Avivamento e Restauração - 1 Samuel 7:1-14
O capítulo sete do primeiro livro de Samuel é como uma luz ao final de um longo túnel escuro.
Esse capítulo relata a restauração do povo de Israel depois de um longo tempo de distanciamento de Deus e sob o domínio dos filisteus.
Como tudo no Antigo Testamento, também os acontecimentos da história de Israel foram escritos para a nossa instrução (Romanos 15:4). Muitas vezes eles praticamente espelham as nossas próprias ações. Em nossa vida de fé podem ocorrer períodos nos quais nos afastamos do Senhor.
Isso acontece, por exemplo, quando há pecado que ainda não foi corrigido, perturbando a nossa comunhão com o Senhor. Ou, então, se estamos tão envolvidos nas coisas da vida a ponto de nossos corações se tornarem frios. É nessas situações que precisamos de avivamento e restauração. Foi o que aconteceu com os israelitas, em 1 Samuel 7.
“Tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.” Romanos 15:4
O que tinha acontecido antes?
1 Samuel 4 relata a derrota do povo de Israel e como a Arca da Aliança foi levada ao território filisteu. Isso aconteceu pela providência de Deus, haja visto que o povo se encontrava num mau estado espiritual. A causa para isso encontramos no Salmo 78:55-64:
Por conseguinte, em 1 Samuel 7 o juízo divino atinge tanto o sacerdócio corrompido como o povo.
Deus, porém, velou por Sua Arca e julgou os filisteus de modo que, por fim, devolveram a Arca aos israelitas em Bete-Semes. Ali, de pronto, houve grande alegria pelo retorno inesperado (1 Samuel 6:13). Mas logo faltaram com a reverência e o temor que são devidos à santidade de Deus. Alguns dos Bete-Semitas olharam dentro da Arca e, como castigo, setenta homens foram feridos por Deus e morreram. Houve grande consternação entre os moradores de Bete-Semes, porém a tristeza deles era mais pelo castigo que os atingiu do que pelo pecado que havia tornado necessário esse juízo. Então, à semelhança dos filisteus, eles quiseram se livrar o mais rápido possível da Arca (1 Samuel 6:20-21). Providenciaram para que fosse levada para Quiriate-Jearim; e ali a Arca permaneceu por longo tempo na casa de Abinadabe.
O caminho para a restauração: reconhecer as faltas
Israel se lamenta pelo Senhor (v. 2)
Passaram-se vinte anos antes que Deus pudesse operar no coração dos israelitas duas coisas importantes, a saber:
Eles reconheceram seu triste estado sob o domínio dos filisteus, e lamentaram sobre isso. Todo Israel se moveu, não apenas alguns dentre eles. Samuel, então, reaparece imediatamente e se dirige a “toda a casa de Israel” (v. 3). A última vez que isto tinha acontecido foi no capítulo 4:1.
Mas Samuel percebeu que agora era hora de agir. Ele certamente não tinha ficado inativo nesses últimos vinte anos, mesmo que nada seja relatado acerca dele.
Podemos supor que durante esse tempo ele tenha orado encarecidamente pelo povo.
A oração intensa muitas vezes é o ponto de partida para o reconhecimento da culpa; o que, por sua vez, abre o caminho para uma autêntica restauração.
O caminho para a restauração: uma nova orientação do coração
Samuel fala a todo o povo (v. 3)
Samuel apresenta aos israelitas os pensamentos de Deus. Primeiramente ele se dirige ao coração do povo:
“Se com todo o vosso coração vos converterdes ao Senhor…”.
Então, ele os conclama para agir:
“tirai dentre vós os deuses estranhos e os astarotes”.
A isso se segue mais um apelo ao coração:
“…e preparai o vosso coração ao Senhor”,
seguido por mais uma conclamação para agir:
“…e servi a ele só”.
Assim, Samuel como profeta, apontou para importantes características que devem necessariamente acompanhar uma conversão genuína e duradoura:
O caminho para a restauração: separação do mal
O efeito das palavras de Samuel (v. 4)
O apelo de Samuel rendeu frutos.
Os israelitas vinham servindo os ídolos há muito tempo (comp. Gênesis 35:2 e Josué 24:14,23). Mas agora, sob Samuel, o último dos juízes, Deus opera algo que provavelmente nunca se manifestou de forma tão nítida sob os juízes anteriores:
“Então os filhos de Israel tiraram dentre si aos baalins e aos astarotes, e serviram só ao Senhor” (v. 4).
