Referências para o estudo bíblico
Um auxilio para professores de escola dominical e amigos da Palavra de Deus.
DESCRIÇÃO DAS HISTÓRIAS DA BÍBLIA
* Sugere-se que os versículos indicados com asteriscos (*) sejam decorados
76. A oração do Senhor
João 17.
Introdução:
Embora estivesse próxima a difícil hora da morte, o Senhor, em plena paz, tinha Se ocupado tão somente com o coração dos seus, consolando-os e fortalecendo-os. Agora vêmo-LO orando ao Pai em favor deles. Eles testemunham esta maravilhosa oração, a qual já nem mais é própria deste mundo, é antes uma prova (um exemplo) da atuação do Senhor junto ao Pai, acima no céu, em favor dos seus enquanto estes ainda estão aqui. Eles ouvem também quão íntima e eternamente os seus têm sido amados por Ele e pelo Pai; o Pai os tem dado a Ele dentre o mundo, Ele, por sua vez, os encomenda novamente à fiel proteção de Seu Pai, neste mundo, até ao fim. O Senhor orou estas palavras estando ainda no mundo, para que os seus soubessem quão fielmente são amados e protegidos pelo Pai e pelo Filho, e para que tenham neles o Seu gozo (verso 13!). Por meio dessa oração também damo-nos conta de um elevado privilégio: o lugar que ocupamos tanto no coração do Senhor como também no coração de Deus, o Pai!
A oração pode ser subdividida em quatro partes:
O Senhor levanta aos céus os Seus olhos de amor, olhos que até então estavam fitos nos seus, e dirige-Se ao Pai; pois chegara a hora de glorificá-LO no céu nessa Sua nova posição que receberia depois de tê-LO glorificado plenamente aqui sobre a Terra (videv.1 e 4). Assim, entendemos que" a hora" , que tinha chegado, não era a cruz e a morte, mas Sua partida. Embora ainda não tivesse passado pela cruz, em espírito Ele já se via depois dela: a obra tinha sido "consumada" e Ele já "não estava no mundo" (versos 4 e 11). Por Sua obediência o Senhor recebeu de Deus, o Pai, "autoridade sobre toda a carne" para conceder a vida eterna a todos quantos do mundo foram-Lhe dados por Deus. Todos os que conhecem Deus, o Pai, e o Filho, o Redentor que fora prometido, têm a vida eterna.
A seguir ouvimos as maravilhosas palavras: "Eu te glorifiquei na Terra consumando a obra" (verso 4). Baseado nestes dois grandes fatos: que o Senhor glorificou o Pai justamente nesse cenário em que todos" sem exceção, O tinham desonrado, e por ter consumado a obra singular, a qual Ele somente poderia consumar, é que nós fomos salvos e temos Deus por Pai; ocupamos com Cristo a mesma condição de filhos. Agora, pois, o Filho está pedindo ao Pai que, por ter consumado a Sua obra na condição de homem, O glorifique à Sua direita com a glória que Ele - em Sua condição de Filho de Deus já tinha desde a eternidade (veja também Fp 2:6-11).
Versos 6-13:
Falando com o Pai, o Senhor agora menciona os seus, e diz:
"Manifestei-lhes o teu nome". Trata-se do nome do Pai; Deus já Se havia manifestado a Abraão, que vivia entre idólatras, como o Todo-poderoso (Gn 17: 1); manifestou-Se a Seu servo Moisés como Jeová, o Eterno, o Imutável (Êx 3:14-15); mas é Jesus Quem nos manifestou Deus como Pai, fazendo também que os que nEle cressem sejam feitos filhos de Deus (Jo 1:12,18; 20:17). Além do mais o Senhor deu Sua Palavra aos seus, que Deus lhe dera desse mundo. Trata-se de duas bênçãos elevadas: ter Deus como Pai e possuir Sua Palavra.
A seguir o Senhor menciona três razões por que está intercedendo pelos Seus ao Pai (versos 9-11):
1- "São teus";
2- "Neles eu sou glorificado";
3- "Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo".
Nisto Ele dirige ao Pai sua primeira petição pelos seus: "Pai santo, guarda-os em teu nome!" (verso 11).
Os crentes possuem a Palavra (a plena revelação) de Deus, o Pai, estando em meio a esse mundo, e não são do mundo; por isso o mundo os odeia (*versos 14-16, Jo 15:19-20; 1J03:1,13). Que fato relevante! O Senhor diz duas vezes que os seus "não são do mundo, como também ele não é do mundo" (versos 14e 16). Eis o porquê das duas novas petições:
"Que os guardes do mal!" e "Santifica-os na verdade! " (versos 15 e 17). A ação da Verdade (a Palavra de Deus) dissocia, separa e purifica constantemente de toda sorte do mal (Ef 5:26). Santidade e verdade devem caracterizar e ornar os crentes aqui no mundo como testemunhas de Deus (veja também Ap 3: 7, onde o Senhor se nomeia "o Santo, o Verdadeiro"). Assim como o Pai O enviou a este mundo, para glorificá-LO aqui e para testemunhar dEle, assim, para o mesmo propósito, Ele agora tem enviado os seus ao mundo (verso 18). Quando O ouvimos falar que a Si mesmo se santifica a favor dos seus, Ele está Se referindo a Sua ida para o céu (verso 19; Hb 7 :26). Por estar entronizado no céu, todos os que nEle crêem estando, portanto, unidos a Ele -estão separados do mundo (o que significa: "santificados").
