Antes de prosseguir, queremos ressaltar um princípio importante, a saber, devemos atentar para o contexto de uma passagem bíblica, o trecho que antecede e aquele que sucede ao texto que estudamos.

Ao meditarmos no primeiro capítulo, vimos que o apóstolo Paulo, após as saudações introdutórias, escreveu que ele e seus colaboradores agradeciam a Deus constantemente que os tessalonicenses evidenciaram características tão claras da nova vida na sua conduta.

Por meio disso se manifestou a autenticidade de sua conversão. O evangelho que lhes fora proclamado teve efeitos poderosos. O exemplo dos pregadores teve um papel importante nisso. Paulo expressou isso assim: “como bem sabeis quais fomos entre vós” (v. 5).

Então ele retoma isso no capítulo 2, nos versículos 1 a 12. Além disso, ele já havia mencionado no capítulo 1, que os crentes em Tessalônica começavam a sentir opressão por parte dos incrédulos.

No capítulo 2:13-16, ele lança um olhar sobre as pessoas que causavam essa opressão. Além disso, no final deste capítulo, ele escreve novamente sobre a vinda do Senhor.

Assim, vemos uma clara relação entre os capítulos 1 e 2.

Divisão do capítulo 2

A recepção do apóstolo Paulo e seus colaboradores em Tessalônica e sua pregação após os sofrimentos precedentes em Filipos (vv. 1-2).
Sete características negativas que não estavam presentes nestes servos do Senhor (vv. 3-6).
Sete características positivas que estavam presentes neles (vv. 7-12).
Como os tessalonicenses receberam a Palavra de Deus (v. 13).
Como os judeus se mostraram ser inimigos de Deus (vv. 14-16).
O desejo dos servos do Senhor de rever os tessalonicenses. Finalmente, uma perspectiva para a vinda do Senhor Jesus (vv. 17-20).

Exposição do capítulo 2

vv. 1, 2 - Porque vós mesmos, irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para convosco não foi vã; mas, mesmo depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate.

Paulo lembra mais uma vez os destinatários da carta da sua breve estadia em Tessalônica, que ele chama aqui de “nossa entrada para convosco”. Já no capítulo 1:9 ele havia mencionado que até na Macedônia e Acaia, “mas também em todos os lugares”, se falava de que entrada (e que recepção) tiveram junto aos tessalonicenses.

“depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos”.

Leia mais uma vez em Atos 16, como Paulo e Silvano (Silas) sofreram: primeiramente foram levados para a praça à presença das autoridades¹, e depois aos magistrados²; suas roupas haviam sido arrancadas dos seus corpos, a seguir foram açoitados; depois lançados na prisão, no lugar de segurança máxima e, finalmente, ainda lhes prenderam os pés no tronco³.

Eles tinham expulsado um demônio de uma mulher escravizada por Satanás. E como Paulo e Silas reagiram aos maus tratos? À meia noite oravam e cantavam louvores a Deus.

Na situação mais difícil, ainda isso: oravam e cantavam!

Certamente essa experiência causou uma impressão duradoura nesses dois homens. A propósito, não foi a primeira vez que Paulo foi maltratado. Em Listra, um ou dois anos antes, ele fora apedrejado; e como pensaram que estava morto, foi arrastado para fora da cidade (Atos 14:19).

“tornamo-nos ousados em nosso Deus”.

Perguntemo-nos:

Nós também somos destemidos e ousados para confessarmos o nosso Senhor diante dos homens, para aqueles que ainda não O conhecem?

Isto provavelmente não é possível sem uma luta espiritual.

É necessário vencer obstáculos; para um é o comodismo, para o outro pouca coragem, em outro falta de tempo, no próximo...

Qual é o seu motivo para ter deixado de confessar o Senhor Jesus e não se preocupar com a salvação de homens perdidos, todos aqueles que têm uma alma imortal?

“para vos falar o evangelho de Deus”.

Apesar dessas circunstâncias externas desfavoráveis, ainda assim eles tinham uma paz profunda em seus corações. E, de forma intrépida e voluntariamente, eles proclamavam o evangelho de Deus.

Para eles, não havia nada mais glorioso do que dar a conhecer esta mensagem aos pecadores, a oferta da graça de Deus, por meio de Seu Filho, Jesus Cristo.

