PROFECIA: OS TEMPOS FINAIS 5
O REINO MILENAR DE PAZ
O evento que acabamos de comentar no tópico anterior é praticamente o encerramento do período que denominamos "os tempos finais". Os acontecimentos seguintes já pertencem a uma nova época: o período do glorioso "reino de paz", objeto de muitas profecias da Bíblia. Para introduzir este assunto, citaremos uma passagem de Isaías 65:
"Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo. E exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei no meu povo, e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor.Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado. Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos. Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a calamidade, porque são a posteridade bendita do SENHOR, e os seus filhos estarão com eles. E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR" (Is 65:17-25).
A única passagem bíblica pela qual sabemos que a duração do reino de paz será de mil anos exatamente é Apocalipse 20:2-7, onde por seis vezes lemos a respeito desses "mil anos".
Outros textos referentes ao reino milenar são, sobretudo, Salmos 22:26-31; 45; 72; 110; 111; 132; 133; 145; Isaías 2:24; 9:7; 11:6-16; 25:6-8; 32:15,15-18; 33: 17-20; 35:1-10; 54: 13; 66: 10-14, 18-24; Jeremias 31:31-40; e depois Ezequiel 40-48, onde temos uma descrição bastante detalhada do novo templo estabelecido no reino milenar; DanieI7:27; Oséias 14:4-8; Joel 3:17; Amós 9:11-15; Sofonias 3:5,9-20; Ageu2:7-9; e Zacarias 6:13; 14:6-21.
A essa altura, o "rei da justiça" já entrou em Jerusalém e está assentado no seu trono de glória.
Ele feriu a todos os inimigos de seu povo, Israel, em parte com a participação ativa do próprio Israel. Todos os terríveis juízos mencionados no livro do Apocalipse já atingiram os moradores da terra. Muitos morreram, especialmente nos "países cristãos" do ocidente, onde Deus outrora concedeu muitas bênçãos, mas as pessoas sob o domínio da Besta voltaram-lhe as costas. Os moradores, que a essa altura ainda vivem nesses países, são indivíduos que, outrora, no período da Igreja, não ouviram o evangelho da graça e, portanto, não tiveram a oportunidade de se converter naqueles dias.
Todos os judeus que aceitaram o anticristo como Messias também morreram nas guerras. No reino não entrará nem um judeu ímpio sequer:
"Todos os do teu povo serão justos" (Is 60:21). Os povos árabes vizinhos foram derrotados e, por fim, os exércitos russos também caíram nos montes de Israel.
Se por um lado esses juízos são horríveis, por outro, Deus será glorificado por meio deles, pois a sua justiça até então jamais se havia estabelecido em âmbito tão universal. Isaías escreveu certa vez, aludindo aos juízos de Deus: "Mas o SENHOR dos exércitos será exaltado em juízo, e Deus, o Santo, será santificado em justiça" (Is 5:16 - ERC). Em conseqüência disso a terra se encherá do conhecimento do Senhor tal como as águas cobrem o mar (Is 11:9). Além disso, os habitantes da terra aprenderão a justiça pela execução dos juízos de Deus (veja Is 26:9). A terra, de fato, precisa ser purificada por meio de juízos. Deus removerá todos os seus adversários, o que, aliás, é um requisito para o estabelecimento de um reino no qual habitarão justiça e paz. Ainda que pensar nesses juízos possa apavorar-nos (embora a verdadeira Igreja não esteja mais sobre a terra para experimentá-los), é para nós motivo de alegria saber que mediante eles se aplaina o caminho para esse reino.
Voltemos agora a Isaías 65.
No inicio do trecho citado, constata-se que Deus criará novo céu e nova terra. Se, porém, este trecho for lido superficialmente, pensaremos poder associá-lo com Apocalipse 20: 11 e 21: 1 e teremos a impressão de que esta formação de novo céu e de nova terra seja algo relativo ao "Estado Eterno" (mencionado posteriormente). Entretanto, Isaías deixa bem claro, no versículo 20 do capítulo 65, que nessa "nova terra" a que faz referência ainda haverá morte e juízo. E se considerarmos também que as profecias do Antigo Testamento não 'ultrapassam a época do reino milenar de paz, entenderemos, então, que o "novo céu" e a "nova terra" de Isaías 65 são os mesmos céus e terra de hoje, porém purificados durante a vigência do reino milenar.