As palavras de Samuel alcançaram os corações e as consciências deles, e foram observadas à risca.
O caminho para a restauração: intercessão intensiva
Samuel reúne Israel em Mizpá (v. 5)
A seguir, Samuel convoca todo o povo para se reunir em Mizpá. Foi ali, naquela região, que a servidão sob os filisteus tinha começado (comp. 1 Samuel 4:1 e 7:12). Agora, eles retornaram para lá.
Esta é mais uma característica de uma restauração genuína: é necessário voltar ao ponto de partida, ali onde começou o desvio.
“Orarei por vós ao Senhor.” 1 Samuel 7:5
Mizpá significa “torre de vigia” — um nome significativo neste contexto. Se quisermos ser preservados de nos desviar (outra vez) do Senhor, precisamos ser vigilantes. Se não formos, Satanás pode facilmente nos prejudicar; seja individualmente ou de forma coletiva, como povo de Deus.
Em Mileto, quando Paulo advertiu os anciãos da igreja em Éfeso acerca dos perigos externos e internos, ele os exortou a “vigiar” (comp. Atos 20:28-31).
É por esta razão que devemos nos posicionar na “torre de vigia”, em estado de alerta, para reagirmos corretamente aos ataques do inimigo.
Em Mizpá, Samuel iria interceder junto ao Senhor pelo povo. Assim ele acompanhou a restauração do povo com as suas orações.
O caminho para a restauração: humilhação e confissão da culpa
Os eventos em Mizpá (v. 6)
O povo atendeu o chamado de Samuel e se apresentou em Mizpá. Ali fizeram três coisas:
Após a restauração:
o inimigo se torna ativo
A ação do inimigo e a ajuda do Senhor (vv. 7-11)
Um avivamento e uma restauração na vida dos filhos de Deus nunca agrada ao inimigo e suscita imediatamente sua oposição. Aqui também foi assim. Tão logo os filisteus ouviram falar que os israelitas se congregaram em Mizpá, eles subiram contra Israel. Já houve uma situação parecida no capítulo 4 — porém desta vez o povo reagiu de modo bem diferente.
Sua humilhação diante de Deus trouxe frutos: eles haviam reconhecido que em si mesmos não tinham força alguma e que dependiam totalmente do Senhor, ao qual voltam a chamar de “nosso Deus”. O Senhor se agrada desta atitude, e sempre há de honrar os que procedem dessa forma.
E jejuaram aquele dia, e disseram ali:
“Pecamos contra o Senhor.” 1 Samuel 7:6
O povo pede para Samuel clamar por salvação. A sua reação é notável: ele não proferiu um discurso de encorajamento, nem clamou imediatamente ao Senhor. Ele “tomou... um cordeiro de mama, e sacrificou-o inteiro em holocausto ao Senhor” (v. 9). Samuel sabia que o povo de Deus só poderia se aproximar dEle mediante um sacrifício. Ele também sabia que o povo só poderia ser restaurado com base em um sacrifício. O que aconteceu foi muito bonito: em Sua misericórdia, Deus aceitou o sacrifício e o povo, tão fraco! De maneira maravilhosa Deus encaminhou as coisas para que os filisteus fossem derrotados diante de Israel.
Após a restauração: a ajuda de Deus e a lembrança disso
Ebenézer (v. 12)
Samuel não se esquece de agradecer a ajuda experimentada: ele levanta uma pedra memorial que devia lembrá-los da bondade do Senhor e de Sua ajuda. Esta pedra recebeu um belo nome: “Ebenézer”, que significa: “pedra de ajuda”. Estava ali para recordar o povo que Deus interveio em graça, embora eles tivessem passado muitos anos indiferentes a Deus.
É importante não esquecer de dar as graças quando o Senhor nos restaura novamente, após uma fase de indiferença ou distanciamento dEle.
“Até aqui nos ajudou o Senhor.” 1 Samuel 7:12
Após a restauração:
Deus dá novas vitórias
Os resultados do arrependimento (vv. 13-14)
Os versículos 13 e 14 descrevem os resultados da restauração do povo. As consequências de uma conversão genuína ainda hoje podem ser experimentadas:
Deus conceda que aprendamos da conduta dos israelitas e do ministério de Samuel, para proveito da nossa vida de fé, tanto individual quanto coletiva!
S. U.
Resumindo:
Este episódio da antiguidade nos mostra alguns pontos importantes que devem caracterizar uma restauração e um avivamento agradável a Deus:
Sugestão de Leitura: Meditando dia a dia no Antigo Testamento - Jean Koechlin