“com grande combate”.

A proclamação do Evangelho acontecia em grande luta. Talvez o apóstolo pensasse na hostilidade dos homens que se opunham ao Evangelho. Ou era a luta em oração pelos perdidos? Paulo não proclamava um “evangelho-aceite-ou-deixe-o”. Ele não era um teólogo nem filósofo cristão, que expunha a verdade corretamente; ele também não era um místico que falava dos seus sonhos, impressões ou experiências.

Ele proclamava o Evangelho com o ardente desejo pela salvação de perdidos, e sob grande combate. Em uma pregação assim, os frutos correspondentes não deixariam de vir.

v. 3 - Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência;

Nos versículos 3 a 6, o apóstolo enumera sete maneiras em que ele e seus colaboradores não pregavam o Evangelho.

Não com engano (ou heresia).
Não com imundícia (ou impudicícia, desonestidade).
Não com fraudulência.
Não para agradar a homens.
Não com palavras lisonjeiras.
Sem pretexto de avareza.
Não buscando glória dos homens.

“Porque a nossa exortação”.

Aqui ele chama a proclamação de exortação⁴. Com isso, fica evidente que a proclamação do Evangelho tem um aspecto totalmente prático em relação às pessoas e a toda a sua vida.

Naqueles dias, muitos homens buscavam, sob um manto religioso, ganhar influência sobre outras pessoas. Eles mesmos acreditavam no engano que proclamavam. Frequentemente, seus motivos surgiam da impureza. Eles apanhavam as pessoas com astúcia, de modo que estas não percebiam a sedução.

Este é um fenômeno estranho no cristianismo ao longo dos séculos?

Acaso não acontecem estas coisas até nossos dias?

v. 4 -Mas, como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações.

“fomos aprovados de Deus”.

Um bom servo está diante de Deus.

Antes de começar seu serviço, ele é avaliado por Deus, ou seja, provado. Esta prova o torna capaz de proclamar o Evangelho na forma e atitude correta.

Todo encargo para um serviço recebemos de Deus, jamais de homens — embora Deus possa usá-los para nosso encorajamento.

Deus não prova apenas as nossas palavras e atos — isto os homens também podem — mas antes de tudo, Ele prova nosso coração. Ele conhece nosso coração, melhor do que nós mesmos (Jeremias 17:9-10).

Nenhum destes três servos era neófito⁵.

Desde a conversão de Paulo e sua introdução entre os apóstolos em Jerusalém por Barnabé (Atos 9:27), se passaram em torno de dez anos (32/33 – 42/43 d.C.).

“não como para agradar aos homens”.

Quem está diante de Deus e busca Lhe agradar, fica livre de um mal que, muitas vezes desempenha um papel tão importante entre as pessoas: complacência humana.

Afinal, que importa o que pessoas pensam de nós se estamos diante de Deus e falarmos e fazermos o que Ele deseja de nós?

vv. 5, 6 -Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha; e não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados;

“palavras lisonjeiras”.

Tais palavras podem ser impressionantes para o público e agradar seus ouvidos (comp. 2 Timóteo 4:3).

Um servo do Senhor não prega aquilo que os homens querem ouvir, nem suas próprias opiniões, mas a Palavra de Deus. Somente a Palavra de Deus pode atingir os corações e as consciências e colocá-los diante de Deus.

“pretexto de avareza”.

Paulo não proclamava o evangelho por causa do dinheiro. Embora em outro lugar ele escrevesse que os servos deviam viver do evangelho (1 Coríntios 9), ele não fez uso desse direito. Paulo e seus colaboradores poderiam ter exigido isso dos tessalonicenses, mas não o fizeram.

Paulo, enquanto podia, providenciou sua subsistência com as próprias mãos. Ele pôde até manter alguns de seus colaboradores. Seus motivos eram completamente puros a esse respeito.

“glória dos homens”.

Antes que o apóstolo conhecesse o Senhor Jesus, ele certamente não era indiferente à glória dos homens. Agora ele servia seu Mestre e buscava Sua honra, e não a sua própria.

v. 7 - Antes fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos.