Mediante essas informações, fica evidente que o estabelecimento dessa nova ordem diz respeito já ao início desse reino. Foi também nesse sentido que o Senhor Jesus, falando com vistas ao reino, fez menção de uma "regeneração" (Mt 19:28). Deus há de criar para Jerusalém alegria, e para o seu povo, regozijo (Is 65: 18). O próprio Deus há de se alegrar por causa de Jerusalém e de seu povo (Is 65: 19). Nesse período, a morte será exceção e, se sobrevier, será por juízo sobre a manifestação do pecado, quando alguém apostatar de Deus. Não haverá mais mortalidade infantil.
O ancião cumprirá os seus dias. Até então, homem algum jamais terá ultrapassado o limite dos mil anos de idade. Isso não aconteceu nem mesmo nos dias anteriores ao dilúvio, mas certamente ocorrerá com as pessoas que entrarem vivas no reino. A Metusalém, o homem mais velho que a Bíblia menciona, . faltavam ainda 31 anos para os mil (Gn 5:27). Quem morrer aos cem anos - isto caso Deus o tenha de julgar por causa de pecado - ainda será considerado jovem.
As muitas promessas que Deus fizera a seu povo, Israel, serão todas cumpridas. O povo será participante do estabelecimento dessa nova ordem de coisas que será introduzida gradualmente mudanças decorrentes das gloriosas bênçãos do reino. O povo também terá parte ativa no estabelecimento de um estado "paradisíaco", pois edificará e plantará, como se lê em Isaías 65:21.
Haverá drásticas mudanças no reino animal: lobo e ovelha se apascentarão juntos, coisa hoje inconcebível. O leão comerá palha, como o boi. Os animais já não matarão e devorarão uns aos outros como hoje. A maldição da queda no pecado, que se estendeu também ao mundo animal, será, em grande parte, suprimida. Digo "em parte" porque a serpente continuará rastejando sobre o ventre e comendo pó (veja Gn 3:14).
Isto já nos dá uma pequena impressão das enormes transformações desse período.
Faremos, agora, um resumo tópico das principais características do reino de paz:
1. Cristo será rei em Jerusalém, sobre toda a terra (Is 24:23; Zc 14:9).
2. Haverá um governo de âmbito mundial com sede em Jerusalém.
3. Jerusalém será, com seu templo, o único lugar de verdadeira adoração. Todas as nações (ou seja, suas delegações) terão de comparecer uma vez por ano a Jerusalém para celebrar a Festa dos Tabernáculos. Doutra forma não virá chuva sobre o país infrator (veja Zc 14:16-19).
4. Satanás e seus demônios estarão amarrados por mil anos (Ap 20:2,7; Is 24:21-22).
5. Os homens não morrerão, a menos que se rebelem contra o justo governo de Cristo.
6. Pecados por descuido, ou seja, involuntários, serão perdoados com base nos sacrifícios pelo pecado, pois a prestação de sacrifícios será novamente instituída (Ez 40-48).
7. Somente haverá doenças como conseqüência direta da disciplina divina. Haverá, contudo, remédio (Ez 47:12; SI 103:3 e Êx 15:26).
8. Haverá mudanças substanciais na natureza: além das mudanças no reino animal, o relevo da terra também será outro (Zc 14:10).
No final, todavia, depois do reino de paz, Satanás será solto de sua prisão e terá a possibilidade de seduzir as nações. Para tanto, ele se valerá principalmente dos povos estabelecidos a uma distância maior de Jerusalém. A menção de "Gogue" e "Magogue" pode ser indicação de que a Rússia vá desempenhar um papel importante nesse evento.
Mesmo após mil anos de um reinado de Cristo, esse país reataria os laços com seu passado ateu e desempenharia papel preeminente nessa última grande rebelião contra Deus, quando os povos tomarem a subir para batalhar contra Jerusalém. Mas Deus vai consumi-los com fogo do céu: Apocalipse 20:7-9 são apenas três versículos, mas quanta informação a respeito do encerramento do reino de paz!
