Revista Leituras Cristãs

Conteúdo cristão para edificação

Servir a Deus (Parte 2)

SERVIR A DEUS

 

COMO SERVIR

Gostaria, agora, de chamar a atenção para duas porções da Escritura, para dois princípios que devem ser bem considerados no serviço. O pregador Salomão aconselha: "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças" (Ec 9: 10); e o profeta Zacarias exclama: "Quem despreza o dia das coisas pequenas?" (Zc 4: 10). Certamente será uma benção para o servo, se estes dois princípios forem considerados em seu coração enquanto servir; porém a fonte de sua energia para o serviço será unicamente esta: a aquisição do conhecimento de Deus e de Cristo, e o amor por 8e- isto é fruto de uma constante e íntima comunhão com 8e e Sua Palavra. Consideremos as palavras do Senhor: "aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração", e assim não irá demorar muito, e nem será difícil, para que as nossas mãos encontrem algo afazer. Caso a Sua glorificação, a Sua agradável vontade sempre for a nossa prioridade, então faremos as coisas de todo o coração e com todas as nossas forças. A carne gosta de dominar, opta por fazer coisas que a exaltem, tende a ir além da medida do dom da graça que recebeu e quer servir com aqueles dons que lhe proporcionam maior honra e consideração junto aos homens. O que se passa é que um serviço assim não coopera para a glorificação de Cristo, e nem tem em vista o bem-estar das almas, é totalmente rejeitável e sempre será danoso, tanto para nós mesmos como para os outros. Quão perigoso é este pendor, e quantos não falharam aqui! Quiseram servir (mas também brilhar!) com um dom que nem possuíam, e desprezaram aquele que receberam, porque o consideraram de pouca importância. Oh, quantos serviços que poderiam ser uma benção, quantas oportunidades deixamos de aproveitar quando almejamos as coisas grandes, e desprezamos as pequenas! Quantas vezes os crentes, que talvez até moram na mesma casa, passam indiferentes um pelo outro sem aproveitar as oportunidades, talvez diárias, de servirem-se mutuamente em amor, de ajudarem-se segundo o corpo ou a alma! Há aqueles que lastimam a falta de oportunidades para servir os santos, ao passo que desprezam o "dia das coisas pequenas" por não enxergarem aquilo que 'está à sua frente'. Pode bem ser que não reparemos em serviços que seriam muito abençoados e agradáveis a Deus (podemos desleixar os pobres e os doentes, as viúvas e os órfãos que vivem ao nosso redor e que carecem de uma palavra amiga de consolo ou de ânimo, talvez até de ajuda prática; podemos abandonar os novatos na fé, aqueles que, devido ao pouco conhecimento e inexperiência são tão propensos a serem desviados do reto caminho) e, por outro lado, sermos desejosos demais de falar na congregação ou então querermos aparecer de uma outra forma. Se o nosso olhar tão somente fosse simples, e se o nosso coração estivesse direcionado para Cristo, cheio de amor por Ele, então nos daríamos conta de milhares de oportunidades para O servir de maneira agradável e de sermos úteis à edificação de Seu corpo. Que o Senhor, por meio de Seu Espírito, possa despertar e fazer crescer em nós uma constante prontidão e nos dar uma atitude para o serviço que Lhe seja digna!

Tomemos agora as cartas do Novo Testamento. Ali encontraremos muitas orientações que se dirigem a todos os membros do corpo de Cristo, e cujo propósito é o crescimento e a edificação por intermédio dos mesmos. Eu gostaria de mencionar somente algumas destas passagens, e desejo que o leitor crente possa lê-Ias com atenção e que as retenha em seu coração. A primeira referência é Romanos 12, onde lemos nos versos 6-8: "Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina, esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta, faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia com alegria." Uma exortação que estes versos apresentam é, sem dúvida, a não irmos além do dom que recebemos, mas que tenhamos um coração humilde e que nos lembremos sempre que cada dom, sim, que tudo o que possuímos nos tem sido dado por graça. Esta exortação, por outro lado, também não exclui a ninguém: cada um tem recebido, segundo a sua medida, um ou outro dom proveitoso ao corpo e pelo qual é responsável. Isto é tanto mais verdadeiro quando lemos passagens como: "Amai­-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo­-vos em honra uns aos outros... comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade" (Rm 12: 10-13). "Cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação" (Rm 15:2). "Sede servos uns dos outros pelo amor"(GI5: 13). "Consideremo-­nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras" (Hb 10:24). "Sede, pois, imitadores de Deus como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a Si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave" (Ef 5:1-2).