Agora o apóstolo passa imediatamente a descrever o comportamento dele e dos seus colaboradores entre os recém convertidos em Tessalônica; fazendo conexão com o capítulo 1: “Quais fomos entre vós” (v. 5).

Resumiremos os pontos:

Eles eram tão ternos como uma ama no meio deles.
Eles tinham proclamado o evangelho para eles.
Eles estavam prontos para lhes participar suas próprias vidas.
Eles os amaram.
Eles trabalharam dia e noite para não lhes pesarem.
Eles foram divinos, justos e irrepreensíveis.
Eles os exortaram e consolaram como um pai a seus próprios filhos.

“como a ama que cria seus filhos”.

Agora, para ilustrar sua relação com os crentes, Paulo utiliza uma figura, pela qual lhes apresenta a ternura do seu amor.

A palavra grega para “ama” (trophos) também significa “alimentadora, nutriz”. Trata-se de uma mulher que cuida dos pequeninos e os alimenta.

Também encontramos essa atitude no Senhor Jesus quando, nos últimos dias da sua vida terrena, desejava reunir Jerusalém como uma galinha os seus pintos (Mateus 23:37).

Com prazer Ele teria tomado esta cidade sob sua proteção e afastado qualquer perigo que a ameaçasse.

v. 8 - Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias almas; porquanto nos éreis muito queridos.

Agora encontramos um exemplo desse amor maternal.

Eles não apenas pregavam entre eles, mas seu amor pelos crentes ia ao ponto de querer comunicar-lhes as suas próprias vidas — eles queriam sacrificar-se completamente para os fiéis.

Isso não nos leva a pensar imediatamente em nosso Senhor, que é o grande exemplo de entrega, e quem realmente “comunicou” a Sua própria vida na cruz?

Esta é a atitude do Bom Pastor que dá Sua vida pelas ovelhas. Paulo também foi um verdadeiro pastor.

v. 9 - Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.

Outro exemplo da conduta exemplar e consideração de Paulo e seus companheiros: eles se submeteram a grandes esforços e foram muito diligentes.

Quando não serviam com a Palavra, eles trabalhavam com as mãos de noite e de dia; isto é, “a toda hora de dia e de noite”. É claro que os apóstolos também dormiam.

Em outra passagem, é dito que Paulo orava dia e noite. Ele trabalhou não só para si mesmo, mas também para aqueles que estavam com ele (Atos 20:34).

v. 10 - Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, e justa, e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes.

Ele convocou os tessalonicenses e o próprio Deus como testemunhas de Seu ministério.

Que qualidades determinaram seu serviço para eles!

Eles se comportaram divinamente (grego hosios), o que significa: puro, santo, piedoso, em total devoção a Deus.

Eles eram justos: deram a cada um o que era devido; não havia nada em seu comportamento que pudesse ser denunciado. Eles eram irrepreensíveis: não havia nada que não estivesse em ordem ou fosse uma ofensa.

vv. 11, 12 - Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos e testemunhávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos; para que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória.

“como o pai”.

No versículo 7 Paulo usou a imagem de uma ama, que alimenta seus próprios filhos, portanto, uma mãe. Agora ele usa a imagem de um pai que exorta (grego parakaleo) ou conforta seus próprios filhos, encoraja-os (veja a nota de rodapé na exposição do versículo 3). A propósito, aqui, podemos ver as diferentes tarefas dos pais com vistas a seus filhos.

A mãe cuida e alimenta, o pai exorta, consola e testifica (instrui, educa).

“testemunhávamos”.

Um pai tem uma parte essencial na educação dos filhos, e isso porque ele “testifica”, ele ensina segundo o pensamento de Deus.

Assim, Paulo foi um bom pai: ele instruiu aos jovens crentes para que andassem dignamente⁶. Eles haviam sido chamados para o reino e glória de Deus.

“seu reino”.

É a intenção de Deus submeter tudo na terra e no céu ao Senhor Jesus (Efésios 1:10).

Então Deus terá um reino que será governado segundo os Seus princípios e por um Rei de acordo com o Seu coração. Os fiéis já agora podem reconhecer a autoridade do Senhor Jesus em sua vida pessoal e coletiva. Então, sua conduta corresponde a esse reino. Eles são chamados para, em breve, governar com Cristo (como o Soberano deste reino), como reis. Nos dias de hoje somos súditos neste reino onde, não obstante, Cristo ainda é rejeitado pelo mundo, mas em breve reinaremos com Ele.

