios, Filipenses e Colossenses, que são conhecidas como as quatro cartas da prisão), ele estava em Roma em prisão domiciliar. Isso significava que ele estava livre para viver em sua própria casa alugada, no entanto, ele estava sempre acorrentado a um soldado romano. Nestas circunstâncias difíceis, Paulo escreveu cartas, e divulgava o evangelho enquanto esperava seu julgamento diante do imperador (At 28:30-31). O fato de que Paulo chama Epafras de “companheiro de prisão”, revela que Epafras provavelmente se submeteu voluntariamente à prisão, para dar apoio ao apóstolo nessa situação. Talvez ele e Aristarco (outro “pequeno” cristão, de quem Paulo diz em Cl 4:10 “que está preso comigo”), se revezavam e escreviam para Paulo como secretários e, talvez, ajudando-o de outras maneiras. De qualquer forma, parece que Epafras renunciou à sua liberdade voluntariamente, para dar apoio à Paulo. Você faria isso, renunciar à tua liberdade, para ajudar a outro cristão em seu serviço? Ou você antes tende a ser egoísta e deseja fazer um nome nos círculos cristãos? Talvez Deus te chamou para um papel de apoio, em algum serviço cristão – atrás dos bastidores, mas muito importante. 

A Palavra de Deus nos mostra que “pequenos” cristãos não são de menor valor ou insignificantes. Todos os cristãos são potenciais “gigantes” na fé e no serviço cristão, no que diz respeito a Deus. 

D. R. R.