Depois disso, temos em Apocalipse 20:10, num único versículo, a descrição do juízo definitivo sobre Satanás: ,"O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre ... " Ali o diabo voltará a ficar junto com os seus dois grandes "instrumentos": a besta e o falso profeta, que já haviam sido lançados ali mil anos antes. "E serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos" (v. 10). O castigo deles nunca terá fim.
Não é horrível constatarmos, nos versículos seguintes, que muitas outras pessoas também serão encaminhadas para esse lugar de eterna condenação? Estas, contudo, ainda comparecerão ante o grande trono branco e serão julgadas:
O GRANDE TRONO BRANCO: O JUWMENTO DOS MORTOS
"E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é·o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras [...] Esta é a segunda morte [o lago de fogo]. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo" (Ap 20:11-15).
Quem é o que está assentado sobre o trono, cujo nome não é mencionado aqui? Não é outro senão o nosso Senhor Jesus Cristo, pois quando ainda estava aqui na terra ele disse que Deus lhe confiara todo o julgamento - o Filho do homem (Jo 5:22,27). Deus quis que todos, de algum modo, honrassem o Filho, ainda que venham a dobrar os joelhos perante ele somente quando for o juiz de todos os homens (Fp 2:9-11).
Posso perguntar-lhe, leitor, se você já honra o Filho de Deus? Esta é a questão crucial da vida. Trata-se de sua relação pessoal com aquele que, na cruz do Gólgota, deu a vida em favor de pecadores como eu e você. Neste tempo presente, você, leitor, somente poderá honrar o Filho de Deus por meio da fé nele e pela sincera confissão dos seus pecados perante Deus. Você já o conhece como seu Salvador? Caso não, então aprenda a conhecê-lo! Eu não poderia recomendar-lhe nada melhor do que a leitura do evangelho de João, e que faça isso orando sinceramente a Deus para que ele lhe manifeste o seu Filho Jesus Cristo.
Da presença do que está assentado sobre o trono, fugirão o céu e a terra. Estes terão de dar lugar à nova e definitiva criação. É então que João vê diante do trono os mortos. Embora esses indivíduos tenham ressuscitado, ainda são chamados de "mortos". Eles estão espiritualmente separados de Deus. Todos estão ali de pé, os grandes e os pequenos. Essa distinção (grandes e pequenos) faz referência à posição que outrora ocuparam em vida. Ali estarão pessoas cujo nome foi famoso e bem conceituado durante séculos ou até durante milênios, estão também pessoas que caíram no esquecimento desde que faleceram. Lá estarão reis e mendigos, ricos e pobres, nobres e simples. Caro amigo crente, lá estarão também aquelas pessoas com as quais você conviveu diariamente, e às quais você não falou do evangelho...
Livros são abertos, livros nos quais estão registrados todos os muitos pecados dessa muita gente que ali está. O julgamento dos mortos corresponde exatamente ao que está anotado nos livros. Eles serão julgados segundo as suas obras. A gravidade da sentença depende da amplitude de suas transgressões. Mas ali ainda há outro livro, que é o livro da vida. Quem não está arrolado no livro da vida, será lançado no lago de fogo.
Todos esses mortos não somente provaram a morte física - a primeira morte -, como também passarão agora à segunda morte, à eterna, que não finda, o lago de fogo. O mais terrível de tudo isso é que a segunda morte não implica a extinção da personalidade desses indivíduos, da existência deles. Não, muito pelo contrário, esses mortos estarão plenamente conscientes por toda a eternidade e serão atormentados de dia e de noite. Embora o lugar de tormento, que o Senhor Jesus chama de "o fogo eterno" em Mt 25:41, tenha sido preparado para o diabo e seus anjos, todos os homens que tiverem seguido ao diabo vão partilhar com ele o mesmo lugar.
Se alguém não se converter a Deus de coração, isto é, não lhe confessar sinceramente os seus pecados, Deus não poderá escrever o nome desse alguém no livro da vida. Ele o lançará no lago de fogo. Esta é a última coisa que Deus fará antes que um novo céu e uma nova terra sejam formados.
Com isso chegamos ao "estado eterno".
O ESTADO ETERNO (A SER ESTABELECIDO)
"E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe [...] E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. E disse-me mais: Está cumprido: Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte" (Ap 21: 1-8 - ERC).
