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Revista Leituras Cristãs

Conteúdo cristão para edificação

Termos Bíblicos: Autoridade

Sob este título temos o propósito de esclarecer algumas expressões que encontramos no texto da Escritura.

Nisto nós não desejamos fazer uma, assim chamada, interpretação “teológica” do termo, mas simplesmente contribuir para a compreensão geral.

Certas palavras que lemos na Santa Escritura, que ouvimos em palestras, pregações, ou talvez nós mesmos usamos, não são compreendidas de imediato por todo mundo.

Um dos motivos pode ser o fato de que certas palavras, no decorrer dos anos, perderam o sentido original através do linguajar “normal”, diário. Quando então esses termos são aplicados no sentido da Escritura Sagrada — em pregações ou escritos — o ouvinte ou o leitor pode ter dificuldades na compreensão daquilo que é dito ou escrito.

Algumas curtas explicações poderão ser de ajuda.

TERMOS BÍBLICOS

Autoridade

O sentido desta palavra na administração pública moderna se refere geralmente aos três poderes (legislativo, executivo e judiciário).

O conceito de Autoridade na Escritura Sagrada

Nas diferentes traduções do Novo Testamento, o termo autoridade é usado muitas vezes. É a tradução da palavra grega exousia. Em alguns casos também é traduzida como direito, poder, domínio, potestade, jurisdição.

A partir dessas diferentes expressões, que os tradutores escolheram de acordo com o contexto – e eles o fizeram ponderando bem cada caso – fica perceptível a amplitude do espectro desta palavra grega. Em muitos casos ela pode ser traduzida como autoridade. Esta palavra não só contém a ideia de “poder” para executar ou fazer executar algo, mas também a ideia de “direito” (e com isso também a “liberdade”), de fazê-lo.

Pode referir-se à área de governo, administração, direito ou também às relações mais simples, como as domésticas e familiares.

Para melhor compreensão citaremos algumas passagens da Escritura Sagrada, para esclarecer estes significados.

Mateus 9:6: “Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade [gr. exousia] para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa.”

Mateus 10:1: “E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder [gr. exousia] sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.”

A autoridade exercida aqui inclui poder e capacidade ao mesmo tempo.

Mateus 21:23: “E, chegando ao templo, acercaram-se dele, estando já ensinando, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, dizendo: Com que autoridade [gr. exousia] fazes isto? E quem te deu tal autoridade?”

Aqui autoridade tem o sentido mais de direito, de pleno poder.Podemos perceber também nesta passagem que esta autoridade, este direito é dado ou concedido.

Na linguagem cotidiana, essa palavra também tem esse sentido. Se um advogado quer representar alguém diante da justiça, precisa de uma procuração, o que também vale em caso de negócios e outras transações que alguém realiza para outro.

O originador e a fonte de todo poder ou autoridade é Deus

Autoridade, no sentido absoluto, só Um possui: o próprio Deus. Ele é aquele que, como Todo-Poderoso, pode conceder a outros seres, que Ele mesmo criou, poder, autoridade, direito, representação segundo a Sua absoluta soberania (comp. Daniel 2:37).

E isso Ele fez: Ele muniu anjos com poder; deu poder aos homens para, por exemplo, como autoridade estatal, governar e julgar sobre a terra. Mas em todos os casos trata-se de uma autoridade “derivada”.

Nós lemos dessas autoridades nas cartas de Paulo:

  • Existem “potestades nos céus” (Efésios 3:10).

Aqui se trata de anjos (= potestades celestiais), que contemplam cheios de admiração os resultados do agir de Deus, segundo o Seu eterno propósito.

  • “Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam” (Tito 3:1).

Aqui se trata de autoridades humanas, terrenas, que devem ser reconhecidas.

  • “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Colossenses 2:15).

Aqui o apóstolo fala da vitória do Senhor Jesus sobre poderes satânicos.

Diferentes poderes confiados

No que diz respeito a autoridade dos anjos, o Salmo 103:20 diz que excedem “em força” e que obedecem à “voz da sua palavra”. Serafins e querubins, como seres celestiais, têm tarefas sublimes diante do trono de Deus, isto é, em Seu governo. Deus faz que anjos introduzam os juízos futuros (cf. Apocalipse 6-20).

Deus também confiou poder aos homens. Adão devia ser o “administrador” na terra, e assim exerceu autoridade.

Mas também depois da queda do homem, Deus instituiu “principados e potestades”, como poder de ordem, que deviam punir o mal numa terra “cheia de violência”.

“Não há potestade que não venha de Deus” (Romanos 13:1).

Até um ímpio como Pilatos não teria tido poder se do alto não lhe fosse dado (João 19:11).

