“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tiago 1:2-8).

Existem problemas e decepções de muitas formas. Há problemas grandes, como a dolorosa morte de um amigo ou o infeliz rompimento de um relacionamento amoroso. Há problemas médios, como o cancelamento de uma viajem de férias. E há pequenos, como pegar uma fila comprida, ou a perda de um molho de chaves, ou o esquecimento do guarda-chuva em um dia de chuva.

Será que a Bíblia tem algo a dizer a respeito dessas provas ou adversidades? Ah, sim! Uma das passagens, para tal, está no primeiro capítulo da carta de Tiago. Vejamos o que este trecho nos tem a dizer acerca dos problemas.

A primeira coisa que aprendemos é: Um cristão certamente deveria contar com tais problemas. No versículo 2 diz: “quando cairdes em várias tentações”. Um cristão é confrontado com as decepções da vida como qualquer outra pessoa.

No entanto, há uma diferença entre os problemas e decepções de um crente, e as frustrações e medos de um descrente. Um cristão pode enfrentar os desafios da vida com alegria – sim, isso mesmo!

No versículo 2 nos é dito: “tende grande gozo” ou “considerai puro gozo” quando o mundo ao nosso redor ameaça ruir. Deus não espera de nós que exclamemos cheios de alegria “Louvado seja o Senhor”, quando estamos sendo internados em um hospital por causa de um acidente de carro ou, ao candidatarmo-nos a um emprego, recebemos uma resposta negativa.

Não, podemos considerar isso como “grande (puro) gozo” (v. 3), porque sabemos que Deus tem um objetivo determinado com cada problema que Ele permite que enfrentemos.

Nada acontece por acaso, nada surpreende a Deus. Ele sempre é senhor de nossa situação. No entanto, por meio da interação de muitos fatores diferentes, Ele permite que certos problemas interfiram em nossas vidas – problemas intencionais!

Na Bíblia é citado um bom número de propósitos que Deus tem em conexão com as tentações e tribulações da vida. Os versículos 3 e 4 do nosso capítulo contém dois destes propósitos.

Primeiramente, é Sua intenção de colocar a nossa fé à prova. Deus prova nossa fé!

Quanto a minha fé é pura e genuína?

Ela desaparece sob a pressão dos acontecimentos?

Permaneço tranquilo ao receber de repente a notícia chocante, de que estou com câncer em estado terminal?

Me humilho sob a soberana mão de Deus, ou fecho o punho em amarga rebelião contra o meu Criador?

De 1 Pedro 1:7 sabemos, que a prova de nossa fé é mais preciosa que a do ouro, que é provado pelo fogo. Deus usa o “calor” para purificar a nossa fé como um material valioso que é refinado em um cadinho.

Quando é aplicado calor, as impurezas se queimam e resta o metal puro. Só então a face do fundidor pode se refletir sobre a superfície do metal. A imagem do Fundidor pode ser vista em sua vida (ver também Salmo 66:10 e 2 Coríntios 4:11)?

Outro objetivo, em vista dos problemas e decepções da vida, é mencionado em Tiago 1:3-4. Nossa fé não só é testada e refinada – ela também é fortalecida. Este é o significado das expressões “opera a paciência” e “para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma”.

Deus não deseja ter filhos “de massa de modelar” em Sua família. Ele quer que sejamos filhos e filhas, fortes, maduros, equilibrados, ajustados e que podem suportar pressão. Sem os problemas em nossa vida, não se produziria a perseverança. Doenças, sofrimentos e aflições podem fortalecer a nossa confiança no Senhor. As nuvens escuras trazem a chuva que é necessária para se tornar mais forte. A chuva da primavera faz reverdecer e florescer a natureza. Esse princípio Deus usa tanto na vida espiritual de Seus filhos bem como na vida física de Sua criação.

A expressão “tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita” significa que não devemos nos rebelar contra os propósitos de Deus com vistas a nossa vida. Como já dissemos, uma experiência dura pode causar em você uma revolta e uma crítica amarga a Deus. Mas ela também pode fazer de você um crente mais forte e mais maduro que confia em Deus. Tudo depende se você cede e se submete, e permite que Deus execute Sua intenção, a “obra perfeita”, ou não.

O versículo 5 contém tanto uma promessa como um encorajamento. No contexto desta passagem, isso significa que — quando você precisa de sabedoria no que diz respeito à questão do por que Deus permitiu certos problemas em sua vida — pode pedir a Ele, Ele irá responder-lhe.

Você deseja compreender uma tragédia particular ou uma decepção em sua vida? Não se preocupe com isso. Se você pedir com fé (v. 6), Deus lhe mostrará o lado oculto da questão. Possivelmente Ele não nos dará razões explícitas para os eventos (na maioria das vezes são muito difíceis, para que os possamos entender - veja Isaías 55:9), mas Ele quer nos dar discernimento espiritual e sabedoria em relação do que está acontecendo. E o nosso Pai celestial nunca vai nos dar uma repreensão, se pedirmos a Ele por essa sabedoria. Ele “dá liberalmente e o não lança em rosto”. Quão encorajadora é essa promessa!

Infelizmente, muitas vezes nos parecemos com o homem que é descrito nos versículos 6 a 8. Não estamos dispostos a esperar pacientemente, cheios de fé confiando na resposta do Senhor. Nós oscilamos e retrocedemos, reclamamos e choramos e exigimos como crianças impertinentes, e não como filhos e filhas que estão amadurecendo. Então não precisamos nos surpreender nem contar com receber a sabedoria do Senhor.

Problemas e decepções na vida de um cristão não ocorrem por acaso. Embora o provérbio “Nossas dificuldades são as oportunidades de Deus” pode parecer desgastado, ele ainda atinge o cerne da questão. É outra maneira de expressar o título do artigo: “Problemas intencionais”.

D. R. R.

Sugestão de Leitura: Como Conhecer a Vontade do Pai - J. N. D.