vv. 3, 4 - Para que ninguém se comova por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos ordenados, pois, estando ainda convosco, vos predizíamos que havíamos de ser afligidos, como sucedeu, e vós o sabeis.

Apenas uma fé firme pode guardar-nos de vacilar. Paulo sabia quão perigosas as perseguições podiam ser. Havia pouco tempo que os tessalonicenses tinham sido arrancados do domínio de Satanás. Satanás tentou trazer essas pessoas de volta com todas as suas forças.

É bom quando alguém está preparado para tais ataques. Paulo já havia apresentado isso aos crentes em Tessalônica durante sua curta estadia. Portanto, não foi uma surpresa para eles. Na verdade, tais problemas são normais para um cristão (veja Atos 14:22).

O Senhor Jesus também falou disso expressamente aos Seus discípulos (João 15:20; 16:33). As tribulações eram justamente uma prova de que estavam no caminho certo.

Você também experimenta oposição dos outros? Não desanime. Busque a comunhão com crentes, fortaleçam-se mutuamente por meio da Palavra de Deus e da oração em conjunto.

Quando podemos mostrar às pessoas o caminho da salvação mediante o Senhor Jesus, também não lhes ocultemos que seguir o Senhor Jesus pode significar rejeição e opróbrio por parte do mundo. O evangelho “aceite Jesus e você não terá problemas” não corresponde à realidade.

v. 5 - Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil.

Esta questão deixava o apóstolo muito ansioso. No versículo 1, ele ainda havia dito: “Por isso, não podendo esperar mais”. Ele incluiu os seus cooperadores — como fazia com frequência —, mas agora ele se torna muito pessoal: "Portanto, não podendo eu também esperar mais". Esperar o que? Ele queria saber em que estado se encontrava a fé deles.

"o tentador".

Há alguém na cena que sempre e em todos os lugares quer destruir a obra de Deus. Para tal, ele também encontra ferramentas dispostas em todos os momentos.

Paulo sabia dos seus ataques. Ele também conhecia as diferentes táticas. Uma vez ele tenta com perseguições; outra vez mediante ensinamentos falsos.

Ao lermos a segunda carta veremos que mais tarde, o tentador encontrou entrada entre os tessalonicenses com falsas doutrinas. Mas Paulo estava com medo de que seu trabalho, de curta duração, pudesse ter sido em vão.

Podemos entender bem por que ele estava tão ansioso por notícias.

v. 6 - Vindo, porém, agora Timóteo de vós para nós, e trazendo-nos boas novas da vossa fé e amor, e de como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como nós também a vós;

Finalmente, chegou a hora. Timóteo havia retornado de Tessalônica.

Ele veio a Corinto e contou a Paulo tudo o que ele havia testemunhado lá. Timóteo trouxe boas notícias.

Que alegria e refrigério para o apóstolo. Como ele agradeceu a Deus por isso!

"fé e amor".

Em particular, Timóteo destacou a fé dos tessalonicenses. A confiança deles em Deus era firme. E não só isso: o amor entre eles estava presente.

Isso é especialmente importante entre os recém convertidos.

Havia uma comunhão cordial entre eles.
Eles se ajudavam mutuamente.
Um se empenhava pelo outro.
O amor fortalecia a fé do outro.

E este amor não se limitava aos fiéis, não! Eles também amavam seus inimigos que os perseguiam. E então não há dúvida de que eles também tiveram um profundo amor pelo Pai e pelo Senhor Jesus.

"boa lembrança".

O tentador não só queria dissuadir os tessalonicenses do caminho da fé, mas também alienar "os filhos" de seu "pai".

Quantas vezes aconteceu que os corações dos crentes foram alienados do apóstolo por meio de boatos maldosos?

Aqui, as relações não estavam turvadas. Isso também foi uma alegria especial para o apóstolo, de modo que ele elogiou esse fato. Os tessalonicenses deviam saber o que isso significava para ele.