Também na ordem de criação Deus conferiu poder ou autoridade. Talvez possa surpreender um ou outro de nossos leitores, mas Deus pôs o homem por cabeça da mulher – motivo pelo qual a mulher, quando ora deve ter um “poder” sobre a cabeça, como sinal de sua submissão voluntária ao homem, “por causa dos anjos” que estão presentes.

Abuso de poder e exercício ilegal do poder

Existem anjos que abusaram do poder conferido por Deus usando-o contra Ele mesmo: Satanás e seus anjos – demônios, também chamados “espíritos imundos”.

Apesar de ter seu destino futuro determinado (o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos – Mateus 25:41; Apocalipse 20:10), ainda estão “nos lugares celestiais” (Efésios 6:12), e buscam frustrar os planos de Deus e seduzir os homens.

Satanás é chamado de “deus deste século” (= deste mundo) em 2 Coríntios 4:4, e em Efésios 2:2 “príncipe das potestades do ar”.

A primeira expressão mostra que Satanás se rebela contra Deus e o evangelho de Deus, e faz com que o honrem; e expressão “príncipe das potestades do ar” indica a atmosfera totalmente contaminada por Satanás, que os homens respiram neste mundo.

Quando os homens, aos quais foi concedido poder, esquecem que eles também se encontram sob a absoluta autoridade de Deus, e que são responsáveis diante dEle, então rapidamente abusam do poder. A história da humanidade relata incontáveis exemplos.

Segundo Filipenses 2:10-11, todos terão, por fim, de se submeter à autoridade do Senhor Jesus:

“Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”.

O poder do Senhor Jesus sobre esta terra

Quando lemos os Evangelhos, nos chama especialmente a atenção que em muitas passagens é dito do Senhor Jesus, que Ele tem poder de perdoar pecados, ressuscitar mortos, curar enfermos etc.

Isso é notável porque Ele, como Filho eterno — Deus Filho — afinal possui em Si mesmo toda autoridade, todo poder, todo o direito, “que é a cabeça de todo o principado e potestade” (Colossenses 2:10). Mas — e isso mostra exatamente a aplicação da expressão do “poder concedido” — Ele recebeu este poder do Seu Deus e Pai, como Homem dependente e obediente, o “Filho do homem”, como o verdadeiro “Servo do Senhor”:

“Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste” (João 17:2).

Como Filho do homem, Ele também recebeu poder para exercer julgamento:

“E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem” (João 5:27);

Ele está plenamente investido de poder para tal. Como Filho de Deus encarnado, nosso Senhor recebeu todo o poder. Ele fez a “obra de Deus” com perfeição. Por meio de Sua grande obra de salvação e reconciliação, Ele como Homem Cristo Jesus, adquiriu todos os direitos e toda a autoridade; Ele tomou o poder do adversário de Deus, do diabo, e subiu ao céu e está à direita de Deus, “havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências” (1 Pedro 3:22). Satanás é um inimigo vencido, e o crente está estreitamente ligado e unido ao Vencedor. Dessa forma, o Senhor diz para aquele que guarda Suas obras até o fim:

“eu lhe darei poder sobre as nações... como também recebi de meu Pai” (Apocalipse 2:26-27).

Em Suas últimas palavras aos Seus discípulos Ele diz:

“É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28:18).

Por conseguinte, o Senhor Jesus tem o direto de conceder poder. O apóstolo Paulo fala do “poder que o Senhor me deu para edificação” (2 Coríntios 13:10). Evidentemente se trata aqui de sua autoridade apostólica, que ele e os outros apóstolos receberam do Senhor.

Uma das “autoridades” concedidas a Pedro era “as chaves do Reino dos céus” (nós conhecemos um assim chamado “poder de chave”).

Hoje, que não existem mais apóstolos com sua autoridade, só permanece uma “autoridade”, a que o Senhor deu à Igreja, mas que está condicionada à presença do Senhor no meio dos Seus. É a autoridade para poder ligar e desligar na terra, e que é reconhecida no céu (Mateus 18:18).

Também existe certa autoridade moral de irmãos que a Palavra de Deus chama de “guias”, visto que são legitimados por uma vida consagrada ao Senhor, não por terem recebido esta autoridade diretamente.

O Senhor Jesus no exercício público de Sua autoridade

O dia não está distante em que o Senhor Jesus exercerá o Seu poder na forma de juízos sobre todos os inimigos, dia em que Ele irá reinar, assim como Deus determinou para esta terra. Ele irá executar todo o conselho de Deus nesta Sua autoridade e poder para plena glorificação de Deus.

Finalmente iniciará o estado eterno, onde não haverá mais poder ou autoridade conferida. O Senhor Jesus devolverá então também a Deus a autoridade que havia recebido para execução do conselho de Deus.

Depois lemos:

“Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Coríntios 15:24-28).

R. B.


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