Não podemos esquecer, jamais, que Deus, por causa de Seu grande amor que nos demonstrou em Cristo, nos fez devedores do amor uns para com os outros (1 Jo 4: 11). Sim, devemos até mesmo dar nossa vida pelos irmãos, pois Cristo deu a Sua vida por nós (1 Jo 3: 16). Nós somos servos de Cristo e devedores do amor. Por um lado, nos tomamos participantes de um elevado privilégio, e por outro pesa sobre nós uma importante obrigação. Quanto não perdemos se formos negligentes em servir uns aos outros com o amor! Que dano, tanto para nós, como para a Igreja, e, antes de tudo, que desonra para o Senhor! Ainda que nossa ocupação aqui no mundo seja bastante útil, ou até muito importante, não existe um serviço mais elevado, mais abençoado, do que empenhar o amor aos que Lhe pertencem. Ele contempla cada serviço, cada empenho do amor- seja grande ou pequeno­ como sendo demonstrado a Ele mesmo. Que o nosso amor por Aquele, que deu a Sua vida por nós, possa crescer e abundar cada vez mais!

Mas consideremos ainda outras passagens que exortam todos os crentes a servir uns aos outros:

"Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-­o com o espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo" (GI 6:1-2). "Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou" (Ef 4:32). "Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos, e sejais longânimes para com todos. Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem, entre vós, e para com todos" (1 Ts 5:14-15). Paulo escreve a Timóteo: "Exorta aos ricos... que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos em dar e prontos a repartir" (1 Tm 6:17-19).

Temos aí um vasto campo de serviço para todo o crente, caso, de fato, o amor de Cristo ocupar o seu coração. Se o desejo for servir ao Senhor, então Ele certamente concederá muitas oportunidades, dará também a capacitação que for necessária ­isso se o crente tiver o seu olhar voltado ao Senhor, ciente de que depende inteiramente dEle. Ele conhece os nossos corações e já  de longe discerne os nossos pensamentos. Ele viu a Zaqueu I trepado na figueira brava e lhe disse: "Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa" {Lc 19:5}. Quando estava para entrar em Jerusalém, Ele enviou dois de Seus discípulos a uma aldeia a desprender uma jumenta e seu jumentinho e trazê­-los a Ele. Se alguém lhes perguntasse: "Por que fazeis isso?" Deveriam responder simplesmente: "O Senhor precisa dele, e logo o mandará de volta para aqui". Poucos dias mais tarde, mandou perguntar por meio de seus discípulos a um homem na cidade: "Onde é o aposento no qual hei de comer a páscoa com os meus discípulos?" E este lhes mostrou um espaçoso cenáculo mobiliado, tal como o Senhor o predisse. Vemos aí que o Senhor conhece o coração dos que Lhe pertencem e que corresponde adequa­damente ao desejo de Lhe servir.

 

AS VÁRIAS OPORTUNIDADES

Gostaria ainda de comentar que, além do bendito privilégio de participar do serviço na Igreja, a todos os crentes é concedido o de servir à obra do Senhor. Como?:

- Se apenas tivermos coragem e disposição, teremos várias oportunidades de prestar um testemunho pessoal.

- Depois podemos orar e interceder pela própria obra e seu progresso, mas também por aqueles que se dedicam especialmente a ela {veja Ef 6: 18­19; CI 4:3; 2 Ts 3:1-2}.

- Podemos, igualmente, tomar-nos participantes da obra ao sustentar os obreiros com recursos materiais, acolhê-los em nossas casas quando estiverem de viagem, acompanhá-los se necessário for; enfim, ajudá-los em todas as maneiras que forem úteis à obra. A Palavra de Deus nos anima e exorta bastante quanto a isso {veja Fp 4: 10-20; GI 6:6; 1 C0 9:14; 1 Co 16:11; 3Jo 6-8}.

Onde o coração for submisso e participativo – pulsar para Cristo e Sua obra -, e onde o olhar estiver voltado para o Senhor, ali não faltarão oportunidades de servir ao Senhor e de glorificar o Seu nome.