Temos, pois, aqui, a descrição do estado eterno em apenas oito versículos: João vê um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra tinham fugido diante do juiz que estava assentado sobre o grande trono branco.
No estado eterno, na nova terra, Deus tratará com os homens numa esfera mais íntima. Deus habitará com os homens numa forma até hoje incompreensível para nós. Todas' as pessoas da terra serão, juntas, o seu povo. 1 Não haverá mais diferentes povos.
1 Os crentes, que formam a Igreja, terão o seu domicílio na casa do Pai. Se aqui são vistos como "tabernáculo de Deus" sobre a nova terra, é uma demonstração de que Deus, quando estiver habitando com os homens na nova terra, não o fará sem a companhia da Igreja (a qual, por toda a eternidade, será a sua "morada").
Deus dispensará cuidado especial a cada um, dedicando-Se a todas as pessoas. Assim como uma mãe lida com seu filho, ele lhes enxugará as lágrimas, removendo dessa forma a lembrança dos tempos e das experiências difíceis. Não haverá nem morte nem luto, nem pranto nem dor. As primeiras coisas já passaram. Deus fez tudo novo.
Ao que vencer, Deus lhe será por Deus, e ele lhe será por filho. Não é, pois, uma bênção maravilhosa conhecer a Deus assim?
O nosso trecho termina enumerando oito grupos de pecadores. É como se Deus estivesse advertindo ainda uma última vez e, ao mesmo tempo, esclarecendo o critério de enquadramento para quem não participará desse glorioso estado eterno, pois será lançado no lago de fogo e enxofre:
1. Os tímidos: são pessoas que se mostraram covardes ou temerosas demais para se converterem a Deus.
2. Os incrédulos: são aqueles que não deram crédito a Deus. Ou diríamos: os que não "quiseram" obedecer a Deus? A etimologia da palavra também indica "infidelidade".
3. Dentre as pessoas que se contaminaram com abominações também estão as que adoraram a imagem que o anticristo fez levantar. São todos, enfim, que se mancharam pela adoração do abominável.
4. Os homicidas: o primeiro homem nascido na terra, Caim, o primogênito de Adão e Eva, foi também o primeiro homicida. Ele matou a seu irmão Abel por motivos religiosos. Enquadra-se nesta mesma classe o mais terrível homicídio jamais cometido, aquele que os homens praticaram contra o Filho de Deus.
5. Os fornicadores: são pessoas que praticam relações sexuais proibidas. A fornicação não é apenas o pecado por causa do qual as cidades de Sodoma e Gomorra pereceram, mas também o que hoje está arruinando moralmente a humanidade.
6. Os feiticeiros: são pessoas que de alguma forma se envolveram com o ocultismo, ficando, por isso, enredadas por laços satânicos.
7. Os idólatras: são aqueles que, em vez de honrar a Deus, serviram a outro deus. São também os que adoraram a Besta e o falso profeta. Não raras vezes, o deus a que serviram foi o seu próprio "ego".
8. Os mentirosos: a mentira de modo algum é um pecado de somenos importância aos olhos de Deus. Quem não se enquadra nesta categoria? Haveria alguma pessoa que nunca mentiu?
A parte de todas essas pessoas é no lago que arde com fogo e enxofre.
Asseguramos que não há como escapar desse juízo, a segunda morte, a menos que se tenha confessado os pecados
ainda em vida, aqui na terra, e recorrido à obra do Senhor Jesus.
Não é verdade que Deus algum dia vá aniquilar o homem. A Bíblia nunca diz isso. O testemunho é claro, e afirma que todos os que forem lançados no lago de fogo e enxofre permanecerão ali sujeitos a um tormento sem fim.
Conclusão .
À luz desses eventos, como podemos avaliar o desenrolar dos fatos mundiais em nossos dias?
Em 1990, por ocasião de um almoço de negócios, tive uma conversa com um colega. O assunto chegou até a guerra do Golfo e das possíveis influências que aquele confronto poderia ter sobre a economia. Especulamos um pouco sobre uma solução para o problema. Meu colega disse:
- No fundo, essas guerras são sempre religiosas.
Na verdade, a resposta dele me surpreendeu, meditei por alguns instantes e lhe disse:
- Você tem razão.
