Revista Leituras Cristãs
Conteúdo cristão para edificação
Perdão
Uma parábola sobre o perdão conforme Mateus 18:21-35
Seus dedos cerraram-se ao redor da garganta de seu irmão, ao mesmo tempo em que o chacoalhava com todas as suas forças. "Pague-me, agora mesmo, o que me deve!" Ele gritava enfurecidamente. Seu irmão suplicava-lhe mais tempo para quitar a dívida. Mas ele recusou-se a aceitar a súplica e o mandou encarcerar pelo crime cometido. O credor, na verdade, não somente o enclausurou dentro da prisão - ele o trancou fora de seu coração!
Frequentemente, recusamo-nos a perdoar os pecados cometidos por nossos irmãos cristãos. Pelo nosso espírito impiedoso atiramos o irmão que nos 'ofendeu numa prisão, e o trancafiamos fora do alcance de nosso amor. Guardamos amargura contra ele por anos seguidos. Mantemo-nos à distância dele. Evitamos, até mesmo, ter de apertar-lhe as mãos, a menos que a isto sejamos obrigados para manter as aparências. Na melhor das hipóteses, mostramo-nos frios, indiferentes e silenciosos diante de sua presença. No pior dos casos, nutrimos um espírito critico, recusando-nos a ver qualquer coisa de bom nele. Nossas línguas indisciplinadas lançam fagulhas sempre que encontram alguma razão para acusar ou criticar.
Na parábola de Mateus 18:21-35, os outros servos ficam profundamente ofendidos, e levam. o acontecido ao conhecimento do rei. Este, por sua vez, convoca o servo incompassivo e, duramente, o confronta com o fato de que, muito embora ele tenha recebido misericórdia, não estava disposto a demonstrar essa mesma compaixão para com seus companheiros. Em consequência, o servo que se recusou a perdoar é entregue aos torturadores até que aprenda o quão grande o seu débito também era.
Pague-me, senão...
(Maurice Muller).
Por que é tão difícil perdoar?
- Gostamos de repagar e estar quites com aqueles que nos ofenderam. Não podemos deixar que eles escapem sem punição pelo que fizeram. Devem pagar pelo mal que cometeram. Recusamo-nos a perdoar-Ihes até que eles confessem o seu erro e neles vejamos alguma mudança de atitude.
- Gostamos de contar aos outros o modo ridículo como "fulano" se comportou. Isto faz-nos parecer bons, e podemos atrair um pouco de simpatia para nossa causa. Orgulhosos de nossos próprios feitos, gostamos de criticar os outros.
- Em nossas mentes, gostamos de repagar as ofensas que recebemos, embalando nossas dores e permitindo que nossos corações tomem-se endurecidos e amargurados. Todos nós gozamos um certo prazer em termos compaixão de nós próprios.
Como é o perdão de Deus?
- Deus nunca deixa o pecado impune.
Ele disse a Adão: "No dia em que dela comeres (a fruta proibida), certamente morrerás" (Gn 2: 17).
Ezequiel advertiu: "A alma que pecar, essa morrerá" (Ez 18:4). Deus instruiu Moisés: "Riscarei do Meu livro todo aquele que pecar contra Mim" (Ex 32:33).
- Deus ira-se com o pecado. "A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça" (Rm 1:18). "Ouvindo-o o Senhor, acendeu-se-Lhe a ira" (Nm 11:1).
- Deus perdoa por compaixão. "Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniqüidade ... muitas vezes desvia a Sua ira" (SI 78:38).
- Deus perdoa pagando Ele mesmo o débito. "Ele foi traspassado pelas nossas transgressões" Is 53:5). "Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos" (1 Pe 3: 18). "Sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9:22). Não existe perdão "barato" ou "fácil",
Cristo ensinou e modelou o ato do perdão
As primeiras palavras proferidas por Cristo na cruz foram: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23:34). Estevão orou enquanto era apedrejado: "Senhor, não lhes imputes este pecado" (Atos 7:60). Os Evangelhos estão repletos de ensinamentos a respeito do dever de perdoar-nos uns aos outros, instruções essas que, na maioria dos casos, ignoramos e passamos por cima como se não fossem importantes. A promessa do Senhor de estar no meio de dois ou três reunidos em Seu Nome é imediatamente seguida pela parábola do servo incompassivo.