 

AS IRMÃS TÊM UM VASTO CAMPO

Se estamos tratando do serviço de todos os membros do corpo de Cristo para "a edificação de si mesmo em amor", então é evidente que as irmãs também estão compreendidas. No entanto, todo o ministério cristão que é público, tudo o que é pertinente ao exercício dos {assim chamados} 'ofícios' quando está reunida a igreja, foi confiado aos irmãos. As irmãs são participantes de uma outra esfera de ação igualmente abençoada: o secreto, na retaguarda. Quando se trata da atividade ou dos 'ofícios' públicos, o apóstolo diz: "Não permito que a mulher ensine" (1 Tm 2:12); outra vez: "Conservem­-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas ... porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja" (1 Co 14:34-35). Por outro lado, o Novo Testamento dá belos testemunhos de abençoados serviços de muitas mulheres crentes. Enquanto o Senhor caminhou aqui na Terra, foram justamente as mulheres que lhe prestaram assistência com os seus bens (Lc 8:3). Em Atos 9, podemos ler de uma certa discípula, por nome Tabita: "ela era notável pelas boas obras e esmolas que fazia" (v. 36-39). Áquila e Priscila acolheram a Paulo em sua casa e depois o acompanharam a Éfeso (At 18:2­3,18). Ali, tomaram consigo a Apoio, que falava ousadamente a respeito de Jesus na sinagoga, e, "com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus" (v. 25-26). Ambos recebem do apóstolo um maravilhoso testemunho em Rm 16:3-4, em que o nome da mulher é até mesmo mencionado em primeiro lugar: "Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida arriscaram as suas próprias cabeças". O mesmo capítulo ainda dá outros belos testemunhos de mulheres que se deram ao Senhor e que se tomaram em benção para muitos:

"Recomendo-vos, pois Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia... porque tem hospedado a muitos, como também a mim mesmo" (v. 1­2). "Saudai a Maria, que trabalhou muito por nós" (v. 6). "Saudai a Trifena e a Trifosa, as quais trabalham no Senhor. Saudai à amada Pérsida, a qual muito trabalhou no Senhor" (v. 12). Em Fp 4, lemos de Evódia e Síntique, que se esforçaram com Paulo no evangelho, também com Clemente e com os demais cooperadores do apóstolo (v. 2­3). O Espírito Santo achou por bem deixar relatados estes e outros testemunhos de serviços desempenhados fielmente para o Senhor, para que nos fossem de ânimo e exemplo. Podemos ainda notar o cuidado do Espírito Santo quando, tratando de critérios para a igreja sustentar as suas viúvas crentes, cita exemplos de atividades que aprecia ver as irmãs exercendo: "Seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha... exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra" (1 Tm 5:10). Se uma irmã amar ao Senhor e Lhe for devota, então notará, como vimos, que há para ela uma vasto campo de serviço. Porém, para estarmos aptos a fazer a "boa obra" como Maria, temos antes que escolher a "boa parte"; esforçarmo-nos a permanecer aos pés daquele que sempre está disposto a nos oferecer da Sua plenitude.

Tanta atividade cristã é feita sem que a fonte seja a comunhão com Ele; é a ocupação "em muitos serviços" de uma Marta, que não escolheu a "boa parte" e que até mesmo acusa sua irmã por não participar com ela.

 

A ATITUDE QUE NOS CONVÉM

Que o nosso Senhor, que é rico em graça, faça com que o Seu Espírito opere nos seus, animando os corações ao Seu serviço para a glorificação de Seu nome! Damo-nos conta de que o desempenho deste serviço tem sido deficiente. Quais são as causas?: preguiça, pendor para o mundo e também aquele costume de confiar a alguns poucos indivíduos todo o serviço tanto dentro como fora da Igreja. Essa negligência certamente se faz notória em todo lugar. Alguns então notam que o estado das coisas em seu meio não é abençoado, nem agradável a Deus; suspiram, mas... o que fazer? O primeiro passo, certamente, é ir ao Senhor, O único que pode ajudar, nos humilharmos perante Ele e nos julgarmos a nós mesmos. Mas, depois, também é necessário reconhecer que o serviço para a edificação da Igreja foi confiado a todos os seus membros, e que este serviço não pode ser negligenciado. Se dons especiais estiverem ativos em nosso meio, dados conforme Efésios 4, então devemos conceder-lhes honra, reconhecer e acatá-los com gratidão perante o Senhor; porém, estes não foram dados para eliminar o nosso próprio serviço individual.

Que o Senhor, cuja vinda está mui próxima, queira visitar-nos com Sua graça, preencher os nossos corações com o Seu amor e fazer com que estes - pelo poder de Seu Espírito - Lhe sejam devotos e submissos. Para que os poucos dias que ainda nos restam sejam para a Sua glória, estando nós ocupados em Seu abençoado serviço!

 

A relação entre: O Tabernáculo e o Evangelho de João


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