Referências para o estudo bíblico
Um auxilio para professores de escola dominical e amigos da Palavra de Deus.
DESCRIÇÃO DAS HISTÓRIAS DA BÍBLIA
* Os versículos indicados com asteriscos deverão ser decorados
12) As Bodas em Caná
Explicação e ensinamentos:
Os cônjuges eram, sem dúvida, piedosos, pertencendo àqueles que esperavam pela consolação de Israel. O Senhor é convidado, vem e participa da alegria com os que estão alegres: "No lar feliz, onde Tu distribuis a alegria"... (*Rm 12,15).
O Senhor foi convidado para ser hóspede, mas logo se evidenciou como sendo o socorro na necessidade, como a fonte do prazer, como o centro da festa e o Senhor da festa e da casa. A expressão "mulher" não era, de forma alguma, algo depreciativo (compare Jo 19,26; 20,13). Que ele amava sua mãe vemos ainda lá na cruz.
A atitude do Senhor e a sua resposta mostravam que o seu feito e a sua glória como Filho de Deus sobrepujavam em muito a sua relação para com a mãe. Em dependência do seu Deus e Pai Ele esperava pelo momento e hora, que Deus tivesse' previsto para a manifestação da sua glória (v. 4) - Uma festa de casamento talvez seja a festa mais alegre, porém aqui acabou o vinho, a fonte e a figura da alegria. Mas, que bom que o Senhor Jesus estava presente. Ele é conselheiro e ajudador dos Seus. Ele quer dividir com eles sofrimentos e prazeres. Ele esteve com eles na tempestade no mar, e acalmou vento e ondas. Vemo-lo no deserto com eles, dando-lhes pão. Ele está com eles nas bodas e dá-lhes alegria, pois toda alegria terreal e humana se extingue logo. Ele se encontrava com os Seus junto ao sepulcro (Betânia) e chorou com eles, e trouxe o falecido de volta.
Havia grande quantidade de água, para a purificação (uma jarra cerca de 100 litros). Se considerarmos a água como uma figura de tribulação, temos que entender que a alegria posterior era na mesma proporção correspondente. Também a nós, que somos dEle, o Senhor dá alegria eterna e glória eterna, após havermos suportado as provações (1 Pe 1,5-9 e *2 Co 4,17) "Espera, minha alma; espera no Senhor"!
# [Nossa história das bodas de Caná e a purificação do templo, que aí é comentada, podem também ser localizadas do ponto de vista profético, em ligação com o capítulo 1 do mesmo evangelho:
De início, temos o testemunho de João Batista: Jo 1,19-38; mas a missão de João, propriamente dita (a anunciação de Jesus como cordeiro e Filho de Deus) é relatada nos versos 29-34. - A partir desse momento, o próprio Senhor Jesus é o centro e o ponto de reunião, como cordeiro de Deus e Filho de Deus. Esse trecho (v. 35-42) é uma prefiguração de como a Igreja é ajuntada, selecionada: é nossa época. E Pedro ("Cefas"), que significa pedra é, na figura, uma parte da Igreja (I Pe 2,4-5). Daí, a partir do verso 43 (depois da formação e complementação da Igreja) vem a chamada e a congregação do remanescente de Israel (Natanael debaixo da figueira) e as bodas (em Caná). Este é o "terceiro dia" precederam a esse fato os dois dias, do testamento de João (1 º dia) e da seleção da Igreja (2º dia). E depois disso inicia-se a tribulação e a seleção de Israel (3º dia). As bodas e o vinho são uma figura do reino do Senhor Jesus e da alegria sobre a Terra, quando Ele há de estar entre os Seus como Rei e Noivo. A esse reinado glorioso e a esse tempo alegre e feliz antecedem os dias da grande tribulação, tal qual não houve desde o princípio do mundo (Mat. 24); e estas profundas águas de tribulação serão convertidas no vinho da alegria. Será "O melhor vinho"; pois que tempos tão gloriosos e felizes o mundo não provou (compare Is 12; * 35,6.10; 54,7-14; Salmo 37,1; 98; 99; 100; Sf. 3,14-17). À aprovação de Israel e a ligação com o Senhor Jesus, segue a purificação do templo, o reestabelecimento das festas e dos cultos em Israel.