“sua glória”.

O Senhor Jesus é o reflexo de toda a glória de Deus. Os crentes verão esta glória ao entrarem na casa do Pai (João 17:24). Mas aqui neste versículo, trata-se da glória deste reino.

Os apóstolos Pedro (2 Pedro 1:17) e João (Apocalipse 21:10-11) também escreveram a esse respeito. Pedro escreveu sobre a glória “do Rei”, João da glória da “noiva deste Rei”, a nova Jerusalém.

v. 13 - Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes.

Palavra humana x Palavra de Deus: essa foi a questão decisiva.

A mensagem, na Bíblia, é palavra humana ou palavra de Deus?

Os tessalonicenses haviam aceitado “a palavra da pregação de Deus” (isto é, o Evangelho) como a Palavra de Deus. Este é novamente um ponto que Paulo menciona constantemente em suas orações e pelo qual ele agradece a Deus (cp. 1:2). Com todas as coisas difíceis que Paulo experimentara, ainda assim ele tinha muitos motivos para agradecer a Deus.

Nós também não devemos esquecer de agradecer em nossas orações!

Para os tessalonicenses, a Palavra de Deus não era palavra de homens, embora homens a tenham escrito.

A Palavra pode realizar a sua obra abençoada naquele que considera esta Palavra como vinda de Deus. Primeiramente, por ocasião da conversão, a Palavra de Deus opera uma nova vida, e depois continua operando constantemente.

Será que por vezes nós nos fechamos à sua ação simplesmente porque não lemos a Palavra de Deus?

Os homens afirmam que o Alcorão foi “ditado do céu” e que o Livro Mórmon “caiu do céu”. A Palavra de Deus surgiu através do milagre da inspiração verbal, que não pode ser explicado (2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:21).

vv. 14, 15, 16 - Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judéia estão em Jesus Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles, os quais também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, e nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.

No capítulo 1 já vimos que os crentes em Tessalônica foram perseguidos desde o início. Em Tessalônica havia judeus; havia até uma sinagoga (Atos 17:1). Talvez fossem especialmente esses judeus que os perseguissem; talvez também fossem os pagãos residentes ali. Os tessalonicenses deveriam saber que não só eles eram perseguidos. As igrejas na Judéia também foram duramente perseguidas pelos judeus. Não era nada anormal. O Senhor Jesus preparou Seus discípulos para isso quando lhes disse:

“Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós” (João 15:20).

Essa perseguição motiva ao apóstolo Paulo a dizer algo fundamental acerca dos judeus que, mediante a rejeição do Senhor Jesus, se manifestaram como inimigos de Deus.

Ele enumera sete propriedades negativas:

Eles mataram tanto o Senhor Jesus quanto os profetas;
Eles expulsaram os apóstolos por meio da perseguição;
Eles não agradam a Deus;
Eles se opõem a todos os homens;
Eles impediram os apóstolos a falarem às nações, para que sejam salvos;
Eles encherem sempre a medida de seus pecados;
A ira de Deus caiu sobre eles.

Que balanço triste é esse! Esta descrição é tão clara que as expressões individuais não precisam ser explicadas com mais detalhes. Mas uma coisa nós queremos destacar: “nos impedem de pregar aos gentios”. Isso é algo mau. Eles eram tão convencidos, arrogantes e altivos que rejeitaram a graça que lhes foi oferecida primeiramente. Mas isso não bastou. Não podiam suportar que essa graça fosse oferecida para os pagãos caídos. Nisso eles manifestaram ser “contrários a todos os homens”, como inimigos de todos os homens.

Quão profundamente os judeus caíram! É muito sério rejeitar a graça de Deus.

Não há nada de bom para relatar deles? Não, não mais. A medida havia transbordado definitivamente. Não demoraria muito para que Deus pusesse fim à sua existência nacional (cerca de 20 anos após a carta ser escrita, Jerusalém foi destruída pelos romanos).

Paulo está longe de ser um antissemita⁷.