Tirei uma folha de papel de minha pasta e perguntei se ele gostaria de ver, num esboço, como a Bíblia enfoca esse problema. Pus o papel na mesa e rascunhei o seguinte:
RÚSSIA ateísmo
EUROPA cristianismo
ISRAEL judaísmo
ESTADOS ÁRABES islamismo
Olhamos juntos para o esboço, e eu perguntei outra vez:
- Qual a solução definitiva para o Oriente Médio? Depois de um breve silêncio, meu colega respondeu:
- Israel tem que sair de lá. É bem isso que querem os árabes. Com poucas palavras eu passei a explicar o que vai acontecer: primeiro virá o ataque do Egito contra Israel, depois a cruel invasão da Palestina por parte do rei do Norte, que em seguida continuará sua marcha até o Egito. Essa invasão da Palestina desencadeará a concentração dos exércitos europeus em Armagedom, onde serão aniquilados por Cristo, depois. virá o fim do rei do Norte, o juízo sobre os estados árabes vizinhos e, finalmente, a chegada dos exércitos russos, e seu fim nos montes de Israel.
À medida que falava fui riscando os círculos do esboço: primeiro o círculo do ocidente cristão, depois o círculo dos estados árabes e, finalmente, o círculo da Rússia. O que sobrou? O minúsculo Israel.
Então disse:
- Deus vai velar para que o conflito do Oriente Médio seja resolvido, mas de um modo diferente daquele que a maioria imagina.
No decorrer das explicações, eu vinha citando várias referências bíblicas. Meu colega pediu que lhe anotasse essas referências num papel que me deu. Que outra coisa eu teria feito com mais prazer? E ele ainda disse:
- Hoje à noite eu vou conferir essas passagens em minha Bíblia. - Mas - indagou - onde ficam os Estados Unidos nisso tudo?
- Não sei - respondi. - Até onde eu posso ver, a Bíblia não faz nenhuma referência direta aos Estados Unidos. Eles não estão na esfera da visão profética. Se os Estados Unidos são vistos como associados à "Europa Unida" , ou se vão perder espaço político, isso eu não sei.
- Ainda há um detalhe disse - que não lhe posso ocultar. Você sabe o que é o arrebatamento?
- Não - respondeu ele -, ainda não ouvi falar disso.
Ele tornou a me dar aquele papel com as anotações, e eu acrescentei: 1 Tessalonicenses 4:15-18. Tentei ainda explicar-lhe um pouco mais do arrebatamento, mas tive a impressão de que ele já não captava as explicações. Que será que ele pensou a respeito disso tudo? Será que o seu interesse pela Palavra de Deus foi despertado? Se voltar a me encontrar com ele, gostaria tocar novamente nestes assuntos.
Ou o Senhor já terá voltado até lá?
EPÍLOGO
O título desta série de artigos é uma alusão a Daniel 11:40: "No tempo do fim". O próprio Senhor Jesus, em Mateus 24, se referiu três vezes a esse "fim". Na verdade, esse fim acaba sendo a porta para um novo começo maravilhoso, a saber, o do glorioso reino de paz.
Se, por um lado, a consideração desse tempo de juízos terríveis nos inflige espanto e horror, por outro, também sabemos que o período dos juízos tem duração limitada, até mesmo reduzida por causa dos escolhidos de Deus. Será um período semelhante às dores que precedem o parto. Não é cabível, portanto, que nós cristãos passemos a andar cabisbaixos por causa dessa época que sobrevirá, nem que nos entreguemos ao desânimo porque o "mundo vai acabar". Pelo contrário, devemos alegrar-nos porque a nossa redenção se aproxima (Lc 21:28). Além do mais, sabemos também que os juízos servem para Deus fazer da terra um instrumento para a manifestação de sua glória.
Sucederá ao "fim" um maravilhoso novo começo, e Deus voltará a dizer a seu povo:
"Eis que faço cousa nova, que está saindo à luz; porventura não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo" (Is 43:19).
Ao que tem o fim e o começo em suas mãos, sim, ao que é, ele próprio, o PRINCÍPIO e o FIM (Ap 21:6; 22:13), a ele seja a glória, o poder e o domínio já antes de todos os tempos, e agora, e eternamente! Amém.
"Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis." (2 Pedro 3:11-14).
Fim desta série de estudos
Referências para o estudo bíblico - Dicas para a escola dominical