# As citações entre colchetes, podem ser deixados de lado por apresentarem um maior grau de dificuldade
Neste tempo presente, o Senhor Jesus está aguardando com paciência. Ainda são válidas as Suas palavras, referentes ao Seu Reino e ao seu Domínio sobre a Terra e ao desenvolvimento da Sua Glória perante o mundo:
"Ainda não é chegada a minha hora". Mas ela há de chegar. (Ap 19,11; 20,6; 21,9; CI3,4; 2. Ts 1,10) Aos crentes vale a recomendação: esperar e perseverar com Jesus (Ap 1,9; 3,10; 2 Ts 3,3)].
13) Jesus e Nicodemos
Explicação e ensinamentos:
Os fariseus eram bastante rígidos, "ortodoxos". Porém a sua fé não era autêntica, viva. De modo geral, o seu coração não estava ligado à causa! Nicodemos era também um chefe do povo e fazia parte do Sinédrio (Jo 7,50). Ele chegou a Jesus, de noite, porque conhecia a inimizade do mundo contra o Senhor e contra os Seus (Jo 15,19).
Mas ele via no Senhor Jesus somente um sábio mestre, com quem poderia obter instrução; talvez, também descanso para o coração. O Senhor, no entanto, não o instrui à maneira dos rabinos (doutores da lei) e dos escribas, não lhe deu, portanto, nenhum preceito ou doutrina, que só aumentassem a sabedoria (ou o conhecimento), mas diz a Ele que precisa possuir uma nova natureza (novo nascimento) se quiser entrar no reino prometido (aqui na terra). Portanto, uma nova vida ou uma vida de cima é o que o Senhor exige. - "Água e Espírito" operam essa vida na alma. Água é uma designação bíblica para a Palavra de Deus (compare Jo. 4,14; Ef 5,26; *1 Pe 1,23).
A Palavra de Deus condena as inclinações a caminhos antigos no coração daquele que O acolhe na fé, e promove por meio do Espírito Santo novos sentimentos e novos desejos, realizando assim uma purificação interior, uma nova natureza e nova criação (* 2 Co 5,17) # [a água de modo algum se refere ao batismo, que ao invés de dar vida é uma figura da morte e do juízo do homem antigo (Rm 6,4)].
Essa verdade a respeito da necessidade da nova natureza, Nicodemos devia ter conhecido (Ezequiel 36,25-27). Até para poder ser unificado com Cristo no Seu Reino aqui na Terra, é necessário um coração purificado, quanto mais, para entrar no céu!
(v. 12). Para isso Cristo teve de morrer.
A expressão: "Necessário vos é nascer de novo ainda não é o evangelho (boas novas); este, porém, segue agora: '''E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado" E:
"Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito". Na cruz vemos o que, segundo a santidade de Deus, era necessário para nossa salvação, e o que o amor de Deus consumou.
Aí vemos a salvação e a vida eterna para nós. [# Quão grande a nossa perdição e quão grande a santidade de Deus ("Deus é luz"), quão grande o seu amor e quão grande a nossa salvação: Tudo isso somente .chegamos a ver na cruz! (* Jo 3,14.16)]. O conteúdo de Jo 3,16 já foi denominado: "A Bíblia em miniatura". Esse verso contém profundezas maravilhosas. Deus "amou" e "Deus"; o homem "crê" e "tem" a vida eterna" e "não entrará em condenação" (v. 18). Mas sobre o incrédulo permanece a ira de Deus (v. 36).
14) Jesus e a Samaritana
Messias: v. 16-27
Explicação e ensinamentos:
Expulso pela inimizade dos judeus, o Senhor inicia a sua obra fora desse povo. Os discípulos não podiam ainda atuar fora de Israel, e nem entre os samaritanos (Mt 10,5) enquanto Israel não estivesse posto de lado, mas Ele, o Senhor da Seara, podia fazê-lo. Os samaritanos, uma mistura de judeus e gentios tinham abandonado a idolatria e aprovado a lei, mas tinham estabelecido um culto próprio no monte de Gerizim. Samaria é uma triste recordação da decadência em Israel, pois o poço de Jacó, que pertencia a José, onde também jaziam os seus ossos (Josué 24,32), estava em poder de estranhos, que não sabiam o que adoravam.