Versos 22-26:
Aqui temos a última petição do Senhor: os seus devem estar com Ele na mesma glória. O anseio do Senhor não estará satisfeito enquanto os seus não estiverem ali onde Ele está. Uma de suas glórias compartilharemos com Ele (aquela que Ele nos adquiriu na redenção), a outra, a glória de Sua pessoa, a qual Ele sempre gozou na qualidade de Filho do prazer e do amor de Deus, a esta contemplaremos (versos 22 e 24). Quão maravilhosa é esta bem-aventurança eterna! Até o mundo há de reconhecer que l;)S redimidos são amados pelo Pai como Ele, o Filho! (verso 23).
Quando o Senhor então considera o mundo, diz: "Pai justo" (verso 25). Quando falou por Si, disse somente: "Pai"; falando dos seus, disse: "Pai santo" (verso 11). Sim, o mundo terá de contemplar a Deus em Sua justiça.
Em Sua oração a Deus o Senhor por fim diz de Seu propósito de revelar ainda mais aos seus o maravilhoso conteúdo do nome do Pai, dando-lhes assim condições de gozar continuamente o Seu amor de Pai por toda a sua caminhada pela Terra (verso 26).
Várias vezes o Senhor fala ao Pai da unidade dos seus (versos 11 e 21-23). Um dos aspectos da unidade refere-se ao íntimo relacionamento dos crentes entre si, enquanto são um com o Pai e com o Filho. Se expressarem esta unidade divina, então por intermédio deles o mundo terá um testemunho coletivo de que Deus enviou o Seu Filho ao mundo. Infelizmente este testemunho coletivo já não é tão visível como deveria, por conta da confusão existente na cristandade. Um outro aspecto da unidade (versos 22-23) será demonstrado quando todos os redimidos um dia estiverem na mesma glória.
Note-se como o Pai tudo deu ao Filho, e como o Filho tudo deu aos seus, bem como tudo fez por eles, estes que lhe tinham sido dados: a obra (verso 4); as palavras (verso 8); o nome do Pai (verso 11); a palavra (verso 14); a glória (verso 24).
Um outro breve comentário que se pode fazer é que nesta oração o Senhor Jesus menciona:
1- a nossa procedência (verso 6);
2- a nossa posição atual e proteção que gozamos (versos 9-16);
3- a nossa porção e a nossa sorte futura (versos 22-24).
É importante notar também que o Senhor Jesus não pede pelo mundo, mas pelos seus que estão no mundo (verso 9).
77. Jesus no Getsêmani
Explicação e ensinamentos:
1. Depois de termos atentado para as maravilhosas palavras que o Senhor naquela última noite ainda falou aos discípulos, e como orou ao Pai a favor deles, voltaremos agora a considerar os Seus sofrimentos, os quais por repetidas vezes antecipou, e que agora estavam perante Ele.
Todos os laços que havia entre os discípulos e o Senhor aqui na Terra seriam rompidos. Todos iriam desampará-LO, deixá-LO, escandalizando-se nEle, a saber, em Sua rejeição. Assim se cumpriria Zacarias 13:7:
"Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; mas volverei a minha mão para os pequeninos". As ovelhas eram todos os verdadeiros discípulos de Jesus.
Embora Pedro demonstre coragem, isso nada mais é do que uma cega auto confiança e também arrogância em relação aos demais. Ele contava com o seu próprio coração, mas quem age assim é insensato(*Pv 28:26). O Senhor indica a Pedro o exato momento em que o negaria: entre a meia-noite e a manhã. A resposta: "Ainda que me seja necessário morrer contigo" revela que Pedro confiava até mais em si do que nas palavras do Senhor (Jr 17 :9; 1 Co 10: 13; quão diferente foi Paulo: 2 Co 1:9!).
2. O senhor atravessa o ribeiro
Cedrom e sobe ao Monte das Oliveiras; aos pés desse monte está o jardim Getsêmani (Sig. Lagar do óleo).
Os três que testemunharam a demonstração da glória de Jesus no monte da transfiguração também deverão ser testemunhas de Seus sofrimentos. Porém tanto lá como aqui eles estão dormindo (Lc 9:32). Quão fraca e incapaz é a carne!
O Senhor está angustiado em vista daquelas horas tenebrosas, entristecido e atônito. Satanás está postado para a batalha, e quer vencê-LO pelo horror da morte. [Fazemos bem em lembrar que o Senhor não tinha nos salvado ainda por Seus sofrimentos no Getsêmani. Ali o cálice dos sofrimentos foi-Lhe apresentado por Satanás, porém Ele o tomou da mão do Pai para somente esvaziá-lo depois, na cruz.] Até então a morte ainda não tinha perdido o seu aguilhão, e ainda leva consigo o caráter de juízo de Deus sobre o pecado (o salário do pecado). Aquele que não conhecia pecado havia de ser feito pecado, tornar-se maldição e ser completamente desamparado por Deus. Jesus vigia e ora: jamais Ele tinha sido exposto a tais ataques das trevas; Ele espera algum consolo dos discípulos (SI 69: 20); Seu assombro é indescritível, porém maior é a Sua devoção ao Pai, sim, esta é perfeita (ora por três vezes, Hb 5:7-8).
Depois disso o Senhor, sereno e cheio de graça, dirige-Se mais uma vez aos discípulos que logo também seriam provados por Satanás (* 1 Pe 5:8).