Os crentes desejavam rever o apóstolo e seus companheiros. E esse também foi o ardente desejo deles (comp. com cp. 2:17-18).

vv. 7, 8 - Por esta razão, irmãos, ficamos consolados acerca de vós, em toda a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé, porque agora vivemos, se estais firmes no Senhor.

Não apenas os tessalonicenses conheciam aflições e tribulações — não, Paulo e seus cooperadores também (comp. com 2 Coríntios 11). A notícia da firmeza da fé deles foi uma grande alegria para eles. O apóstolo havia enviado Timóteo a eles para serem firmados e consolados (encorajados), e agora eles mesmos foram confortados (encorajados) por essas boas notícias.

Quando o apóstolo diz "agora vivemos", não soa quase como se tivessem morrido? Sim, a tribulação e a tristeza foram muito grandes, e era a preocupação do apóstolo e seus colaboradores com os tessalonicenses. Eles literalmente reviveram.

Quão grande é a alegria de um servo do Senhor quando ele pode ver que sua obra não foi em vão: eles estavam firmes no Senhor.

vv. 9, 10 - Porque, que ação de graças poderemos dar a Deus por vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus, orando abundantemente dia e noite, para que possamos ver o vosso rosto, e supramos o que falta à vossa fé?

A informação de Timóteo provocou uma gratidão transbordante para com Deus por causa dessa alegria, e eles queriam compartilhá-la com Deus.

Não é essa a alegria mais bela que se pode expor diante de Deus?

Ao mesmo tempo, essa alegria fez crescer o anseio por rever esses jovens crentes. A partir daquele momento, eles oraram dia e noite (ou seja, a qualquer hora do dia ou de noite, sempre que pensavam neles) para que Deus lhes permitisse poder vê-los em breve. E não apenas por causa do gozo de revê-los, mas também para complementar sua fé¹ aquilo que ainda faltava. Eles queriam dar-lhes instruções adicionais para que fossem mais profundamente enraizados na verdade cristã.

v. 11 - Ora, o mesmo nosso Deus e Pai, e nosso Senhor Jesus Cristo, encaminhe a nossa viagem para vós.

Nos versículos 11 a 13, o apóstolo resume os desejos de seu coração. Estes versículos são quase uma oração.

Deus, o próprio Pai, e o Senhor Jesus deveriam preparar o caminho para que eles pudessem ver os tessalonicenses. Paulo estava ciente de que Deus, o Pai, e o Senhor Jesus, estavam plenamente unidos nos cuidados por esses crentes.

Portanto, ele colocou o desejo de revê-los em Suas mãos. Paulo não suspeitava que ainda demoraria mais ou menos de cinco a seis anos.

v. 12 - E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos, como também o fazemos para convosco;

Seu próximo desejo era que esse cordial amor entre os crentes e para com todos (os seres humanos) continuasse a aumentar. Como exemplo, o apóstolo citou a si e a seus colaboradores (cp. 2:7-12).

O Senhor devia avivar esse amor entre eles. Ele devia torná-los plenos nele, isto é, devia aumentar o amor, fazer com que crescesse, de modo que finalmente transbordasse.

Será que esse desejo do apóstolo é menos importante para nós hoje?
Não precisamos também de um amor cordial entre nós?

Vivemos em um tempo em que o termo amor está muito desgastado. Examinemo-nos em oração diante de Deus se em nós se encontra o amor de um serviço desinteressado.

Aqui certamente temos, entre outros, o ponto de partida para que haja um reavivamento entre os cristãos hoje.

Paulo amava as pessoas antes de crerem. Ele tinha um amor ardente pelos perdidos. Lembremos que Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores e inimigos de Deus (Romanos 5:6-8).

v. 13 - Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos.

Neste versículo nos deparamos com um princípio muito significativo. Portanto, analisemos mais uma vez a declaração principal dos versículos 12 e 13:

"o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor... para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade".