O Senhor compartilha com a humanidade, dos sofrimentos dela (cansado), o seu assento era a borda do poço (modesto); depende de uma mulher, para saciar sua sede (não tem vasilha). Quão maravilhoso lembrarmos quem é esse peregrino cansado; compare Jo 1, 1-3! - Deus tinha uma obra da graça a efetuar numa pecadora, por isso o Senhor teve de passar por Samaria. Normalmente, os judeus viajavam pela margem esquerda do Jordão, por Peréia e não por Samaria, porque odiavam os samaritanos. Quão precioso foi para o Senhor o seu préstimo a esta alma! Isso é que o nutria (v. 32). Rejeitado pelos judeus, o Senhor se dirige a uma pecadora fora de Israel, porque a graça procura objetos nos quais possa se glorificar (ela não conhece limites). - A hora sexta é a hora do meio-dia, com todo o seu calor, quando todos preferem ficar em casa. Ele encontrou-se com aquela mulher, a sós, pois ela talvez evitasse a sociedade, devido a seus próprios pecados. O Senhor chama a atenção da mulher para o "dom de Deus", do qual ela até agora nada sabia. Até agora as ambições dela estão' restritas às necessidades materiais, mas o Senhor suscita nela a sede da água viva: Isto é, a nova vida, mediante a palavra e o Espírito de Deus (compare Jo 7,38-39); uma vez que ela não sente a necessidade do coração, o Senhor se dirige à consciência dela (v. 16), descobrindo a vida pecaminosa. Ela havia caído profundamente, mas, bem por isso é objeto de misericórdia.
Como parece, essa mulher havia meditado na adoração dos samaritanos, feita em Gerisim, e naquela praticada pelos judeus em Jerusalém (ela é religiosa).Ela passa a falar de adoração, porque havia sido descoberta a sua desonra. Ela pretende se cobrir com a prática de aparência piedosa (culto próprio) - ainda hoje praticado).
Mas o Senhor rejeita este culto voluntarioso (compare Caim). Deus procura "verdadeiros" adoradores, que adorem em Espírito e em verdade (os santuários são suprimidos).
Até os judeus tinham sua adoração (por meio de sacrifícios e incenso), mas não a "verdadeira". Somente o pecador salvo, que conhece a graça de Deus, é capaz de prestar a verdadeira adoração. A Graça de Deus está revelada no Filho, que está aqui ante essa mulher. Quando ela começa a falar do Messias de Israel, que devia vir, aí o Senhor pode se lhe manifestar. Ela crê e é salva (*Lc 19.10). Esquecendo-se dos seus utensílios (ela deixa a jarra) e de sua infâmia (esta está eliminada), ela se torna uma mensageira de boas novas; muitos crêem, reconhecem que Jesus é o Salvador. Quão importante e necessário é isso! (*Jo 7,38 *Salmo 42,1-2). A comida do Senhor era fazer a vontade de Deus (verso 32; compare também o início: Hb 10,7 e o seu fim: Mt 26,39).
15) Jesus na Sinagoga em Nazaré
Explicação e ensinamentos:
Depois do cativeiro Babilônico, havia Sinagogas em quase todas as cidades judaicas. Nos sábados e nos feriados era lido, após a oração, um trecho da lei, e, depois, dos profetas (rolos): em cada escola havia um chefe (conselheiro fiscal), um servidor da Sinagoga e alguém que fazia a leitura. Qualquer um podia explicar a palavra. O Senhor até então, calado, em Nazaré (só ouvinte, talvez leitor); agora, de repente ele opera grandes sinais na Galiléia, e prega com poder (isto é: toca os corações). Aos judeus, Ele se apresenta como o Messias, que veio trazer salvação, portanto, não pregava promessa, mas o cumprimento da promessa, na sua pessoa: mas se escandalizam na sua procedência (filho do carpinteiro), e assim o instrumento da graça é rejeitado. A história do povo de Israel, aqui em miniatura (* Jo 1,11). A bênção passa aos gentios (dois ex. do Antigo Testamento: Naamã e a viúva de Sarefate). Como naquele tempo, o Senhor ainda hoje oferece a salvação a todos: Aos que têm o Espírito quebrantado, ele quer sarar (* Salmo 51,17; 34,18), dar vista aos cegos (Paulo), pregar boas novas aos pobres (2 Co 8,9), libertar os cativos de Satanás (Maria Madalena, o Gadareno) (Jo 8,36). Antes que o Senhor pudesse reinar aqui, ele teve de sofrer e morrer por nós (* 2 Co 6,2). #[O Senhor, ao ler nos profetas (em Nazaré) interrompe a leitura. Compare Lc 4.18-19 com Isaías 61,1-2. Por que o fez? Porque a continuação em Isaías (61,2), que fala da vingança e do reino, não se cumpriria ainda. Primeiro viria o tempo da graça e da Igreja (Cristandade), em que nós hoje vivemos. Compare uma interrupção semelhante em Atos 2,21, tomado de Joel 2,28-32, com Rm 10,15, tomado de Isaías 52,7! A vocação da Igreja, que praticamente é uma interrupção ou uma intercalação nos caminhos de Deus com Israel].