Mas não queremos ir ao versículo seguinte sem apontar claramente para o perigo que existe, também para nós, de sermos presunçosos e não podermos suportar que Deus abençoa aos outros mais que a nós.

vv. 17, 18 - Nós, porém, irmãos, sendo privados de vós por um momento de tempo, de vista, mas não do coração, tanto mais procuramos com grande desejo ver o vosso rosto; por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu.

Agora, o apóstolo expressa seu ardente desejo de rever os receptores da carta. Ele assegurou-lhes que a separação era apenas exterior, de vista, de modo algum interiormente, conforme o coração. Pelo menos duas vezes ele havia formado o firme propósito de visitar os tessalonicenses. Ele ansiava por eles com grande desejo. Mas havia alguém para quem isso era um espinho no olho e que procurou impedi-lo: Satanás, o adversário de Deus, do Seu servo e de Seu povo.

Então surge a questão: Satanás pode realmente interferir de forma efetiva na obra de Deus? Sim, ele pode causar muitos danos.

Mas aqui aconteceu que os empecilhos de Satanás levaram a que esta carta fosse escrita. Deus, em Sua soberania, sabe extrair coisas boas de tais “distúrbios”. Confiemos totalmente em nosso Deus!

Também não esqueçamos que Satanás só pode avançar até onde Deus permite. Disso Paulo tinha certeza. Ele descreve isso aqui de modo a mostrar as intenções de Satanás. Satanás impediu Paulo de voltar à Tessalônica. Em vez disso, Deus o levou para Corinto, onde Ele tinha um grande povo. Deus sabe usar tudo para o bem.

vv. 19, 20 - Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda? Na verdade vós sois a nossa glória e gozo.

Como os tessalonicenses podiam ser a esperança, o gozo, coroa e glória de Paulo? Isto não pode ser dito apenas do Senhor? Paulo relaciona tudo com o dia de Sua vinda.

A chave para esta declaração é a afeição do apóstolo e de seus colaboradores aos receptores da carta.

Paulo estava feliz pelos “seus filhos espirituais”. Ele podia agradecer de coração a Deus por eles. Que alegria era para ele poder ver como surgiam as características do Senhor nos tessalonicenses.

E, sobretudo, isso foi o resultado de seu ministério espiritual, educação e instrução paterna, e os cuidados maternos.

Em breve, os frutos deste trabalho seriam manifestos, a saber, quando o Senhor Jesus voltar.

Assim também termina este capítulo, com a perspectiva da vinda do nosso Senhor.

Existe coisa melhor, quando pensamos no futuro, de nos alegrarmos com vistas a esse momento?

Um grande número de fiéis servos será reunido com aqueles que vieram a crer no Senhor Jesus por meio deles. E então, todos juntos rodearão a ELE.

E se o apóstolo não pudesse mais visitar os tessalonicenses aqui na terra, ele os veria novamente na vinda do Senhor Jesus.

W.M.

¹ Grego Archon: governador, comandante, chefe, líder.

² Grego Strategos: o mais alto juiz de uma cidade.

³ Dispositivo de tortura feito de madeira, onde eram presos os pés dos encarcerados.

⁴Grego Paraclesisem. Esta palavra é um substantivo, e é encontrado 29 vezes no Novo Testamento, sendo traduzida como: consolação, exortação e conforto. Traduzido literalmente, significa “convocação, conclamação” no sentido de “chamar para ajudar, assistir”. Como verbo “parakaleo”, ocorre 109 vezes no Novo Testamento.

⁵ Recém-convertido ao cristianismo; novo cristão.

⁶ O apóstolo escreve diversas vezes acerca de um andar digno: Colossenses 1:10 “Digno do Senhor”; Efésios 4:1: “Digno da vocação”; e Filipenses 1:27: “Digno do evangelho”.

⁷ Em Romanos 9:1-5 o apóstolo escreve acerca do seu amor para com o povo judeu.

Perguntas e sugestões para elaboração

1. Qual a diferença entre “lisonjear” e “elogiar”?

2. Procure as passagens do Novo Testamento, onde somos conclamados a sermos agradecidos e expressar isso em oração.

3. O que levou os judeus a rejeitarem o Senhor Jesus como seu Messias?

Revista Leituras Cristãs

Conteúdo cristão para edificação

Artigos da edição