Perdoai-nos como perdoamos: A importância de ministrar o perdão é evidente na oração que o Senhor deu a Seus discípulos em Mateus 6:9-15. Não significa que somos salvos por perdoarmos as outras pessoas. Significa, isto sim, que ao recordarmos o modo como o Senhor nos perdoa, podemos perdoar os outros. Um espírito compassivo traz-nos descanso e cura do mal que os outros nos tenham infligido. Aqueles a quem perdoamos, por sua vez, são abençoados com a libertação dos sentimentos de culpa e vergonha pelo mal que causaram. Confissão e perdão são a solução essencial para quaisquer relacionamentos deteriorados.
Quando você estiver orando, perdoe: Cristo encorajou Seus discípulos a terem fé em Deus, porque Deus responde às orações daqueles que crêem que, com Deus, todas as coisas são possíveis (Marcos 11:22-26). Simultaneamente, Ele os alertou que um espírito compassivo é essencial para a oração eficaz. Se temos algo contra outra pessoa, devemos perdoar antes de orarmos, caso contrário o Pai nos considerará responsáveis por nossas próprias transgressões.
Um espírito crítico é um espírito incompassivo*: Em Lucas 6: 36-42, o Senhor explica que o "poste" (trave) de um espírito incompassivo em meus próprios olhos, impossibilita que eu enxergue claramente para poder auxiliar meu irmão com um "cisco" (argueiro) em seus olhos. Devemos ser "misericordiosos, como também é misericordioso nosso Pai".
* que não demonstra compaixão
O perdão é um aroma agradável para Cristo: Leia 2 Coríntios 2:8-16. A igreja local em Corinto achou extremamente difícil perdoar o irmão que havia pecado. Paulo lhe diz que quando perdoamos aqueles que nos ofenderam, Deus demonstra o triunfo de Cristo em nós, e tomamo-nos uma fragrância suave de Cristo: (1) para o prazer de Deus; (2) para o encorajamento de nossos companheiros na fé; e (3) para advertência aos descrentes quanto ao grande perigo que correm. Que grande vitória acontece quando os filhos de Deus perdoam-se uns aos outros!
Debito aquilo à minha conta
A carta de Paulo a Filemon é um apelo a um irmão mais velho para que perdoe um irmão mais novo por um erro cometido. Algumas vezes, acontece o inverso - um jovem irmão ou irmã deve perdoar outro mais idoso. Existem inúmeras formas de abuso espiritual, para os quais o único ungüento é o perdão. Paulo coloca-se no lugar de mediador, pronto a pagar o débito de seu próprio bolso para que a dívida em questão seja quitada. Quem dentre nós estaria pronto a sofrer por outrém, para que um problema entre dois cristãos fosse resolvido?
Como salvar um relacionamento deteriorado
Lucas 17: 1-6 ensina-nos da necessidade de confrontarmos a pessoa que nos tenha causado mal. Você encara o pecado de frente, com humildade e clareza. Você tem Deus ao seu lado, indignado contra o pecado cometido. Mas você não deve confrontar seu irmão até que esteja disposto a perdoá-lo. Se ele não admitir a culpa, sua boa vontade em perdoar, ao menos, o livrará da raiva e da amargura que são tão destrutivas em nossas vidas.
Cura na família de Deus
Cristo nos adverte contra o alto preço pago por não nos perdoarmos uns aos outros. Deus nos considera responsáveis pelos nossos atos. Uma atitude de "pague-me, senão...” é fatal. Nunca é fácil perdoar. Não vem naturalmente. Leva tempo. Rompe o ciclo do erro espiritual que pode se estender de geração a geração. O perdão s6 é possível porque Cristo pagou por tudo, para que possamos ser perdoados por Deus e sermos capazes de perdoar-nos reciprocamente.
Os cultos familiares auxiliam as decisões futuras