O princípio é: o AMOR conduz à SANTIDADE, e não ao contrário!
O amor cria uma atmosfera de associação.
Ele é o terreno fértil para a santidade².
O amor promove uma separação positiva e a devoção à Deus.
Santidade sem amor verdadeiro a Deus é farisaico.
O amor a Deus é acompanhado de uma aversão ao pecado.
A santidade cresce onde o amor está presente no meio dos irmãos.

Onde não há amor, a santidade desaparece. No lugar do amor aparecem ódio, conflito e discórdia, sim, ali se encontram todas as odiosas obras da carne, conforme enumeradas em Gálatas 5:19-21.

Na verdade, a santidade é, antes de tudo, algo pessoal, mas também é algo comum a todos. Ao associar a santidade com a vinda do Senhor junto com todos os Seus santos, o apóstolo deixa claro que ele tem em mente o ponto de vista comum.

Aqui o apóstolo considera a santidade como um processo contínuo, que é completado no momento em que o Senhor Jesus retornar. Então estaremos diante de nosso Deus e Pai e corresponderemos plenamente à Sua essência, que é LUZ e AMOR (1 João 1:5; 4:8, 16).

Aliás, a expectativa da vinda do Senhor Jesus é — e, entre outras cousas, nisso se expressa nosso amor por Ele — a real força motriz para a santidade (1 João 3:1-4).

Essa santificação é a preparação moral para Sua vinda. Aqueles que O acompanham na sua vinda, são santos.

"na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo".

O termo "vinda" aparece mais de uma vez nesta carta (cps. 2:19; 4:15; 5:23). A palavra grega é parousia, que tem vários significados: "presença, vinda, chegada, advento". Abrange uma gama mais ampla do que a palavra "vinda".

Quando uma pessoa chega, ela deve vir antes, e então ela está presente.

Trata-se, portanto, na vinda do Senhor não apenas do momento de Sua chegada, mas, antes de tudo, a Sua presença.

Nenhum de nós já viu o Senhor olho no olho, mas logo chegará o momento em que O veremos, para estarmos sempre em Sua presença.

"com todos os seus santos".

No entanto, quando Ele vier, Ele não virá sozinho, mas será acompanhado por todos os Seus santos³. O que os tessalonicenses deveriam entender dessa afirmação de que o Senhor Jesus viria com todos os Seus santos? Será que eles conheciam a passagem em Zacarias 14:5:

“Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo”?

Isso certamente devia provocar questionamentos entre eles.

O apóstolo iria abordar detalhadamente o significado disso a partir do capítulo 4:13.

É bom quando ainda temos perguntas. Quem não tem mais perguntas, não aprende mais nada.

Não é por acaso que no capítulo 4 o apóstolo mencione de antemão algumas questões importantes, a saber:

A santidade pessoal em relação à impureza moral (vv. 1-8),

O amor fraternal (vv. 9-10),

O trabalho com as próprias mãos (vv. 11-12).

Veremos mais sobre isso no capítulo 4.

W. M.

¹ A palavra grega katarizo é usada em Mateus 4:21 para "consertar" redes.

² Encontramos a palavra "santo" pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 2:3. Isso significa que a santificação foi a separação desse dia dos outros dias da criação. A santificação de uma pessoa para Deus é, portanto, em primeiro lugar, a separação para Ele; em segundo lugar, significa uma separação daquilo que é incompatível com a natureza de Deus.

³ Nos países de língua inglesa, a palavra "saints" (= santos) é comumente usada para os crentes. No Novo Testamento, ela designa indiscriminadamente todos os crentes. Aqui neste versículo, também se refere aos santos do tempo do Antigo Testamento, como ainda veremos no capítulo 4.

Perguntas e sugestões para elaboração

1. Por que o apóstolo Paulo estava tão ansioso em ter notícias dos tessalonicenses?

2. Quais são as principais características espirituais que encontramos nos tessalonicenses neste capítulo?

3. Quais pontos você pode trabalhar mais em sua vida espiritual?

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